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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 26/10/2021

De 18/10/2021 a 24/10/2021.

Rap PT – Dicas da Semana #54

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 26/10/2021

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.



[Chico da Tina] “Nós Pimba” 

Entrámos para espreitar o novo tema de Chico da Tina e saímos extasiados pela curta realizada por Irish Favério. “Nós Pimba”, novo avanço de E Agora Como É Que É, é um filme de acção com o Tom Cruise de Viana do Castelo, cruzado com uma mistura de Travis Scott e Mr. Bean. Palavras para quê? Mais um sucesso. 



[LON3R JOHNY × CRIPTA] “DUBAI”

Alguém falou em Travis Scott? Depois de A Nave Vai Em Tour cruzar a órbita do Astroworld, LON3R JOHNY aterrou no “Dubai” para fazer três paragens a caminho da Dubai Tape, acompanhado por DJ Fifty e CRIPTA. Ainda assim, se há certeza que esta sucessão de temas nos deixou é que LON3R não foi feito para andar com os pés no chão, e que a sua voz só beneficia da ausência de gravidade — nos dois sentidos.



[KAPPA JOTTA] “LIFESTYLE”

De volta em dose tripla, Kappa Jotta trouxe “Lifestyle”, “Dresscode” e “Call Me” para nos encher as medidas. Na primeira com Amaro, e a dar continuidade aos filmes desta edição semanal, o rapper da linha de Cascais voltou em força, como não podia deixar de ser — esse é o seu rap style.



[Kristóman & Real Punch] “Piripaque”

Ainda a rodar na tela desta sala de cinema, mas desta vez em câmara lenta, chegou-nos a terceira parte de Snatch à moda algarvia; carne de porco servida pela dupla com as barras mais sujas: Kristóman e Real Punch nos papéis de Vinnie Jones e Roy Keane. Caneta em riste e punchlines a pés juntos é o que se pode esperar deste “Piripaque” realizado, mais uma vez, por YoClichê.



[Conjunto Corona] “Sempre a Riffar”

Se os fãs mais imprudentes achavam que este filme ia ser mais do mesmo, regresso do Conjunto Corona trocou-nos as voltas e desacelerou para ritmos de reggaeton à bela moda de Gaia. Em mais uma caricata homenagem à cidade que os moldou enquanto homens e artistas, David Bruno, Logos e o indispensável Homem do Robe erguem as garrafas de Pisang Ambon ao alto, que “a verdinha não pode parar”. Aqui é “sempre a riffar”.



[Stereossauro] “Saia” feat. xtinto

Ainda a digerir as densas camadas de “Hamartia”, fomos novamente surpreendidos por xtinto, pela forma como arredondou a “Saia” no novo álbum de StereossauroDesghosts & Arrayolos. Para quem via no tecnicismo lírico do rapper de Ourém uma limitação, as provas da versatilidade de Francisco Santos florescem a cada tema que revela no seguimento dos seus dois primeiros EPs a solo. E depois de se apresentar infalível na escrita, está agora a mostrar, também, toda a sua elasticidade vocal. Imaginem o que ainda está para vir…



[Deau] “Casulo”

Agora sim, com a Cabeça a Prémio em todo o lado, Deau continua a aparecer para reclamar ele próprio o valor fixado. O disco saiu do “Casulo” e as faixas vão se materializando visualmente, apesar de ser por palavras que o MC do Porto nos torna reféns do seu rap. 



[Fizz Escobarra] “Vivi Invisivel” (feat. Kromo Di Ghetto)

De volta aos becos do Miratejo, e de passagem pela Cova da Moura, Fizz Escobarra juntou-se a Kromo Di Ghetto para falar por quem “Vivi Invisível”. O instrumental de Karma Beatz, apesar dos elementos incontornáveis de drill, abre caminho para um registo distanciado desse género, de encontro ao estilo divergente de ambos os rappers. E já que falamos de seres invisíveis, o tema ainda serviu de prenúncio para o próximo projecto de Fizz, um EP intitulado The Ghost.



[Chong Kwong] “Bambu”

Conhecemo-la, principalmente, pelo seu rap confiante e vistoso; mas nem só dessa pujança se constrói o rap de Chong Kwong. Desta vez despiu o egotrip e revelou as feridas que mostram que, com a mesma força que nos atinge, esse “Bambu” também quebra — e ela já o dizia antes: “Eu não sou de aço, eu sou de bambu”.


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

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