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Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/10/2022

De 03/10/2022 a 09/10/2022.

Rap PT – Dicas da Semana #104

Texto: Paulo Pena
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 11/10/2022

Se o rap nasceu para resistir e lutar, não há força da natureza que o extinga. Aqui o bicho só se manifesta nas rimas e batidas, e os nossos soldados não baixam canetas nem no pior dos cenários.

De semana em semana, há novas linhas por decifrar, novos sons por escutar, novas dicas (*) para encaixar. Seja em português ou em crioulo, do masculino ao feminino, desde as maiores estrelas nacionais aos mais anónimos rappers de sótão, do trap ao drill, há espaço para tudo o que nos faça abanar a cabeça, por dentro e por fora.



[B’saz Rdk] “Sujeto”

“Kabeça Rixo” ocupa um lugar cimeiro na lista de temas que — mea culpa — ficaram de fora das edições desta coluna nas respectivas semanas em que foram revelados. E “Sujeto” é, por isso, uma dupla oportunidade: primeiro de redenção a um dos melhores temas que, a partir do drill cantado em crioulo, passaram por este radar; depois, pelo próprio “Sujeto”, aqui inequivocamente definido em nome do incontornável B’saz Rdk.



[Breyth X Vado Más Ki Ás] “Só Se Não Quiseres”

Bom, mas se hoje há um nome incontornável a representar o rap crioulo, o de Vado Más Ki Ás é, seguramente, o primeiro a vir à cabeça. E, nos últimos tempos, o rapper do Bairro 6 de Maio tem explorado essas fronteiras do rap com vista a outros terrenos mais para lá do que para cá — sempre de forma entusiasmante. Desta vez lado-a-lado com Breyth, repetiu a dose e deixou o convite às “princesas” de Norte a Sul do país: só se não quiserem.



[Don G X NGA X Kosmo Da Gun] “Fala Mais”

Há forças que, quando unidas, deixam marcas mesmo antes de se fazerem sentir. E para suprema esta bastou ter Don G e NGA em presença activa. Já a convocatória de Kosmo Da Gun para “Fala Mais” foi jogada de peso (que mereceu outros tantos intervenientes de respeito em segundo plano). Qualquer pretexto, seja ele em nome próprio ou a convite alheio, para ter o rapper da Margem Sul a debitar matéria é sempre bem-vinda. Ainda para mais com pares ao nível do seu porte.



[ORBIT] #001

“ORBIT começou como um projeto para dar meios e plataforma a jovens aspirantes a músicos provenientes de situações de exclusão social e económica, culminado num álbum colaborativo”, é-nos explicado através da Cosmic Burger. Mais, para este projecto desenvolvido em Braga “foi criado um local seguro para aprendizagem e criação, onde os participantes puderam desenvolver e solidificar o seu próprio som, mas onde se gerou também um ambiente de colaboração e interajuda entre todos os membros da equipa — um espaço onde havia sempre algo a aprender de alguém. O resultado é um testemunho de trabalho árduo, crescimento, respeito pelo trabalho uns dos outros, bem como de várias horas bem passadas no estúdio”. O resultado é um álbum colectivo, com Cálculo e B Quest a dar apoio na produção, que junta nomes como Faray King, MC Pirata, Marcela Mencari, Menino Marino, Michael Kurt, Leonor Fonseca, Dice e Hoffz 47. E o disco teve já uma apresentação ao vivo, sábado passado, na FNAC bracarense. Que #001, como o próprio nome indicia, seja o primeiro de vários volumes.



[Alicemnenhumlugar] “Chegada”

É Chek1 e Dj Crava quem nos chamam a atenção para esta “Chegada” de Alicemnenhumlugar. Mas, apesar de o nome artístico o negar, Alice vale pelo nome próprio e tem lugar garantido num espaço muito próprio dentro do rap nacional — seja ele feminino ou não. A começar já por aqui, valha o que isso valer.



[nastyfactor] “fez freestyle”

Mais uma vez, nastyfactor foi lá e fez. Esse “lá” desta vez foi “Fez”, cidade marroquina que serviu de inspiração em tempo real a mais um freestyle do rapper e produtor de Mem Martins. O passaporte de nasty vai, assim, ganhando carimbos internacionais aos poucos: “primeira vez em África”, ninguém o pára agora — e o próximo destino é, segundo avisa, a “banda” (com Phedilson visado nessa promessa).



[Herege] “Rotinaz”

“Eudaimonia” abriu portas a Metamorfose Paradoxal com entrada de luz especialmente intensa a partir desse single — amostra bastante para notar a maturação de Herege, momento certo para partir para uma obra mais ambiciosa: um álbum de 15 faixas, com participações dos cúmplices habituais do universo ensemblu, entre eles o prodigioso produtor gonsalocomc com quem abre o disco a partir de “Rotinaz”.


(*O título da nossa coluna, Dicas da Semana, inspira-se num clássico de Biru)

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