“Ex Calibur” é o novo single de RUSSA com instrumental de Sickonce (aka Gijoe) e pós-produção de Conductor. Nos créditos encontramos ainda os nomes de Luar, Gerson Marta, Mariana Fermin, Pedro Pinto (também conhecido como Reflect) e Franklin Beats.
O tema sucede a “Canguru“, lançado em Outubro de 2019, mas a última vez que ouvimos algo da rapper foi em Julho passado: “Skrape” foi o resultado da colaboração com Surma e Luar, um single editado em Julho passado com o selo da Omnichord Records.
Por e-mail, a autora de Catarse abriu o coração ao Rimas e Batidas em quatro respostas que falam da nova faixa e de como lidou com o confinamento.
Este novo som: quem produz e quando foi gravado?
O beat é do Sickonce. Ao contrário do que acontecia em projectos anteriores, deixei de comprar beats “pré-feitos” e passei a estar em estúdio com o produtor a explicar como queria que cada elemento soasse. O som foi gravado em Agosto do ano passado apesar de já ter sido escrito há mais tempo.
Também é importante dizer que o Conductor faz a direcção musical comigo e também adiciona elementos em termos de pós-produção. No fundo, é um trabalho de equipa.
É um tema que fala de um coração partido, certo?
Sinto que o som tem uma vibe meio emo, meio rebelde, que se pode aplicar a montes de situações. Quando escrevi o som inspirei-me numa ideia de coração partido, mas ainda há pouco tempo me emocionei bastante a ouvir a música num contexto nada a ver.
Quem está de coração partido vai-se identificar, mas quem estiver a passar por uma fase menos boa, mesmo que por outros motivos, também vai sentir a energia e a postura que o som passa.
Que representa? É uma peça solta ou antecipa algum projecto maior? EP? Álbum?
A verdade é que nos últimos dois anos tenho-me dedicado bastante a melhorar a nível melódico. Quando lancei o meu primeiro álbum, recebi muito feedback nesse aspecto e fiz muitas músicas para ir treinando.
Se há faixas suficientes para lançar um álbum? Sim… Se eu vou lançar um álbum é que ainda não sei [risos]. Vai depender da sede do público. Eu vou continuar a curtir todos os sons no meu carro, mesmo os que possam não vir a sair.
Posso adiantar que todos eles giram em volta de um conceito comum: o meu estilo de vida meio nómada, de já ter morado em vários países. Mesmo que algumas das músicas não falem desse estilo de vida directamente, conta alguma história que aconteceu nessa roda viva.
Estiveste, como referiste, muito tempo em silêncio. O coração partido da letra terá algo que ver com isso? Como lidaste criativamente com a pandemia e o confinamento?
O meu silêncio não teve a ver com o coração partido [risos]. Quem acompanha o meu trabalho sabe que desde 2017 eu lançava em média uma música por mês e este é o meu sonho. Não iria parar por tão pouco.
A nível pessoal passei por algumas coisas bastante graves, também acabei por sair da Kimahera e tive várias propostas de agenciamento que decidi analisar. Além disso, como tenho muitos problemas respiratórios, não pude estar em estúdio tanto quanto gostaria desde que surgiu o COVID.
Aconteceu muita coisa, mas acabei por me manter como artista independente e, mesmo sem dinheiro, acabei por não desistir e até fiz o meu próprio videoclipe.
Acho que a maior diferença foi mesmo ter parado de lançar sons, porque continuei a fazer música. Se calhar até mais do que anteriormente. Simplesmente acabei por não as lançar por tudo o que foi acontecendo a nível pessoal e profissional…