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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/08/2022

De 01/08/2022 a 07/08/2022.

Rap PT – Dicas da Semana #95

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 09/08/2022

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.



[Maudito] “Juro”

A entrada triunfal anunciada pelos sopros evoca um “Industry Baby” à portuguesa. E para um Lil Nas X e um Jack Harlow chega um Maudito: a faceta mordaz de um alia-se à confiança exacerbada do outro e resulta em tiradas como “A tua dama a ligar, eu com teu pai no duche”. Auch. A diferença entre o hit global e o novo single de Maudito? Este é ainda mais cáustico, por um lado, e contagiante, por outro. Juro.



[POP BOTTLES] “ZICKY”

Qualquer semelhança entre personagens não será, certamente, pura coincidência — desde logo pelo nome: de Pop Smoke a Pop Bottles a diferença está no que “rebentam” e na língua que usam para o fazer. Não só, claro está, mas sobretudo por aqui. É que ouvir “ZICKY” e não associar o timbre do autor ao do falecido rapper norte-americano não parece sequer plausível. Não obstante, há no “nosso” Pop (que vai ainda buscar ares — nas feições e nos movimentos — a DaBaby) valor diferenciado bastante para que o ouçamos desligados dessas referências. Além de que, em “ZICKY”, a homenagem é outra…



[Goose08] “Tudo é Rap”

Quando Goose08 diz que “tudo é rap”, há que subentender uma vírgula a seguir a essa afirmação. Tudo é rap, sim, no que diz respeito ao que o rapper da Linha de Cascais vive no dia-a-dia. Porque se tudo fosse, real e literalmente, rap, não haveria forma de distinguir os bons exemplos como Goose dos demais.



[si!va & Parker] “noventa&dez”

“Esse gajo, o si!va — com ponto de exclamação, todo alterno —, diz que vai ‘dropar’ álbum há mais de um ano… we still waitin’, bitch, da fuck? Tenho filhos para criar, my friend, ‘atão’. Tens de ‘dropar’ essa merda asapdrop that shit, bitch”, ouve-se em  “malamadu”. Amén. Bom, mas enquanto o beatmaker de Famalicão não se adianta com novidades de maior expressão, há dose dupla solta para ouvir — e uma delas inclui versos de Parker.



[Subtil] “Muito Pessoal”

“O meu álbum foi muito pessoal”, confessa, sem surpresa, Subtil. Isso vale, aliás, para os “dois álbuns e três EPs em três anos” editados pelo rapper algarvio. Essa é, afinal, a característica determinante que distingue Subtil dos demais. Essa e a forma como — cada vez melhor, sublinhe-se — discorre rimas nas suas canções. “Conhecido Como Subtil, só sei ser o João Miguel”. E isso nota-se a cada verso.



[Mark Delman] “Bem di nada” ft Loreta KBA

Medo, medo, medo, medo… É a palavra que ecoa na antecipação de “Bem di nada”, em que Mark Delman e Loreta KBA cantam sob uma bandeira gigante de Cabo Verde. Temível é, porém, o traquejo com que ambos falam de luta, derrota, vitória, sofrimento, morte, superação, trauma e demais vicissitudes da história (que se faz todos os dias) do racismo.



[Prodígio] “Um Sonho & Uma Caneta”

A saga de Prodígio dedicada, em discos, aos países da CPLP tem mais um país homenageado: Brasil segue-se a Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau. E é, precisamente, com o paulista DJ Caique que o rapper inaugura PRODIGIA-TE (Zuka Deluxe), por “Um Sonho & Uma Caneta” agora concretizado.


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

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