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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça. Por dentro e por fora.
[Mace] “WTF Freestyle”
Mace tem dado a cara por um novo movimento, e os primeiros lançamentos da (também, mas não só) sua RAPTUNO têm contado com interessantes participações. O último cruzamento levou-o a trocar “Cenas Pa Dizer” com Senso, mas desta vez o rapper e produtor para aqui chamado apenas assiste o MC de Barcelos a nível instrumental: “WTF Freestyle” é, como o próprio título da faixa indicia, um tema mais dado ao desabafo, pela primeira vez, nesta sede, a uma só voz, com novas cenas para dizer.
[SPHEX] ESPÉCIME
HEADS UP, disco com meia dúzia de faixas editadas em 2021, ainda ecoa na memória auditiva e já há sucessor à vista. ESPÉCIME é o novo trabalho a solo de SPHEX, novamente com seis faixas a preencher o alinhamento de um EP onde surgem, ainda, contributos de Split_86, FaCto BSJ, SYNDROME, Miikey, Beatscuits, DJ Madruga e OTURA.
[Subtil] “Quem Conhece Sabe”
“Mais um som sem refrão”, e quando assim é, pelo menos nos que ao rap diz respeito, a coisa promete. Ser “mais um som sem refrão” da autoria de Subtil só aumenta a expectativa, ainda para mais tendo em conta a sua consistência na qualidade do que nos tem apresentado já desde Aquém Mar. E é o rapper algarvio exemplo paradigmático de que uma identidade vincada não implica uma repetição consecutiva das próprias fórmulas. O segredo está nas nuances.
[LOOSE] CAOS COM FIM À VISTA
Nunca é tarde para descobrir o que já não é propriamente novo. Essa premissa tanto vale para célebres figuras da cultura portuguesa como José Hermano Saraiva, cuja voz é usada na abertura deste CAOS COM FIM À VISTA, como para a própria Pitch Productions pela qual se viu editado o projecto de estreia de LOOSE. Máxima aquela que não se aplica, portanto, ao autor do EP em evidência, e que, por isso mesmo, ainda mais nos entusiasma: não é todos os dias que se encontra sangue novo a fervilhar rimas e batidas à flor da pele.
[Kroniko] Moriro in Street
As peças estão agora todas juntas e já há corpo para o regresso de Kroniko às edições a solo. Moriro in Street é o novo trabalho do cabecilha de LxCartel, ele que no ano transacto marcou um regresso aos lançamentos em nome próprio depois de um interregno assinalável. A “John Gotti”, “Totò Riina” — ambas carimbadas por Il-Brutto na produção — e “Billy The Kid” — rubricada por Holly Hood no instrumental — acrescem “Bumpy Johnson” e “Nicky Barnes”, num EP de cinco faixas que vem validar a máxima de que quem sabe nunca esquece.
(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)
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