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Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.
De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.
[UEST. x VATO] “CUIDADO”
Quem nos avisa nosso amigo é. Agora, o tom ameaçador de “Cuidado” traduz-se, na verdade, por um aviso à navegação: é favor não cruzar fronteiras alheias com UEST. e Vato, que os dois rappers não respondem pelos danos colaterais que os respectivos versos podem causar. Todo o cuidado é pouco…
[Armário Records x Catalão x Vácuo] “Spotlight”
Do Recife ao Armário, juntaram-se turmas e aliaram-se militantes de uma mesma causa: quer Animal, Cevas e Cabril de um lado, quer Vácuo e Catalão do outro, ambas as facções hasteiam a bandeira do underground nacional bem alto sempre que saem à rua. Desta vez, o “Spotlight” recai sobre a parceria recém-firmada, que ao que tudo indica tem uma demanda conjunta em vista.
[saraiva] Livre
Ainda há uma mão cheia de meses tinha saraiva editado Mais Um Ano, com quatro mãos cheias de convidados, e já Livre está cá fora com uma nova série deles. Apresentado no Dia da Revolução, o projecto tem a liberdade como mote definido por uma corporativa de artistas de espírito e reportório independente.
[CRVVO Records] “Quem Eu Era”
Para a CRVVO Records, 25 de Abril não só representa o Dia da Liberdade como também — e, não por acaso, como a simbologia do cravo escolhido para emblema denuncia — a data da fundação da editora portuguesa. Por ocasião do segundo aniversário foi editado o segundo volume de Jubileu, compilação da casa que pretende, precisamente, assinalar anualmente esse marco. “Quem Eu Era” inaugura o novo fascículo inteiramente produzido por Beiro e conta com Mike da Maia e Maudito nos primeiros versos do disco.
[NECK] “Mar de Rosas”
Como nem tudo é um mar de rosas, há que guardá-las por poucas que sejam. Porque, quando menos se espera, as coisas boas da vida — como GROGNation — acabam e ficamos com nada mais (que já é muito) do que ficou para trás. E agora que desse mar de rosas florescem umas quantas isoladamente, como é o caso de Neck num projecto a solo, não há que estranhar a cor “malverde” — também é flor que se cheire.
[B’saz] “Lições”
O acting em “Lições” pode não ser o melhor, mas não foi à procura de bons actores que fomos escutar o novo tema de B’saz. Aliás, já desde “Kabeça Rixo” — e já não é a primeira vez que o dizemos — que qualquer lançamento do rapper luso-guineense merece atenção redobrada deste lado. E foi precisamente por, na altura, termos deixado passar esse tema em branco nesta sede que a lição ficou sabida.
[King Bigs] “Respeita o Crime – Remix” feat. Nex Supremo, Lalas49 & Kosmo da Gun
Aqui, independentemente da carapuça servir à medida, o filme é outro. Depois de pôr alguns dos mais caricatos adlibs na boca do povo, o carismático Bigavelski volta a sintonizar em “Respeita o Crime”, desta vez com os furtivos Nex Supremo, Lalas49 e Kosmo da Gun como cúmplices. A reacção possível a uma peça deste calibre? Já estão a adivinhar — e resume-se em apenas duas palavras…
[9 Miller & Mizzy Miles] “Como Assim?!” feat. Queen Marcy
A reacção da generalidade dos ouvintes de 9 Miller à sua colaboração com Queen Marcy há-de ter sido, certamente, antecipada pelo título da própria faixa: “Como Assim?!” junta o MC da Linha da Azambuja à rapper que deu que falar com um remix de “Munch”. E, contra todas as expectativas, foi dos temas mais bem recebidos do ainda recente SAY GOODNIGHT TO THE BAD GUYS, álbum sonicamente esculpido por Mizzy Miles.
[ZA] “WuWuWu”
Com Filetes a preparar a ambiência griseldesca, ZA carimba mais um single em nome próprio à imagem da sua escola: o rapper que se graduou na Liga Knockout tem vindo a lapidar constantemente os quilates das suas barras, boa parte delas cada vez mais pesadas de encaixar.
[Fizz Escobarra] “Sima Deus Kre” feat. Quim
“Sima Deus Kre” chegou em primeiro na fila de lançamentos sucessivos até The Ghost se ver completo. O novo trabalho de FIzz Escobarra chega quase à hora de duração num disco que integra 14 faixas — com um segundo volume prometido desde logo para o mês seguinte.
[ProfJam] “Dakar”
A dias da revelação de MDID [Música De Intervenção Divina], “Dakar” entra em cena como sétimo single do quinto trabalho de Mário Cotrim. No oásis de ProfJam não falta água, e a travessia tanto está prestes a ver um fim como ainda agora está a começar. Se há dogma pelo qual a obra do criador de Telheiras se rege é que ela nunca se repete nem se prenuncia. Por isso, ou o salto de fé é feito às cegas da prancha mais alta, ou nem vale a pena mergulhar nestas águas do deserto.
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