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Publicado a: 04/09/2018

Sensei D. sobre The Lost MPC Archives: “Quis fazer algo que reflectisse também as outras vertentes do hip hop”

Publicado a: 04/09/2018

[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados

Sensei D. acaba de lançar The Lost MPC Archives. No regresso ao formato beat tape, o produtor conta com as colaborações dos DJs Nel’Assassin, X-Acto, Slimcutz, Kronic e Maddruga e uma capa assinada por TRAUMA.

Vivificat está perto de celebrar o seu segundo aniversário. Naquele que foi o seu mais ambicioso projecto até à data, o produtor afirmou-se por completo no panorama nacional, caso existissem ainda dúvidas sobre a perícia com que manuseia os pads e knobs da mítica MPC 2000XL. Fuse, Beware Jack, NERVE, Valas, João Tamura ou Karlon foram as vozes que responderam ao convite de Sensei D..

Desta vez, David Alves vem “sozinho” — sem palavras, diga-se. Em The Lost MPC Archives celebra-se o produtor como um artista a solo, capaz de viver sem a necessidade de um frontman ao microfone — os DJs Nel’Assassin, X-Acto, Slimcutz, Kronic e Maddruga são os seus convidados neste disco. Algo que “foi propositado”, revelou o produtor ao ReB. “Desta vez quis mesmo fazer uma coisa sem MCs, só instrumental. (…) Quis fazer algo que reflectisse também as outras vertentes do hip hop.”

The Lost MPC Archives está disponível nas plataformas digitais e à venda no formato físico numa limitadíssima edição em CD — devem contactar o Sensei D. por e-mail se ainda quiserem deitar a mão a uma das últimas unidades disponíveis.

De seguida, podem ler a conversa completa entre o ReB e o produtor.

 



Há dois anos deste-nos a conhecer o teu mais ambicioso projecto até à data. Feitas as contas, sentes que o Vivificat te abriu algumas portas, agora que o hip hop nacional está no auge da sua actividade?

Sem dúvida. Mas, no entanto, sempre senti que à medida que ia lançando projectos no passado eles me iam “abrindo” cada vez mais portas (independentemente de o hip hop estar no auge ou não), portanto não sinto que tenha sido o Vivificat a “chave” para abrir essas portas… Acho que já “estava cá dentro” devido a coisas anteriores. Simplesmente as pessoas puderam testemunhar e ouvir um trabalho meu mais elaborado e que me representasse a 100% em nome individual.

Além disso, sempre lancei os meus trabalhos porque me fazem sentido a mim e porque são objectivos pessoais, nunca aponto as minhas metas para “abrir portas”… Se o trabalho for bem recebido, as portas abrem-se naturalmente, há mais interesse, surgem mais colaborações, etc. E é o que tem acontecido.

Depois de teres o Slaine, NERVE, Beware Jack ou o Fuse num disco teu, o que significa para ti este regresso a um formato solitário como é uma beat tape?

De certa maneira, isso foi de propositado… Primeiro porque a maior parte dos meus trabalhos passados centram-se no formato “produtor x MC”, mas desta vez quis mesmo fazer uma coisa sem MCs, só instrumental, que não tivesse um idioma e que qualquer pessoa em qualquer lado do mundo se pudesse ligar. Que não tivesse de investir e esperar o tempo para ir com MCs a estúdio, etc.

Segundo, porque quis fazer algo que reflectisse também as outras vertentes do hip hop: todos os feats da beat tape são DJs, o artwork da capa foi feita pelo TRAUMA, que tem uma evidente a ligação ao graffiti, e no videoclip fiz questão de filmar um b-boy. E como o nome da beat tape indica: isto são beats antigos/de arquivo e não tinha muito interesse em “forçar” beats antigos aos MCs. Em relação a isso tenho uma mentalidade muito “on to the next one (beat)”. Preferi desafiar-me a pegar nestes pequenos “arquivos esquecidos” e a fazer algo “novo” com eles.

O título Lost MPC Archives remete-nos para material mais “velho” que tinhas parado na gaveta. Consegues identificar-nos que períodos da tua carreira atravessas nestes instrumentais? São realmente todos eles faixas “esquecidas” ou fizeste questão de as retocar e até mesmo produzir de raiz algumas delas recentemente?

Não, nenhum deles foi retocado ou produzido de raiz para a beat tape. É simplesmente uma colagem de material antigo. Tive pena que alguns desses beats não vissem a luz do dia e então decidi editá-los assim. Não me lembro especificamente que períodos da carreira atravessava, até porque eles têm datas distintas. Possivelmente estaria a trabalhar/editar outros trabalhos e estes ficaram para trás… Uns porque ninguém quis pegar neles, outros porque os MCs escolheram outra hipótese que lhes apresentei na altura. Há ainda um daqueles casos de beat que pus à venda e alguém me disse: “Hey! Grande beat! Reserva-mo já e eu no final do mês pago-te!” Como até hoje não apareceu nada, enfiei-o aqui na beat tape.

Estreaste-te há pouco tempo ao lado do YOUNGSTUD, fizeste uma faixa com o M.A.F. e o Maria e sei que também houve uma aproximação aos ORTEUM. O que nos podes adiantar sobre as parcerias que tens andado a estabelecer neste último ano? Há por ai mais nomes no teu radar ou alguma colaboração prestes a rebentar para as ruas?

Parece que estás mais ou menos a par de tudo… O que ainda não estás, é porque ainda é “secreto”. [risos]

 


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