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[TEXTO] Gonçalo Oliveira [FOTO] Direitos Reservados
Peter Não Neutro é o autor do quinto lançamento da Moriko Masumi. Rokusho conta com oito temas instrumentais e capa desenhada por Bruno Lisboa.
Um ano de estreia em grande para a net-label fundada por Ghost Wavvves, que também tirou tempo para assinar o EP Kimochi Warui através da plataforma que usou para editar trabalhos de Dead End e Mind Safari. Em conversa com o Rimas e Batidas, o produtor fez um balanço destes cinco lançamentos com a sua chancela: “Todas as releases foram especiais à sua maneira, todas tiveram o seu toque. Penso que estamos a construir algo bonito, mas sem pressas nem datas a cumprir. E só posso agradecer a todos os que até agora fizeram parte deste pequeno projecto/net-label que é a Moriko Masumi.”
Dividido entre o Bandcamp e o SoundCloud, Peter Não Neutro é um produtor do Porto que também arrisca por diversas vezes nas palavras como veículo para a sua arte. Eu Sou o Homem Aranha e Lil Truck foram os dois LPs que lançou no espaço do último ano, ambos com uma única participação em comum: além do voto de confiança para com o trabalho do colega, Woner fez a ponte para que a música de Peter Não Neutro chegasse aos ouvidos de Ghost Wavvves.
“Quando lanço projectos, normalmente eles têm um tema”, explicou ao ReB. “No que Eu Sou o Homem Aranha criei um registo mais introspectivo, baseado nas personagens de BD. Na mixtape Lil Truck adoptei um registo mais cómico, baseado em ídolos do trap da actualidade. O Rokusho tem um registo de criatividade baseado num personagem de anime da minha infância”. Sobre o alter-ego com que assina os temas, acrescenta: “Peter vem da minha infância, em que eu basicamente tinha o exemplo do Peter Parker/ Homem Aranha enquanto jovem sem figura paternal. O Não Neutro é devido ao facto de ser uma pessoa um tanto ou pouco bipolar — não deixo de ser eu próprio mas é como se estivesse a viver a vida como o Homem Aranha ou o Lil Truck, ou até mesmo o Rokusho.”
No trabalho de estreia pela Moriko Masumi, Peter Não Neutro não deixa de congratular Bruno Lisboa “pela grande capa do projecto”, aproveitando também para desvendar a processo criativo que o levou até aos oito temas que integram Rokusho. “Eu uso qualquer tipo de ferramenta que esteja ao meu dispor. Vivemos num século em que existem muitas oportunidades. Faço sampling, uso loops, umas vezes corto, outras vezes deixo inteiro. Seguindo um pouco a filosofia de alguém que disse: ‘para quê saber todas as notas musicais se consigo chegar ao que quero só com um Dó e um Mi.’ Sem esquecer, claro, que todas as outras notas também importam.”
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