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Fotografia: Agnes
Publicado a: 26/06/2020

A alma e a vibração da Think Music em estado natural.

ProfJam & benji price: “Este disco também funciona como um legado para nós próprios”

Fotografia: Agnes
Publicado a: 26/06/2020

“Isto é o movimento hip hop, não é o estacionamento hip hop”, explica ProfJam. Em conversa mantida no quartel-general da Think Music, às portas de Lisboa, a dupla que conduz os destinos da editora revelou ao Rimas e Batidas as nuances do seu primeiro trabalho em conjunto. Com SYSTEM, ProfJam sucede a #FFFFFF e benji price regista a sua estreia em longos formatos, assumindo dupla responsabilidade ao microfone e na mesa de mistura.

Trata-se de um álbum criado, como eles mesmos sublinham, em circuito fechado, um conjunto de 11 temas burilados durante o confinamento, mas em que a pandemia não se faz sentir. Um disco em que a dupla se concentrou nas rimas e nas batidas, na forma de arte que abraçaram como artistas, sem precisarem de usar máscaras nem de desinfectarem as mãos.

Largado de surpresa sobre o mundo ontem à noite, SYSTEM surge sem gestos de antecipação, sem a preocupação de ter um single a atalhar caminho e isso traduz também um posicionamento, uma atitude e uma estratégia. Trata-se, muito claramente, de um manifesto firmado pela Think Music, uma ideia que, garantem-nos, faz sentido porque se encontra em constante movimento, em contínua construção. “Sentimo-nos um pouco os Wu-Tang Clan do rap português, sempre a aparecer com qualquer coisa nova”, admite benji.

ProfJam e benji price mostraram-nos o seu SYSTEM para o actual jogo e responderam às nossas perguntas com palavras que nos ajudam a compreender onde se encontram ambos como artistas e como homens no mais estranho dos anos de que temos memória.



Como é que nasceu este projecto?

[ProfJam] Tanto eu como o benji tínhamos projectos individuais em mãos, projectos com ambições semelhantes e de repente fez sentido combiná-los num só. Começámos a falar sobre isso em finais de Janeiro…

[benji price] E atenção que esses projectos individuais ainda poderão surgir, não ficaram completamente descartados.

[P] Concluímos rapidamente que podíamos juntar o útil ao agradável, simplificar as ideias iniciais, que tinham sido pensados com colaborações. Isto passou a envolver-nos só nós aos dois, com a música a circular entre nós. E embora não fosse esse o propósito inicial, acabámos por aproveitar a quarentena, já que não podíamos ir para a rua, para nos fecharmos a escrever.

[B] Entre artistas também há muito a conversa “hey, mano, deveríamos fazer um álbum juntos” e muitas vezes as coisas não se traduzem em nada. Mas neste caso levámos mesmo o plano até ao fim.

[P] O objectivo foi ver o que saía e acabou mesmo por sair muita coisa e depois foi ver o que tanto eu como o benji conseguimos acabar e ficou aqui um projecto que ainda é raro em Portugal, embora seja mais comum lá fora, que é um álbum colaborativo.

Quando te referes ao facto deste tipo de projectos ser mais comum lá fora estás a apontar para álbuns colaborativos como o do Drake com o Future, por exemplo?

[P] Precisamente…

[B] Jay-Z e Kanye West…

[P] Future e Young Thug, Travis Scott com o Quavo… Essa era a ambição: desenhar um projecto que tivesse o ADN dos dois.

Conseguiram gravar aqui no espaço da Think Music ou foi tudo gravado em casa?

[P] Eu gravei no meu estúdio caseiro, escrevi e gravei tudo em casa. Depois tivemos também algumas sessões em conjunto.

