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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Shervin Lainez
Publicado a: 12/08/2022

Rap no poder.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de Danger Mouse & Black Thought, Royce Da 5’9″, Megan Thee Stallion ou Destroy Lonely

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Shervin Lainez
Publicado a: 12/08/2022

O rap continua a impor a sua força: seja pelo peso do nome, do legado, da palavra, da influência, ou dos 808s, cada um usa as suas armas, com mais ou menos engenho, para abrir as portas que precisa. Mas nem só de rap e força se partem quatro paredes. E é pelas janelas mais improváveis que as melhores surpresas entram a gosto…



[Danger Mouse & Black Thought] Cheat Codes

O single com Joey Bada$$, Russ e Dylan Cartlidge, revelado no início de Julho, deixou água na boca para o que viria a ser uma nova parceria entre produtor e rapper — inaugurada já em Maio, com “No Gold Teeth”. Cheat Codes chega em Agosto e, como se as credenciais de Black Thought não bastassem, há uma série de mestres da rima a figurar neste alinhamento, desde Raekwon a Conway The Machine. E há, ainda, uma deslumbrante participação do malogrado MF DOOM, com quem Danger Mouse editou, em 2005, o célebre THE MOUSE & THE MASK. Grandeza de uma ponta à outra.



[Royce Da 5’9’’] The Heaven Experience, Vol. 1

De anfitrião a convidado, Black Thought é um dos nomes que dão entrada em The Heaven Experience, Vol. 1. No sucessor de The Allegory, Royce Da 5’9’’ conta com mais uns quantos MCs experimentados, tais como Rick Ross, Pusha T, Big K.R.I.T., ou o conterrâneo Eminem. Não é das melhores experiências do rapper de Detroit, mas a repescagem de um clássico como “Hip-Hop” representa, através de um sample icónico, o que de melhor se faz no dito-cujo.



[Megan Thee Stallion] Traumazine

A força que, nos últimos anos, rappers como Cardi B e Nicki Minaj impuseram num meio predominantemente masculino (e muitas vezes misógino) abriu espaço a estrelas ainda mais irreverentes, como Megan Thee Stallion. Depois de conquistar meio mundo, na crista da onda de redes sociais como o TikTok, Megan volta agora aos discos com Traumazine, quase meio ano depois de dar a provar, com a irresistível Dua Lipa, a maior fatia desta “Sweetest Pie” — que aqui, como melhor parte que é, ficou para o fim.



[Destroy Lonely] NO STYLIST

No mesmo radar que capta as ondas sonoras de Playboi Carti, sintoniza-se a frequência de Destroy Lonely, que representa a estética mais “SoundCloudada” de Atlanta. É nada mais, nada menos que isso que se encontra em NO STYLIST — e que enche as medidas a quem tem por eleição esse estilo.



[Hudson Mohawke] Cry Sugar

A entrada triunfal que “Ingle Nook” oferece a Cry Sugar explica muito do que Kanye West viu em Hudson Mohawke quando o recrutou para a feitura de obras como Yeezus e The Life Of Pablo. E, realmente, a produção do escocês tem tanto de caótica como de açucarada. Não admira, por isso, que tenha imaginação suficiente para ter já reinventado temas assinados por gente como os Disclosure ou DJ Shadow. É essa paleta de cores e sabores que fica na ponta da língua ao provar Cry Sugar. Uma explosão sonora de chorar por mais.



[Panda Bear & Sonic Boom] Reset

Há qualquer coisa na dupla formada por Panda Bear e Sonic Boom que evoca, ainda que num imaginário paralelo, o duo Simon & Garfunkel. Não são as composições, isso é certo. Essas, nos primeiros, partem sobretudo da produção electrónica, por oposição às guitarras despidas de Paul. Desta reinvenção do indie rock também vai uma grande distância para o folk mais contemplativo. Mas é na voz e no pulso que Reset abre brechas na história e apaga as noções de tempo. Música que sai hoje, feita com um pé no amanhã, e que soa como se existisse desde sempre. 

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