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Fotografia: DFOX
Publicado a: 22/03/2022

Nem mais nem menos.

Pimenta Caseira no Estúdio Time Out: a dose recomendada com as quantidades certas

Fotografia: DFOX
Publicado a: 22/03/2022

Num passado não muito distante, eram as terças-feiras que tinham um tempero diferente. Neste insólito presente, a marinada aconteceu pela primeira vez à sexta-feira. E uma receita que, à partida, parecia vencedora acabou por revelar-se, sem surpresa, isso mesmo.

Umas ruas mais abaixo do habitual Tokyo, os Pimenta Caseira apresentaram o primeiro álbum, Cais Vol. 1, no passado dia 18 de Março, no Estúdio Time Out, em Lisboa. E, tal como seria de esperar, nada neles é vulgar, muito menos um concerto formal — e a fórmula dessa noite foi simples, mas eficaz. Por isso mesmo, os PC, compostos por Fred Martinho (aka B.E.R.A.), Gui “YANAGUI” SalgueiroZé Maria e Ariel Rosa, decidiram convidar a “família” para o evento de apresentação do longa-duração de estreia.

A primeira parte do evento ficou a cargo de LEFT., António Graça de seu nome, previamente conhecido enquanto líder do quarteto Antony Left, que há uns tempos afastou-se do indie folk para se dedicar a uma pop que, dizia-nos o próprio em 2019, também ia buscar alguma inspiração àquilo que Mike El Nite, ProfJam e Slow J andavam a fazer — e diríamos que há uma certa energia trazida para o palco que parece vir dessa admiração. Um dos compositores de “Cleopatra” apresentou-se sem medos, e um tanto ou quanto agitado, oferecendo uma actuação sólida e promissora. 

Há uns meses, Fred explicava ao Rimas e Batidas: “Demorámos este tempo todo porque basicamente tivemos dois anos a residir, a experimentar, à procura do instrumento certo, os músicos certos”. Para um projecto que se construiu ao vivo, a apresentação de algo preparado no estúdio não impediu os Pimenta de serem quem são em palco. Tocaram-nos as suas canções, as suas histórias e mostraram-nos de que sonoridades são feitos. Ao lado deles subiram ainda MARPité, Yo ClichéJaneiro e Luís Cunha, demostrando que o som que os Pimenta Caseira procuravam era capaz de se adaptar a diferentes registos e sem nunca perder a sua verdadeira essência.

Para os amantes de jazz (moderno ou não) e de música no geral, o respeito por uma actuação é uma forma de demonstração do quanto a arte é apreciada e não usada meramente como uma ferramenta de diversão ou, ainda, expurgação, enquanto pano de fundo, de coisas efémeras. Dito isto, fez comichão os cochichos alheios por cima da bateria ou os risinhos em uníssono sob o saxofone vindos da plateia. Não fazendo caso deste detalhe, a prestação de Pimenta Caseira foi, voltamos a reforçar, notória. É indesmentível a musicalidade e a capacidade de cada um dos músicos, elementos que ajudam a que tudo flua entre os membros de forma silenciosa e natural.

Não se pode, ainda, deixar de destacar o momento em que Janeiro surgiu pelo público e se fundiu ao grupo de forma irresistível e admirável. Depois disso, o concerto continuou no registo único ao qual os Pimenta já nos habituaram ao longo dos anos — e ali tão perto –, uma receita que agora encontrou os ingredientes certos na quantidade certa. 

Progressivu ficou encarregue de manter a festa animada com um DJ set, um merecido e adequado remate para o cozinhado musical que nos deixou bem satisfeitos.

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