[B] Infelizmente não pude aproveitar nada do que gravei em casa, devido a questões técnicas, mas fiz o álbum quase todo na minha sala. Levei algum equipamento daqui e depois eu e o Mário fomos trabalhando a partir das respectivas casas. Quando houve a primeira oportunidade de voltar à rua viemos para aqui e acabámos o álbum. O álbum começou com nós os dois em estúdio, depois as circunstâncias obrigaram-nos a separar-nos um pouco, desenvolvemos as ideias em separado…

[P] Essa não era mesmo a intenção, mas fomos obrigados a isso, claro.

Tirando esse pormenor circunstancial de se verem obrigados a trabalhar em paralelo e à distância por causa do confinamento, o disco praticamente não inclui menções à pandemia, nem sequer se pode identificar um estado de espírito geral decorrente da situação…

[P] Falando por mim, sinto que a caneta reage sempre com algum desfasamento à vida. O que eu senti foi: “esta quarentena estragou-me os planos, obrigou-me a desenhar outros planos e um deles será focar-me a fazer isto”. O que a quarentena aumentou porventura foi a drive, esta recusa em ir abaixo por não poder estar com o meu público à frente, fazer concertos…

[B] Havia, claro, uma hiper-consciência do que estava a decorrer. De um ponto de vista real, é inevitável que haja algum efeito, fomos obrigados a trabalhar separadamente. Mas também reagimos: “é pá, não vamos agora de repente fazer um álbum sobre sermos obrigados a ficar em casa”. Mentalmente a coisa correu como se fosse outra coisa qualquer a decorrer noutro período de tempo.

[P] Exactamente: comigo até funcionou como um escape, o processo criativo, interessava-me mesmo pensar noutras coisas. A arte permite essa fuga e levou-nos a pensar nisto, nomeadamente no tempo que de repente tínhamos em mãos, como uma oportunidade. E até pensámos, batendo na madeira e tudo: “não vamos estar assim tanto tempo isolados, portanto vamos aproveitar ao máximo, em vez de gastarmos tempo a olhar para as paredes, vamos antes olhar para o computador e escrever”.

[B] E no meu caso, e como apontamento final, algo que se calhar até é comum a mais artistas: a minha vida não mudou assim tanto, porque muitos músicos já acabam por trabalhar de forma muito isolada, com a vida a desenrolar-se entre a casa e o estúdio. É verdade que perdi a parte social, como toda a gente perdeu, mas de resto foi um pouco life as usual

[P] Não tanto assim no meu caso: senti falta do meu ginásio, senti falta de poder sair para ir beber um café à toa. Eu já passo muito tempo em casa, mas gosto de sentir vida. E senti-me um pouco em cativeiro, devo admitir.

[B] O mais bizarro que posso mencionar é que este espaço em que temos o estúdio montado só reabriu umas duas ou três semanas após ter sido anunciado o desconfinamento. Então durante esse período eu fui uma espécie de assombração aqui, era a única pessoa por aqui, só eu e os pássaros… Mas, concluindo, não quisemos mesmo que a quarentena se tornasse a narrativa do nosso álbum.

Falemos um pouco de ti, benji. Já vinhas a largar bombas há algum tempo. Porque é que sentiste que este era o momento para um projecto de maior fôlego?

[B] Eu já sabia que este ano queria largar um projecto, fosse isso o que fosse – um EP, um álbum… Só que houve esta ocorrência bizarra e o meu pensamento foi: “ou agarro isto agora ou se calhar nunca mais acontece”. E se calhar o Mário pensa o mesmo: muitos destes projectos ou acontecem quando há uma boa oportunidade ou então depois, e estou a falar deste tipo de colaborações, torna-se difícil. Reconheço que se calhar é estrear-me em full lengths de forma algo estranha, não é muito comum começar logo com uma tape colaborativa, mas também me pareceu engraçado ao mesmo tempo. Eu enquanto produtor ou… engenheiro de som (tenho noção que não estou a usar o melhor termo, só faço misturas e masters, não sou engenheiro de coisa nenhuma…), e olhando para o meu percurso nestes últimos quatro ou cinco anos, sinto que já não me falta fazer muita coisa por cá, em Portugal. Claro que há pessoas com quem não trabalhei, e gostaria – nunca fiz um som com o LON3R JOHNY ou com o Sippinpurpp, mas hei-de fazer, ou nunca produzi para o Sam The Kid, mas são coisas que continuam nos meus horizontes – mas ter noção do que já consegui também me fez pensar que me podia dedicar um pouco mais ao rap.



