Acredite-se no destino ou não, o mais provável é que, a certa altura, um qualquer acontecimento marcante tenha parecido engenhosamente preparado por alguém que sabe mais do que nós e que vê o quadro completo. Não vale a pena pensar muito nisso, sejamos honestos: obra de Deus, do Diabo ou do acaso, o importante é ir tentando tirar o melhor proveito da situação.
Quando Alexandre Pedro Martins se inscreveu no Curso de Produção e Criação de Hip Hop da ETIC, foi exactamente atrás dessa oportunidade, mesmo sem saber que terminaria, por intermédio do professor Fumaxa, nos créditos de You Are Forgiven, o badalado segundo longa-duração de Slow J. Rubik aparece creditado em “Também Sonhar” (podem ouvi-lo a falar sobre a sua contribuição neste vídeo) e “Só Queria Sorrir”, que, curiosamente, são os dois temas mais ouvidos do novo disco de João Batista Coelho, se olharmos para os números do YouTube e do Spotify.
Com um placement deste calibre e o trabalho contínuo com Migz e Fumaxa, o futuro do produtor de 20 anos estará certamente assegurado. Para saberem um pouco mais sobre Rubik, continuem a fazer scroll para baixo.
[O início e a música enquanto profissão]
“A música foi algo que sempre esteve presente na minha vida. Desde novo que é uma paixão que tenho e sempre foi a arte que mais mexeu com as minhas emoções. Lembro-me perfeitamente de quando me ofereceram o meu primeiro piano (teclado). Não me lembro que idade tinha, mas passava horas agarrado àquilo. Foi nesse piano que realmente tive o meu primeiro contacto com produção musical porque podia gravar as minhas próprias músicas e, sendo um teclado, tinha acesso a mais de 400 instrumentos.
Mas só no Verão de 2017, antes de me mudar para Lisboa para estudar Design Gráfico, é que descobri o Fruity Loops e fiquei logo agarrado porque percebi que conseguia fazer música sem mais nada a não ser o meu computador. Foi como se me tivessem voltado a oferecer aquele piano, só que desta vez mais complicado e complexo. Então quando cheguei à capital, como não conhecia ninguém e só tinha aulas três vezes por semana, fiquei com imenso tempo livre e passei o ano inteiro enfiado em casa a fazer beats. Só saía para ir à escola. Por isso no final do ano decidi que queria fazer uma pausa do Design e tentar seguir música profissionalmente.”
[Influências]
Isto é uma questão que tenho sempre problema a responder. São muitos os nomes. Mas para mim a pessoa que mais me influenciou foi o cantor, compositor e produtor americano Jon Bellion. Já há alguns anos que sigo a fundo o trabalho dele e que acompanho a série de making of dos álbuns no YouTube. Posso dizer que é uma das minhas maiores inspirações. A maneira como ele sente e vive a música é contagiante.
[O nome artístico]
“Sempre houve quebra-cabeças em minha casa. Lembro-me de ir montes de vezes com os meus pais à loja O Papagaio Sem Penas e normalmente saíamos de lá sempre com um puzzle novo. Então foi uma coisa que me despertou interesse logo desde pequeno. Quando tinha 11 anos a minha mãe ensinou-me a fazer o cubo mágico (rubik’s cube) e muito rapidamente tornou-se o meu ‘brinquedo’ favorito, ao ponto de nunca mais o ter largado. Ainda hoje anda comigo para trás e para a frente. Toda a gente que me conhece sabe que o tenho sempre dentro da mochila. Então quando chegou a altura de escolher um nome para mim neste mundo da música, querendo algo curto que não tivesse nada a ver com o meu nome próprio, mas que ao mesmo tempo me identificasse, acho que fez todo o sentido ter seguido com Rubik.”
[Entrar no curso de Produção e Criação de Hip Hop na ETIC]
“Na altura, quando decidi que queria tentar seguir música profissionalmente, claro que ainda tinha bastante para aprender, mas acima disso precisava de contactos. Como já frequentava a ETIC, rapidamente soube da existência do curso de Produção e Criação de Hip Hop, no que se baseava e quem eram as pessoas que iam dar as aulas, que para mim era o mais importante, pois tinha a oportunidade de mostrar o meu trabalho a pessoas que já estavam dentro do mundo da música.”
[O balanço final da experiência]
“Acho que foi uma das melhores decisões que tomei. Se não me tivesse inscrito no curso no ano passado, não sei se alguma vez o teria feito. E provavelmente nunca, ou não tão cedo, me teria cruzado com o Fumaxa e o Migz, nem ter tido a oportunidade de conhecer todas as pessoas que já conheci neste mundo da música, quanto mais ter trabalhado com quem já trabalhei.”
[O interesse de Fumaxa nas suas produções]
“Fiquei surpreendido e entusiasmado: até àquele momento as únicas pessoas que tinham ouvido o meu trabalho eram os meus amigos mais próximos. Por isso, ter o Fumaxa e o Migz, dois dos melhores produtores que este país tem, na minha opinião, mostrarem interesse no meu trabalho foi importante para mim e fez com que quisesse fazer isto ainda mais. Agradeço a ambos todo o apoio e ajuda que me deram e continuam a dar.”
[Estar ao lado de nomes como Lhast, Fumaxa, Holly, DJ Ride, Richie Campbell, Charlie Beats e Slow J nos créditos de produção de You Are Forgiven]
“Já há algum tempo que tinha como objectivo trabalhar com estes nomes. Não estive com toda a gente envolvida na produção do álbum, mas estive com praticamente todos. Se há um ano me dissessem que ia ter a oportunidade de fazer parte deste projecto, eu não ia acreditar. Foi uma experiência que significou bastante para mim. Adorei ter trabalhado e partilhado ideias com pessoas que admiro e que me inspiram constantemente, mas, acima disso, adorei tudo o que aprendi com todos eles e a maneira como fui recebido na Sente Isto. Uma equipa de pessoas cinco estrelas que me ajudaram tanto dentro como fora da música.”
[O futuro]
“Vão começar a surgir mais trabalhos com a minha participação. Neste momento estou a trabalhar no álbum do Skitto, que é um artista que vai aparecer em breve. Está a ser todo produzido por mim e pelo Migz, com a participação do Fumaxa em algumas faixas. Ainda está em desenvolvimento, mas em breve estará cá fora. De resto, tenho trabalho com mais alguns artistas, mas nada em concreto para anunciar.”