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Texto: ReB Team
Fotografia: Kai Regan
Publicado a: 17/11/2023

Da flauta às batidas.

Sexta-feira farta: novos trabalhos de André 3000, Danny Brown, ela li, Tia Maria Produções ou H31R

Texto: ReB Team
Fotografia: Kai Regan
Publicado a: 17/11/2023

Uns perdem a “pica” para rimar, outros continuam a fazê-lo com o mesmo afinco de sempre. E não há mal nenhum nisso. O que importa é que as mentes mais criativas do planeta se sintam livres o suficiente para expressar a sua imaginação através do tipo de arte que bem entenderem. Embora num formato diferente, a estreia de André 3000 a solo não deixa de ser o principal assunto do dia, mas há mais 6 lançamentos em destaque por cá neste final de mais uma semana.

Não temos spoilers para tudo, mas recomendações adicionais é coisa que nunca nos falta: Bicho Carpinteiro (BICHO CARPINTEIRO), 2 Chainz & Lil Wayne (Welcome 2 Collegrove), Real Bad Man & YUNGMORPHEUS (The Chalice & The Blade), lojii & Alexander Spit ($TARTER_PACK), Drake (For All The Dogs Scary Hours Edition), Fredwave (GOODNIGHT June), Thandi Ntuli & Carlos Niño (Rainbow Revisited), Grone (Maior Que O Amor, Só O Ódio), Noam Wiesenber (NeoNomadic), Aitch (Lost Files), Ali Sethi & Nicolas Jaar (Intiha), Ozuna (Cosmo), DJ Manny (Hypnotized), Rainy Miller & Space Afrika (A Grisaille Wedding), E-40 (Rule of Thumb: Rule 1) e Russ Millions (FREEDOM) também assinaram novos projectos hoje.


[André 3000] New Blue Sun

Conseguir sair da zona de conforto é sempre motivo de aplausos. Então se for para seguir um caminho completamente oposto ao que se trilhou antes, certamente merece que a ovação seja feita de pé. Contra todas as ideias de um futuro artístico que lhe poderíamos perspectivar, André 3000 deixou de usar a respiração para veicular palavras, mas sim para fazer sair notas de uma panóplia de flautas que assume enquanto músico em nome próprio no seu primeiro LP, New Blue Sun. Com Carlos Niño ao seu lado na produção — e o português Bráulio Amado metido ao barulho, já que assina a capa que cobre a prensagem do disco em vinil —, a estrela de Atlanta que brilhou nos Outkast virou-se para o lado mais livre e espiritual que o jazz permite percorrer. Novamente, porque nunca será de mais celebrar a ousadia: palmas para este Senhor.


[Danny Brown] Quaranta

Se André 3000 teve dificuldades em ver-se a fazer rap de forma consistente aos 40, Danny Brown encontrou nisso um motivo para carregar ainda mais no acelerador. Depois de ter virado o nerd rap game do avesso ao lado de JPEGMAFIA em SCARING THE HOES, chega agora ao segundo projecto do ano, Quaranta, desta vez a solo e a assumir um tom mais introspectivo, dissecando as vitórias e dissabores pelos quais passou pela vida. E quem leva a mão ao peito desta maneira tão fora-da-caixa, à boleia de instrumentais assinados por gente como Sven Wunder, Paul White, Samiyam, Kassa Overall, The Alchemist ou até do português Holly, merece o que? Palmas também, claro.


[ela li] Choradeira

Levar a vida numa Choradeira não tem mal nenhum quando se sabe dançar ao ritmo da sua própria dor. ela li conquistou-nos de imediato com o tema-título do LP que hoje edita, ao ponto de motivar uma estreia do mesmo por entre estas páginas, juntamente com uma breve conversa com a cantora, compositora e cineasta lisboeta. Se a pop portuguesa atravessa o seu momento mais inventivo de sempre, ela li dá-lhe uma nova injecção de cores para que não nos esqueçamos da importância que tem a pluralidade de sonora da nossa música. Daqui a uma semana, a 24 de Novembro, podemos juntar-nos ao seu baile em torno de Choradeira que está marcado para o Super Bock Em Stock’23.


[Tia Maria Produções] São Dicas

É impossível falar da batida e Lisboa sem nos lembrarmos de Tia Maria Produções, colectivo que tem na sua actual formação Puto Márcio, Bboy, Poco, Danifox e Lycox e que, ao longo dos últimos 10 anos, ajudou a cimentar o catálogo da Principe Discos através de três edições. O quinteto reuniu-se hoje num novo lançamento, São Dicas, que marca uma aventura discográfica enquanto artistas independentes. Com ou sem estruturas na back, o calor das suas batidas não sofre quaisquer alterações, conforme podemos comprovar através dos 6 ritmos quebrados compilados neste EP.


[H31R] HeadSpace

Quando JWords e maassai se juntam, está armada a confusão sonora. Enquanto H31R, a dupla tem vindo a demonstrar que tem no seu baralho trunfos suficientes para mudar as regras do jogo do hip hop e da electrónica. Em HeadSpace, o seu segundo álbum, vão poder encontrar rap e r&b mutantes e todo tipo de manifestações mais vanguardistas provenientes da produção musical nos domínios do digital, com experimentações em torno de linguagens como as do footwork ou do jersey club. Quem se quis aliar a este tipo de registo foi a Big Dada, subsidiária da Ninja Tune tratou da edição do sucessor de ve·loc·i·ty.


[Blockhead] The Aux

Não é propriamente o mais afamado dos beatmakers, mas tem estatuto suficiente para ser um daqueles casos de “produtor favorito do teu produtor favorito”. Blockhead leva mais de duas décadas de actividade no hip hop e alinhou sempre do lado menos óbvio da cultura, trabalhando de perto com alguns dos MCs mais desconcertantes do panorama. Alguns deles, como Armand Hammer, Open Mike Eagle e Aesop Rock, voltam a ser servidos por instrumentais seus neste novo The Aux, aos quais se juntam ainda outros esgrimistas da palavra mais emergentes, como são os casos de Navy Blue e AKAI Solo.


[Kulpado] B O D E

Breve Odisseia De um Estranho abrevia-se para B O D E naquele que é o primeiro EP do veterano Kulpado, rapper de Almada que fez escola na dupla M.A.C. ao lado te TNT. Numa estreia a solo que peca por tardia, ganha pontos por fintar a tomada de decisão que parece ser obrigatória nos dias de hoje: boom bap, trap ou drill? Nada disso. É mesmo a recuperar as cadências do grime para o presente que Kulpado espalha o seu veneno, com DJ Player em evidência pela concepção dos cinco beats que tingem este novo lançamento da Mano a Mano.

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