Em relação aos beats deste álbum: foram pensados mesmo para este projecto ou eram coisas que já tinhas feito há mais tempo?

[B] Havia dois ou três temas para que já havia uma ideia no meu computador, ideias que foram usadas como guias, mas fora isso foi tudo feito especificamente para o álbum. Tentei, por mais estranho que isso possa parecer, ser o menos “autor” que consegui…

Então, o que escutamos aqui? “#benjitypebeats?”

[B] Não. Seriam mais #ProfJamxbenjitypebeats… Eu e o Mário tínhamos uma ideia do tipo de som em que queríamos rimar e eu utilizei-me a mim próprio como ferramenta para materializar uma visão comum. Eu sabia o que o Mário queria fazer, sabia o que eu queria fazer com o Mário e, como ele não produz, eu assumi isso.

[P] Tanto eu como o benji somos artistas polivalentes em termos musicais e este trabalho acabou por resultar de uma decisão consciente de apontar para uma sonoridade que tínhamos na cabeça…

E que sonoridade é esta, exactamente?…

[B] Será uma espécie de pós-trap…

[P] Não é um trap acentuado, é mais um trap progressivo, com umas batidas mais rappy… Tem um bocado de tudo.

[B] Se calhar há ali momentos que remetem mais para uma cena rap mais europeia… francesa, talvez.

[P] Sim, o novo trap, a cena da nova Atlanta, tem um bocado da cena da nova L.A.. Mas também tem um toque clássico.

[B] Eu acho que estando os dois a assinar um trabalho enquanto rappers iria logo surgir uma pequena expectativa acerca das nossas canetas. E pronto, embora não tenhamos parado para dizer “vamos ter que rimar bué”, ao mesmo tempo essa ideia também nos pareceu ser um desafio interessante. Nós rimamos meio taco a taco, por isso vamos lá descobrir quão bons conseguimos ser quando estamos juntos.

Este álbum, nesse plano, é muito técnico.

[P] É. É um disco de, e perdoa a piada, rimas e batidas. “Mete o beat, benji, e bora rimar”.

E sentiram-se a desafiarem-se mutuamente?

[B] Isso já acontece naturalmente. Não é só com o ProfJam, pode ser com o Fínix MG. Mas, sim, houve um bocado aquela ideia: “bem, estou aqui numa faixa com o ProfJam, vou ter que rimar qualquer coisa”.



E é um disco que serve para acertarem contas?

[P] Sim, há reivindicações aqui. Sem querer falar demasiado do conceito, porque cada um deve poder ler isto como quiser, este SYSTEM é um bocado o nosso sistema operativo, como é que nós funcionamos e o que é que queremos fazer aqui. Porque nós já tínhamos um “bebé” em conjunto, a Think Music, já tínhamos um vínculo no dia-a-dia, temos noção do que representamos no rap game. O benji será menos vocal nesse aspecto, mas já tinha mandado várias “pedradas no charco”. E o que o SYSTEM diz é: “isto é o nosso jogo, não temos que jogar com as vossas regras, temos as nossas”. Não é porque usas auto-tune que deixas de escrever, nem é porque escreves que podes abdicar de ter uma fasquia mais elevada a nível melódico. Nós somos ao mesmo tempo jogadores e programadores do jogo.

Sente-se vontade de experimentar coisas novas de parte a parte no disco.

[B] Isso é bom sinal.

