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Texto: ReB Team
Fotografia: Tiago Pinheira
Publicado a: 13/10/2023

11 titular.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Edgar Valente & Luizga, Bad Bunny, MIKE, Sara Correia ou Djonga

Texto: ReB Team
Fotografia: Tiago Pinheira
Publicado a: 13/10/2023

Nada melhor do que ir a jogo com 11 em campo, ainda para mais se todos eles tiverem características dignas de titulares indiscutíveis. Depois de termos dado as boas-vindas ao mais recente LP de Conjunto Corona através de uma entrevista, compilamos por aqui mais uma serie de edições protagonizadas hoje e que merecem ser tidas em conta para manter em rotação nos dias que se seguem.

Quem tem por hábito reclamar que “não vale bojardas”, pode sempre espreitar as jogadas discográficas que passaram por nós de forma mais discreta: Rodrigo Leão (Piano Para Piano), Kumpania Algazarra (Histórias e Raízes), Júlio Resende (Fado Jazz – Filhos da Revolução), COBRAH (SUCCUBUS), BIGBABYGUCCI (When You Wake Up),Jay Worthy, Kamaiyah & Harry Fraud (The Am3rican Dream), Astral Swans & Chad VanGaalen (Split EP), The Drums (Jonny), Hyperdawn (Hyperdawn), Hunxho (For Her), Ken Carson (A Great Chaos), Voice Actor (Fake Sleep), Offset (Set It Off), Ceci Bastida (Every Thing Taken Away), Paul Wall & Termanology (Start Finish Repeat), TOBi (Panic), Sleep Sinatra (Sleep Studies), Helena Deland (Goodnight Summerland), Laura Misch (Sample the Sky) e June Freedom (7 SEAS) também meteram esféricos a rolar pelas plataformas de streaming.


[Edgar Valente & Luizga] AIÊ

As pontes entre países e culturas importam, ainda para mais quando estes têm uma ligação histórica tão forte, como Portugal e Brasil. E se esses cruzamentos forem o mais honestos possível, sem a pressão de gerar objectos artísticos com a urgência do sucesso comercial, a magia facilmente acontece. Dos batuques que invocam os espíritos em giras de umbanda aos adufes usados nas romarias católicas, há todo um universo pelo meio que agora reside sob o tecto de AIÊ, o álbum que promoveu o encontro em estúdio entre Edgar Valente e Luizga, perfeito para serenar os espíritos mais ansiosos que ligam à superstição de sexta-feira 13.


[Bad Bunny] nadie sabe lo que va a pasar mañana

Mentiu-nos e mentiu-nos bem. Mas é impossível guardar mágoa por quem nos engana desta forma. Há um par de semanas, Bad Bunny tinha lançado “UN PREVIEW” e avisado que só voltaria a mostrar música nova em 2024, apanhando-nos totalmente desprevenidos quando, há dias, anunciou o sucessor de Un Verano Sin Ti. nadie sabe lo que va a pasar mañana é mais uma obra de arte que presta homenagem às culturas sonoras latinas dentro da esfera urbana, aqui com o trap em especial evidência. Generoso como quase sempre o é, o astro porto-riquenho junta umas valentes 22 faixas num trabalho que certamente fará escorrer tinta e o voltará a catapultar para posições de destaque dentro das tabelas de vendas musicais um pouco por todo o mundo.


[MIKE] Burning Desire

Wiki, seu colega no recentemente editado Faith Is A Rock, não perdeu tempo a partir para um novo projecto, do qual já revelou dois dos seus temas. MIKE foi ainda mais ambicioso e lançou mesmo um álbum inteiro numa altura em que não passou sequer um mês desde que os dois MCs contracenaram sobre batidas de The Alchemist. O título pode explicar muita coisa: Michael Jordan Bonema tem esse Burning Desire de continuar a empurrar a sua carreira para a frente e adicionou mais de duas dezenas de músicas ao seu repertório, que será devidamente actualizado para o seu recém-anunciado regresso a Portugal, dias 28 (Lisboa) e 29 (Braga) de Fevereiro de 2024.


[Sara Correia] Liberdade

Sara Correia presta uma homenagem à Liberdade com um novo disco onde se reinventa enquanto “fadista”, termo que será sempre redutor para quem ousa pular a cerca e desbravar novos terrenos dentro daquilo que é o cancioneiro tradicional português. Apesar de conter também vários momentos mais ligados à raiz do fado, o terceiro álbum da cantora deixa ainda mais vincados os traços que a unem a fenómenos como a pop e o hip hop e mostra-nos uma Sara Correia muito atenta àquilo que tem sido o percurso evolutivo do nosso espectro sonoro urbano. “Chelas”, uma das composições mais sonantes deste ano para a esfera musical nacional, figura entre as 13 faixas que aqui se encontram.


