S/T é o título do álbum de estreia do produtor do Porto SaiR acabado de editar na norte-americana Omega Supreme Records. O produtor de modern funk a que o Rimas e Batidas tem dado total atenção explicou-nos que o sucessor do ep Over representa para si um elevar de fasquia: “Este álbum veio consciencializar-me para o facto de estar a levar isto a sério, é fruto de um trabalho árduo e espelha diferentes alturas e momentos da minha vida”.
SaiR, alter-ego musical de Ruben Allen, explica-nos mais algumas das ideias na base do seu trabalho: “As musicas foram esculpidas por motivos diferentes e de forma diferentes também, tentei perceber as necessidade de cada música e escolher os sons mais adequados para cada uma de forma a transmitir as emoções certas, sinto que tudo foi matematicamente estudado mas ao mesmo tempo com a preocupação de me afastar da perfeição e dar-lhe um toque natural e humanamente imperfeito”.
“É verdade que gosto de ter uma assinatura electrónica bem vincada no meu trabalho”, prossegue o produtor, “mas cada vez mais procuro ter aquele sangue electro acústico que encontro na guitarra, no baixo eléctrico e na bateria, o toque humano e orgânico impossível de reproduzir com máquinas, gosto dos defeitos de tocar os instrumentos, gosto de falhar, não corto nem processo essas gravações, está tudo a cru neste trabalho”.
Ouvindo S/T percebe-se que as falhas e o lado humano de que fala SaiR é, afinal de contas, uma outra forma de traduzir o pulsar especial que muita da música dos anos 80 para onde esta sonoridade remete possuia, uma vez que as tecnologias electrónicas ainda não eram tão avançadas como as de hoje, sendo mais permeáveis ao que este produtor descreve como “falhas”: “Podemos perceber este lado humando especialmente através da parte rítmica, apesar de ser um grande fã de caixas de ritmos e do seu lado robótico, neste álbum tentei combinar isso com a imperfeição acústica que mencionei, toquei e gravei algumas faixas rítmicas com bateria que curiosamente foi o meu primeiro instrumento e que hoje em dia menos uso, talvez este álbum seja um bom ponto de viragem nesse aspecto, estou convencido de que quem ouvir este disco vai mais depressa sentir que foi gravado por uma banda do que por um único elemento rodeado de material”.
Mais pistas, desta vez sobre a panóplia de sintetizadores usados: “Curiosamente, este mergulho profundo na programação de sintetizadores para o lado da electrónico presente no álbum também me fez distinguir melhor os sintetizadores preferidos dos mais dispensáveis para o meu tipo de som, despedi-me de alguns e dei as boas vindas a outros, cada um tem um sotaque diferente por assim dizer, uma assinatura própria que temos de entender e respeitar, não há uns melhores que outros, são apenas diferentes, temos de perceber e estudar a essência de cada um para saber quais procurar e utilizar no nosso trabalho”.
“Sempre tive o meu caminho bem assinalado no horizonte mas este álbum obrigou-me a entrar numa viagem de exploração de mais instrumentos e de um aprofundamento dos conhecimentos e dos fundamentos técnicos do jazz, do funk e do soul em diferentes instrumentos”, admite SaiR. “Sinto que o meu caminho começou agora, orgulho-me do que fiz por este álbum, do que este álbum fez por mim e estou expectante quanto ao que ainda fará. O álbum está a ser distribuído em formato digital, vinil e cassete, quisemos cobrir todas as vertendes do mercado e respeitar todas as preferências do público”.
O disco está já disponível para encomenda através da plataforma Bandcamp da Omega Supreme Records, casa de gente como Sasac ou Turquoise Summers. Esta editora já contabiliza mais de três dezenas de lançamentos.