[P] Há de facto um flex técnico constante, queremos ir buscar coisas constantemente: “deixa-me ver o que tenho aqui que ainda não mostrei, toma”. Pensamos sempre que as coisas têm que sair, têm que ser fluídas. O flow pressupõe fluidez. Eu sou assim, o benji é assim, e isto não é um shot a nada. Gostamos de variar. E como o álbum tem essa linha de rimas e batidas, puras, sentimos que é uma versão do hip hop clássico, mas feito para agora, com um som super moderno. É o hook, são as barras.

É o vosso Watch The Throne?

[B] Eu acho que sim, apesar de estar muito mais perto, em termos sónicos, de um What a Time to Be Alive, mas do ponto de vista do que entra no disco, das nossas vontades, é mais um Watch The Throne, sim.

[P] E acho que aqui, e isto é uma auto-análise, se calhar nós estamos mais próximos, eu e o benji, do que o Drake e o Future. Nós temos muita sintonia pelo que é o nosso percurso e pelo tema que escolhemos para o álbum. Estamos a falar do mesmo ponto de partida, do mesmo ponto de chegada, a nossa ambição é a mesma: escrever bué, fluir bué e comunicar uma energia positiva, acima de tudo.

E pegando nessa ideia da energia positiva, vocês obviamente têm construído a Think Music com o suporte de um público, cada vez mais amplo, que vos segue e que impulsiona os vossos números. Mas, ao mesmo tempo, têm noção de quem são os vossos detractores, os vossos, vá lá, inimigos?

[B] Longe de mim dizer que este será um disco sem defeitos, mas acho que neste caso em concreto, se alguém não gostar do SYSTEM, será simplesmente porque não curte a música, porque do ponto de vista mais básico o que se pode dizer é: “os beats são porreiros, os refrões são porreiros, as barras também cumprem”…

[P] Acho que há aqui uma questão, e isto pode ser interpretado de muitas maneiras, como de resto tudo o que dizemos, mas isto é um movimento de… não digo xeque mate, mas de dar uma pressão necessária: “não há argumentos, podes gostar ou não, como diz o benji, mas não podes dizer que está desprovido de qualidade”. Eu já abordava isso no “Hino”, a questão do que é novo ou new school, do auto-tune ou do não-auto-tune, isso para mim é um não assunto. Uma pessoa ouve o Snoop Dogg e percebe que ele literalmente inventa palavras só porque soam bem, faz parte da persona dele. Esta ideia de que tudo tem que ser realístico e que há uma norma… Nada disso, há muitas maneiras de pintar, muitas maneiras de um artista fazer sentir o seu próprio perfume.

Gostei da referência à Força Suprema no “ORIGAMI”. Outro grupo que acabou por mostrar que havia outras formas, outros caminhos…

[P] Sempre tive uma grande admiração por eles, tanto enquanto grupo como artistas a solo. Senti na altura o que era criar essa divisão, porque eles assumiam as suas ambições mais… americanas, com outra sonoridade, e eles apanharam muito com essas críticas. Dou-lhes esse props porque acredito que mais tarde também as pessoas vão saber valorizar o que a gente fez aqui. Isto é o movimento hip hop, não é o estacionamento hip hop.



Não tiveram a tentação de chamar gente de fora para o disco?

[P] Aconteceu estarmos a ouvir beats e dizermos, “ah, tal pessoa ia encaixar bem aqui”. Mas desde o início do projecto que decidimos não abrir excepções. Não queríamos perder a ideia de fazer isto em circuito fechado, com low profile, e dessa forma os únicos constrangimentos de tempo eram resolvidos por ambos, sem termos que depender de mais ninguém. Estávamos com o mesmo foco, por isso não abrimos isso a nenhum input externo.

Pode dizer-se que este é um disco assinado pelas duas pessoas que representam a alma e a vibração da Think Music. E enquanto tal, como é que sentem o barco neste momento?

