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Fotografia: Irish Favério
Publicado a: 22/05/2023

Mais consolidados ao segundo disco.

Se Eu Acordar: João Não & Lil Noon e a nova música romântica portuguesa

Fotografia: Irish Favério
Publicado a: 22/05/2023

Dois anos depois de Terra-Mãe, João Não & Lil Noon regressaram no final de abril com Se Eu Acordar. Acima de tudo, como descreve o vocalista da dupla de Gondomar ao Rimas e Batidas, trata-se de uma “progressão normal”, um “processo que amadureceu”, de um disco que inevitavelmente se tornou “mais sério”, ainda que só se tenham esforçado por se manter “fiéis” a si próprios. “Cada um faz a sua parte e já sabemos o que esperar um do outro”, explica sobre o (muito) orgânico processo criativo.

A história de Se Eu Acordar não começou necessariamente após a fase de Terra-Mãe. Existem temas que já vinham de antes e que acabaram por fazer mais sentido neste disco, outros que se foram transformando. A própria noção de que estavam a construir um segundo trabalho em conjunto não foi imediata.

“Não assumimos logo o projeto de caras, eventualmente é que identificámos alguns pontos de ligação. No primeiro então fomos só gravando e fazendo as canções, só depois nos fez sentido reuni-las para um projeto. Aqui tivemos essa noção mais cedo, mas não foi imediato”, acrescenta João Não.



Este projeto foi mais construído pelos dois em estúdio, num processo criativo natural e de grande cumplicidade. “No Terra-Mãe houve mais letras que eu trouxe e depois trabalhámos à volta disso. Ou aconteceu o Noon ter um instrumental que por acaso se adequava a uma letra minha. Aqui foi mais à volta dos instrumentais ou de ideias que eu até teria para um instrumental e para um género. Assumi mais o papel de estúdio e escrevi mais aqui. Gosto de fazer no momento e às vezes nem dar espaço para escrever outros versos mais tarde”, adianta.

Sobre o facto de este ser um disco tão romântico João Não até usa a palavra “lamechas” ambos frisam que isso tem a ver com os dois se sentirem tão inclinados para explorar esse lado na música.

“Tenho um gosto natural pela música romântica, não sei explicar. R&b, tudo o que me soa mais romântico, soa-me bem, soa-me melhor. E acho que o sentimento romântico até pode ser introduzido pelo beat e não tanto pela letra. É uma inclinação muito natural. Em termos instrumentais, teve muitas referências de The Weeknd e 070 Shake, mas também muitas coisas antigas”, explica Lil Noon, encarregue dos ambientes sonoros, mais ou menos lascivos, muitos de filtro retro, que povoam Se Eu Acordar.

João Não sublinha que, no caso das letras, muitas vezes abordar temas românticos resulta na “exposição maior da emoção”. “Não penso assim tanto no público, normalmente é um segundo pensamento primeiro estou a pensar em criar e em fazer mas sei que é uma forma de as pessoas se relacionarem com a música. Porque às vezes deixa à flor da pele as partes mais verdadeiras e que as pessoas compreendem melhor. Portanto, é uma temática que não sai muito forçada, é uma coisa do dia a dia, temos esses sentimentos todos cá dentro.”



O fio condutor que identificaram no disco, e que depois se concretizou com a escolha do título, tinha a ver com uma ambiência dreamy tanto sonora como no conteúdo das letras que existe ao longo de Se Eu Acordar. “Depois dessa faixa, de perceber o que unia as faixas num universo maior, fui pensando em várias temáticas e uma delas era essa: é uma coisa muito idílica”, explica João Não. “Parece que todas as faixas descrevem assim um sonho, ou um sonho acordado ou algo do género. Então fiquei a pensar, até o projeto ficar fechado, num título que achasse que fizesse sentido, até que me apercebi de que o título já lá estava e ganhei afeição. Já tínhamos o single para lançar e juntou-se o útil ao agradável.”

Questionado sobre o “conceito de não encaixar em nenhum sítio”, ideia veiculada ao Rimas e Batidas aquando do lançamento de Terra-Mãe, João Não acredita que a dupla ainda não tem “uma identidade bem definida” “porque não é propriamente uma coisa que levemos como urgente” mas que também se nota alguma maturação e é “normal que as coisas vão soando um bocado mais similares e agregadas”.

A dupla prepara-se para iniciar uma pequena tour de apresentação de Se Eu Acordar esta sexta-feira, 26 de maio, com um concerto no Maus Hábitos, no Porto. Seguem-se o Lustre (Braga, 27 de maio), Lux Frágil (Lisboa, 1 de junho), Texas (Leiria, 2 de junho) e o Salão Brazil (Coimbra, 15 de junho). “Foram sítios em que sentimos mesmo literalmente as pessoas a pedir-nos… Além dos sítios mais óbvios, Porto e Lisboa, chegámos a tocar em Coimbra e as pessoas a pedirem que voltássemos.”


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