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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[BLINK] “BABA YAGA”
“Eu ‘tou cá há anos e venho d’outra escola
Sim, eu ‘tou no game, mas jogo com outra bola”
E chegaram 58 segundos para BLINK validar estas alegações. Em menos de um minuto, a rapper impôs sem grande esforço o respeito que merece neste game. Mas, “Blinkadeiras” à parte, de onde estas vieram certamente hão-de existir muitas mais para vir. Pecar por defeito tem perdão — desde que a recompensa seja em dobro.
[YUR1] “D.M.P.M”
As voltas que Rebel Kleff deu a “Piero Umiliani” de Ricordandoti fizeram de “Ain’t Nothing Changed” uma das mais célebres canções de Loyle Carner. Yur1 aproveitou o instrumental (praticamente intacto) do produtor britânico e fez o que de melhor sabe, à semelhança do seu homólogo de Londres: rimar, rimar e rimar.
[Mini God] “Menti Forti”
“Menti Forti” é mais um pedaço de Nasci Pa Keli aqui deixado para provar. Mini God vem, assim, estendendo a vida do seu último álbum, editado em Maio do ano passado, já que o seu valor no rap português merece essa insistência. Se a menti é forti, o rap do MC de Oeiras é ainda mais.
[nastyfactor] “big boy”
Tudo o que é escrito, produzido, gravado e misturado por nastyfactor é material de “big boy”. Mas o rapper de Mem Martins teima em elevar a sua própria fasquia a cada tema que lança, desde as acrobáticas cambalhotas que dá nas rimas aos recursos imprevisíveis que utiliza nas batidas. Quantas punchlines cabem em dois minutos? Alguém que faça a conta…
[$TAG ONE] “CALÃO”
Pela A1 vamos ter ao Porto pela via do “Calão”. Se seguirmos pela saída mais próxima, entramos na A2 DRILL em direcção a G-THANG e $TAG ONE. Por isso, seja qual for o caminho ou a variante a escolher, o melhor é mesmo confiar nas indicações deste freestyle e não olhar mais para trás.
(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)
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