[B] Quero só ressalvar aqui uma coisa: este disco também funciona, e falando internamente, como um legado para nós próprios, porque eu e o Mário abordamos em vários temas muitas das ideias que tentamos transmitir aos membros da nossa família, e nesse sentido espero que também funcione como um trabalho motivacional para eles.

[P] Acho que fazer conjecturas é algo próprio desta fase, por isso o nosso foco agora tem que ser trabalhar em mais música. E depois pensaremos em reestruturar…

[B] Imagina, a Think Music mantém os propósitos: existe como editora, porque gostamos do selo. Se os projectos resultam, óptimo. Se não resultam, então tentamos trabalhar mais neles. E há toda a componente de negócio, porque isto são as nossas carreiras e as nossas carteiras. Mas a Think Music não é hoje mais ambiciosa do que era há quatro anos quando o Mário lançou o Mixtakes, nem está menos ambiciosa. Na verdade até somos muito estáticos nesse sentido, vivemos num constante presente, sentimo-nos um pouco os Wu-Tang Clan do rap português, sempre a aparecer com qualquer coisa nova. Por isso nunca sentimos que a Think Music está parada. Há sempre algo em que trabalhar e por isso continua sempre a ser um projecto jovem para nós.

[P] Esse “estático” até pode ser visto também como “hiper-dinâmico”, que está em permanente movimento. Não há fases, estamos sempre em construção.

O SYSTEM foi pensado para ter tradução em palco?

[B] O nosso pensamento inicial, pré-COVID, foi “bem, provavelmente vamos apresentar isto ao vivo”… Agora teremos que pensar no que faremos se surgir algo que faça sentido, se a oportunidade certa se proporcionar.

Fortnite?…

[B] Pá, liguem-nos!

[P] Isso seria top. Eu sou adepto da ideia “se é para fazer uma cena é para fazer bem, se for para fazer mal, mais vale estar quieto”. Se apresentarmos isto terá que ser em condições interessantes, que façam sentido.

Daqui a um ano, quando estiverem a olhar para trás para este período, o que acham que vão sentir? Que se ganhou ou que se perdeu aqui alguma coisa?

[P] Eu cá não quero romantizar minimamente esta situação, não quero criar nenhum tipo de ligação emocional a isto, tanto para o bem, como para o mal. A minha ligação a toda esta situação é negativa… Mas quero tentar libertar-me disto. Este período pôs-me um travão, impediu-me de fazer coisas de que gosto muito, seja ir ao ginásio, seja poder ir ter com o meu público para cantar a minha música. As coisas estavam a correr muito bem nesse aspecto. E tirando toda a parte mediática que rodeia isto, e que eu acho perigosa, não quero nada romantizar isto. Gostava de poder esquecer esta situação, porque houve um pânico geral, mas também, como em tudo na vida, é preciso também olhar para o lado positivo. Não devemos confundir o lado mau que nos levou a esta situação com o que de bom dela podemos tirar: não é porque houve coisas positivas em trancar o mundo em casa que eu quero pensar nisto como algo bom, porque a verdade é que curamos tudo se ficarmos trancados em casa – se não houver pessoas a conduzir, não há atropelamentos, se não houver ninguém na rua, não há assaltos, se não houver gente a viver, não há fome. Portanto, espero que seja uma aprendizagem para todos sobre como não proceder na base do pânico e do medo. Não devemos desenhar uma sociedade à volta de um vírus, ligada constantemente à sensação do medo. E isto é algo que eu sinto que está neste projecto: há uma debilidade espiritual na vida das pessoas aso ponto de terem medo do fim do mundo a toda a hora. E há aquém explore essas debilidades. Não acho positivo que se brinque com coisas sérias, como a saúde mental das pessoas e há gerações de pessoas mais novas e também mais idosas que sofreram muito com isto, porque não estão equipados para compreender o que se passou. Sem uma força maior, isto não faz sentido. Espero que consigamos todos superar isto.


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