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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/12/2022

De 12/12/2022 a 18/12/2022.

Rap PT – Dicas da Semana #114

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 20/12/2022

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.



[LON3R JOHNY × ProfJam] “HALLYWUD”

Não se estranhe a ortografia, que a fonética dos intervenientes também já não causa estranheza a quem os acompanha de perto na linha — à parte — que ocupam. Individualmente, são dois casos/escolas cujos legados, ainda frescos e em construção, já deixam longo rasto para quem queira — e são muitos — seguir. Quando se juntam, é para chegar a patamares inéditos, mesmo que isso acarrete um risco proporcional ao salto. Afinal, risco de quê? De chegar onde ainda ninguém chegou? Haja alguém que veja para lá da linha do horizonte. A começar pela visão conjunta de Gonçalo XZ e André Pêga. Essa, sim, digna de “HALLYWUD”.



[lil noon & tsubasv] “no meu copo”

Bom, mas na hora de ir mais longe, LON3R JOHNY e ProfJam não são os únicos a proporem-se a viagens mirabolantes. Aliás, (não só mas também) pela forma como Lil Noon mergulhou no instrumental de Tsubasv e h1zas, é difícil não projectar uma hipotética (eventual, quem sabe…) colaboração entre estes estetas do auto-tune. E, sim, há formas melhores do que outras de se dizer o que se tem no copo. Esta é uma das boas.



[Rafaell Dior] “25”

É logo nos primeiros versos de “Miúdo da Rua”, cantados por Mariza no Programa do Jô [Soares] em Novembro de 2009, que a aparentemente inusitada repescagem de Rafaell Dior se revela mais que natural: “Calção roto, camisa suja, olhar maroto e fugindo à rusga” encontra, a partir da linguagem do fado, significado em inúmeras personagens do rap. Em matéria de linguagens, já sabemos que a de Rafaell é distinta. Agora sabemos ainda de onde (também) vem.



[TEE ACE x YOUNG TY] “Twin Towers”

Tee Ace e Young Ty emergem como “Twin Towers” num tema que os nivela por igual: a energia que imprimem na faixa retirada do EP Sobrevivente do primeiro não baixa de intensidade com nenhum deles. E, lá de cima, a vista não deixa nada a desejar.



[Landim] “Ser Mais” ft. VdK

Quem vê de fora olha para o copo meio vazio, quem dele prova toma-o por meio cheio. Mas a verdade é que essa separação das águas dificilmente se dilui. Em concreto, o que está em causa é a importância, menos óbvia e para lá da superficialidade, que o rap feito nas e para as ruas tem nos próprios bairros de onde vem. Landim canta “eu sou do bairro, mas eu quero ser mais”, ele que representa toda uma geração de rappers que cantam por cá em crioulo, que tem longos anos de carreira e um legado indiscutivelmente respeitado no seio do hip hop nacional. Não chega. Falta o reconhecimento fora de portas. E é esse exemplo, tanto de superação quanto de inconformismo, que junto a VdK passa aos miúdos da Associação do Vale de Alcântara, precisamente no âmbito de um projecto designado “Bairros”.



[Progvid] “Mudado” feat. Rafa G

Foi dos primeiríssimos a abrir o ano e ficou para as últimas a fechá-lo: Progvid fez as honras de 2022 com o Programa ao lado de Landimapresentou ainda serviço pelo meio e saldou as contas finais com Hoodstarz — com essas estrelas à imagem de um Hood’s Got Talent. As estrelas do bairro, essas, vão do próprio Landim a Topboy Blk, até ao “Mudado” Rafa G como um dos mais preponderantes.



[RealPunch x Uput x Demoniqquê] “Renascimento”

Ainda estamos meio incrédulos com o anúncio da passagem de Westside Gunn por Portugal, prevista para 10 de Fevereiro, no Estúdio Time Out, em Lisboa. Mas, por cá, RealPunch e Uput lembraram-nos, um par de dias depois dessa boa nova, que o rap caravaggiano não é exclusivo à turma Griselda. Aliás, a julgar pelas pinceladas deste “Renascimento”, nem só lá fora de faz escola…


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

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