“A profissionalização dos rappers, mesmo dos que ainda vivem mais perto da matriz, passou a ser vista como um objectivo real. A sua nova vida serviu de alerta para a importância do trabalho e do investimento e, apesar da indústria permanecer indiferente ao talento em bruto, Regula provou que um cocktail com esses ingredientes continua a constituir uma forte possibilidade de vingar no meio, sem que para isso os MCs precisem de limitar as suas características mais carismáticas. O politicamente correcto tem sido apregoado por muitos (em Portugal, entre outros, por Ricardo Araújo Pereira) como principal inimigo contemporâneo do discurso, por oposição ao que se passava “antigamente”, diria o membro dos Gato Fedorento. Sendo verdade, o rap português não reflecte o resto da sociedade e Regula constitui-se como grande herói da língua. O mérito é seu se hoje, ao contrário do que se passava no saudoso ‘Hip Hop Tuga’ de 2002, é possível rimar sobre sexo, consumo de erva ou tráfico de drogas sem as penosas camadas de censura, interior ou exterior, que há quinze ou vinte anos seriam inevitáveis.”