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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[KrazyDread X Joana Carvalho] “Sinais”
“Ritmo, Amor e Prazer”, que serviu de título ao single de KrazyDread produzido por Bambino — e destacado na última edição desta rubrica —, bem podia ser o nome da sua nova faixa. Se há coisa que não falta ao rapper eborense é o ritmo. A voz de Joana Carvalho é ideal para falar de temas de amor. E prazer é ouvir este dueto deslumbrante. Que este seja o primeiro de muitos “Sinais” partilhados.
[NAMELESS] “PIKACHU” (prod. by D-Frente)
Nameless assume de caras um jogo perigoso a vários níveis. Primeiro, porque não tem qualquer tipo de filtro nas suas punchlines. Segundo, e na sequência do primeiro ponto, porque se aproxima tangencialmente da linha do gimmick. E terceiro, no seguimento dos anteriores, porque esse é o seu único registo. E são essas características sui generis que o distinguem como um rapper carismático como poucos. “Pikachu” é o exemplo por excelência de tudo o que se disse anteriormente.
[Pulla] “Toma lá” feat. 3000KILO (prod. Ice Burz)
O drill tanto se fixa repetidamente na mesma tecla como oferece variadas e inusitadas variações numa estética sonora que, apesar de tudo, tem as suas limitações. E no campo das dicas, os parâmetros não se podem dar por estanques. Ouvir os versos repetitivos de Pulla e 3000KILO — e três mil vezes a palavra “toma” — é bem mais cativante do que, contado, possa parecer.
[Vlad] “Hora H”
Não é a primeira vez que assinalamos o potencial, ainda em bruto, de Vlad. O rapper açoriano tem explorado — e bem — diferentes abordagens neste seu início de carreira e em todas elas tem transparecido competência. Se há altura para arriscar destemidamente, esta é a ideal. Vincar uma identidade? Há-de lá chegar, certamente. Nesse aspecto, não há, em boa verdade, uma “Hora H” para o fazer. E já esteve bem mais longe de lá chegar, sublinhe-se.
(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)
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