[Djonga] Inocente “Demotape”

Ao longo de um percurso que dura já há mais de uma década, Djonga habituou-nos ao confronto através da lírica, usando a força da rima para ferir as estruturas que têm feito do seu Brasil um país injusto do ponto-de-vista social e económico. O rapper mostra agora uma outra faceta do seu “eu” artístico com esta Inocente “Demotape”, um conjunto de 8 trilhas sonoras mais “leves”, nas quais se exibe mais descontraído e aborda assuntos como amor e sacanagem. Na capa desta obra, Djonga recria a pose de Minnie Riperton em Perfect Angel.


[Conferência Inferno] Pós-Esmeralda

Ao segundo LP, Conferência Inferno dançam e brindam ao fim do mundo numa espiral descendente percorrida ao som da new wave. Entre as desenfreadas teclas e sintetizadores de José Silva e Raul Mendiratta, escutamos as letras combativas e súplicas por parte de Francisco Lima, numa edição que foi selada pela Lovers & Lollipops. Com 8 faixas e pouco mais de 40 minutos de duração, este Pós-Esmeralda partirá dentro de breve para os palcos, com a banda portuense a ter, para já, datas marcadas para Lisboa, Leiria, Porto e Aveiro entre este mês e o próximo.


[Westside Gunn] And Then You Pray for Me

Tem um sabor agridoce a chegada deste And Then You Pray for Me. Segundo anunciou numa entrevista, Westside Gunn despede-se do formato de álbum neste seu novo projecto, mas não sem manter a fasquia bem lá no alto no derradeiro esforço para esculpir uma obra conceptualmente coesa e minuciosamente limada. Os beats sujos e as rimas que afrontam qualquer oponente fazem o principal motor da Griselda Records carburar com intensidade ao longo de 75 minutos, nos quais raramente surge completamente a solo — Conway The Machine, Benny The Butcher, Rick Ross, Giggs, Denzel Curry, Boldy James ou JID são apenas alguns dos muitos e ilustres rappers convocados a deixar também a sua marca neste longa-duração.


[Jamila Woods] Water Made Us

O r&b e a neo-soul de cunho pessoal estão a salvo na voz de Jamila Woods. Descendente de uma linhagem que teve “rainhas” como Erykah Badu ou Lauryn Hill, a cantautora de Chicago parece estar pronta para também ela liderar um reinado dentro desta estética, apresentando-se no auge da sua forma neste novo Water Made Us, LP que sai com a chancela da Jagjaguwar. Saba, duendita e Petter CottonTale são os únicos convidados nesta eclética mescla sonora, que tanto assume formas de balada despida como de electrónica mais dançável.


[Goat] Medicine

Já dá para saber com o que contar na dupla passagem de Goat por Portugal. A banda sueca acaba de editar Medicine, o disco que estará na ordem do dia para os concertos de hoje (no Hard Club, Porto) e de amanhã (no Lisboa ao Vivo). O psicadelismo continua a ser um forte argumento para nos amarrar à mais recente entrada na discografia deste conjunto, que no sucessor de Oh Death se mostra ainda mais ligado às cadências mais assombrosas da folk.


[Gotts Street Park] On The Inside

Será sempre um dia bom quando algum tomo ligado à efervescente cena jazz e soul britânica vem à tona e fica ao alcance de todos. No caso deste On The Inside, a coisa torna-se ainda mais especial, dado que se trata do álbum de estreia de Gotts Street Park, trio de Leeds composto por Josh Crocker, Adam Nicolle e Joe Harris que, nos bastidores, tem vindo a trabalhar com alguns nomes sonantes da indústria musical. Com 12 composições leves que entram facilmente em qualquer ouvido, a banda passeia-se por trilhas exclusivamente instrumentais e outras adornadas com as vozes de alguns convidados, como Pip Millett ou ENNY.


[L’Rain] I Killed Your Dog

Começa com um “Sincerity Commercial” e vem taggado no Bandcamp como sendo assumidamente um disco “soulful”, “experimental” e “not jazz”. Não sabemos muito bem até onde esta cosmonauta do r&b consegue ir, mas os seus statements ajudam-nos a situar por entre a surreal viagem que este I Killed Your Dog promove. Ao terceiro longa-duração, L’Rain vai da penumbra a um registo mais humorístico ao longo de 16 pistas, com vários skits pelo meio, que não chegam a bater os 36 minutos de duração. Mas por mais curta que seja a estadia neste cenário tão macabro quanto jocoso, este é um daqueles trabalhos que vale a pena absorver ao máximo, pois está repleto de camadas e apontamentos que apenas estão ao alcance das mentes criativas mais iluminadas.

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