Pela primeira vez desde que começou o ano, esta selecção semanal não contém nenhum daqueles nomes que lideram trends e fazem críticos e jornalistas perderem horas e horas em textos e tweets, mas não se enganem: há aqui muito valor e matéria para discussão.
[Che Noir] Food For Thought
Se vamos falar dos melhores do underground na actualidade, a conversa tem de passar por Che Noir. A rapper e produtora nova-iorquina acaba de lançar Food For Thought, um álbum composto por 12 temas que, tal como auto-explica o título, é para ouvir com a máxima atenção. Metade das faixas no disco são produzidas por si e Armani Caesar, Ransom, Rome Streetz, 38 Spesh ou 7xvethegenius são a sua equipa de elite no auxílio nas rimas. Comida da boa, isso é garantido.
[Club Makumba] Club Makumba
Tó Trips (guitarra), João Doce (bateria e percussões), Gonçalo Prazeres (saxofone) e Gonçalo Leonardo (contrabaixo e baixo) formam este Club Makumba, que nos é apresentado como um “exercício livre, espontâneo, experimental e tribalista” ou, também, “uma viagem pelas sonoridades do Mediterrâneo e pela África imaginada, para uma música sem preconceitos e sem fronteiras”. Acreditem que vale a pena.
[PT Musik] El Mundo Oscuro
O primeiro lançamento de 2022 da naivety é assinado por PT Musik, produtor que conhecemos em 2019 com Carregando a Vida Atrás das Costas, projecto editado pela Príncipe quando ainda assinava como Puto Tito. Em 2021, Não Sou Perfeito marcou a sua mudança de nome artístico; em El Mundo Oscuro, a batida surge imponente, principalmente em “No Fim da Noite” e “Carbono”, deixando as explorações mais experimentais e ambientais para “”Other”.
[gonsalocomc, Herege, DoisPês] Vigairada
Um trio muito promissor aparece em conjunto nesta Vigairada: gonsalocomc teve um dos projectos de 2021 para a equipa do Rimas e Batidas no esforço colaborativo com Wugori, Herege foi destacado duas vezes nas dicas da semana de Paulo Pena — e DoisPês por lá apareceu uma vez, mas já andamos de olho na sua beatologia há algum tempo. 12 instrumentais, todos esculpidos de forma individual, a garantir-nos que há uma nova e vibrante geração de beatmakers portugueses à espera de dar o salto definitivo.
[YoungBoy Never Broke Again] Colors
“WUSYANAME”, quarta faixa do último álbum de Tyler, The Creator, ainda não nos saiu na cabeça, muito por culpa do verso absolutamente surpreendente de YoungBoy Never Broke Again, que se aventurava, de uma maneira que desconhecíamos, em terrenos mais soulful. Em Colors, a sua nova mixtape, volta aos terrenos mais trappish e explora todas as elasticidades que lhe são permitidas.
[Elujay] Circmvnt
Chegámos a Elujay por uma via chamada serpentwithfeet, que entra em “Luvaroq”, mas ficámos para ouvir tudo. Mais Steve Lacy do que Daniel Caesar, este jovem artista de Oakland rodeia os terrenos do r&b e do neo-soul com um pendor dançável — e dá para fazê-lo de maneira lenta ou rápida, dependendo da faixa que escolherem. Os românticos vão adorar…