pub

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/04/2024

De 22/04/2024 a 28/04/2024.

Rap PT — Dicas da Semana #185

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 30/04/2024

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça. Por dentro e por fora.


[Parker & si!va] Exibição d’Arte

Foi no rescaldo do dia em que por cá se celebra a liberdade, precisamente no dia seguinte àquele que marcou o fim de uma longa ditadura, que Parker e si!va decidiram estrear um trabalho alheio a qualquer tipo de censura. Exibição d’Arte é produto desavergonhado de referências assumidas, novo volume que se soma à já considerável discografia da autoria do jovem rapper e beatmaker que, desta vez, delegou a vertente instrumental ao não menos capaz parceiro seu — a quem não poderia ter ficado melhor entregue a tarefa.


[Subtil] “My Blues”

A paisagem não engana, muito menos quem nela figura. “My Blues” é mais uma novidade na nova saga de lançamentos de Subtil, o que leva a crer que poderá estar para breve, ou pelo menos em pleno desenvolvimento, um novo trabalho a solo do rapper algarvio. E mesmo que esse não seja o caso, não engana na medida em que, mesmo mascarado de blues, o rap do autor de C’Alma continua fiel a uma linha inequívoca, sem cair, porém, na armadilha da saturação.


[E.se] “Opalas”

A contar com “ângulo morto” e “Opalas”, Hubris tem já quatro amostras palpáveis do que virá a ser na hora da sua revelação integral. Para já, chegam-nos esses avanços para antever a maturação de E.se, rapper que ao terceiro disco em nome próprio, em três anos, já deixa um rasto do caminho que se tem proposto a seguir. E esse caminho tem-no levado não só a desenvolver-se passo a passo, saindo progressivamente da sua zona de conforto e aprimorando as suas capacidades, mas também a cruzar-se com os mais variados e valiosos contribuintes pelo meio, como são desta vez os casos de Lunn (novamente) e Matheus Paraizo.


[Tilt & Rivolean] “Soldado”

Para quem tem mira focada nas trincheiras de Tilt, este “Soldado” poderá ter passado despercebido. Mas quando o atirador é furtivo, há que atentar em todas as frentes. Felizmente, não ficámos alheios à investida de Rivolean, que trouxe consigo um irmão de armas à altura — também com Catalão neste pelotão — em dia de simbólico da luta armada. Continência seja feita a estes defensores da palavra sem rasura.


[saraiva] Em Cada Esquina Um Amigo

Já em 2023 saraiva havia assinalado o feriado de 25 de Abril com um disco, e este ano volta a fazê-lo por ocasião dos cinquenta anos da revolução que levou a democracia às ruas do país. Em Cada Esquina Um Amigo sucede, assim, a Livre, por sua vez dedicado ao avô do produtor e cabecilha da Zona Recs, que volta a contar com uma infindável lista de aliados, desde rappers, beatmakers ou instrumentistas, em quase uma hora e meia de duração — e com um cypher a fechar o disco com mais de duas dezenas de vozes intervenientes na mesma faixa.


[Navalha] DENSO

SAKURAS foi a derradeira chamada de atenção para nos mantermos alerta deste lado aos movimentos de Navalha. Bastaram-nos três faixas para ver diferentes facetas do rapper que, em novo golpe, traz novas cinco na manga: DENSO é o mais recente projecto do rapper que, já com dois trabalhos em carteira, sobe ao palco do Musicbox na próxima semana, dia 9 de Maio.


[Landzs] “Si bu ata obin”

Chelas foi desde sempre um dos territórios mais prolíficos no que diz respeito ao rap cantado em crioulo, e por estes dias essa boa fama mantém-se graças a individualidades como Landzs. “Si bu ata obin” é, aliás, um retrato bem cru não só do que significa a vida nos bairros menos abastados, mas também do valor artístico que, não raras vezes, neles existe. Basta procurar e saber ouvir.


[DansLaRue] “Derivado Di Bairro”

“Nigga Sta Trap” foi, há coisa de meio ano, uma das agradáveis surpresas que nesta sede reportámos, aquando da apresentação oficial de DansLaRue por meio do seu primeiro single. Ficou desde então uma expectativa emergente sobre o que viria a surgir a partir daí, com “Derivado Di Bairro” a chegar-nos enfim como continuação dessa primeira revelação do rapper brasileiro, sediado em Lisboa, que canta em crioulo. Segue a trama numa nova página, e ainda esta história começa agora a desvendar-se.


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

pub

Últimos da categoria: Rap PT - Dicas da Semana

RBTV

Últimos artigos