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Fotografia: Camille Leon
Publicado a: 03/03/2020

Uma grande celebração para prolongar a vida do último disco da dupla algarvia.

Perigo Público & Sickonce no Cine-Teatro Louletano: e no fim todo o pó virou porcelana

Fotografia: Camille Leon
Publicado a: 03/03/2020

29 de Fevereiro já era um dia especial por 2020 ser ano bissexto, mas a parelha Perigo Público & Sickonce resolveu reforçar a notoriedade da data com a apresentação do disco Porcelana no Cine-Teatro Louletano. Um concerto singular em que se celebrou a carreira dos inúmeros músicos que pisaram o palco e também de toda a “gente bonita” (como Perigo Público realçou repetidamente) ali presente para assistir a este concerto.

E é nesta dignificação e sensibilidade para com a raça humana que o novo trabalho do MC e produtor algarvio assenta: entre alguns momentos da mais de dezena de canções do espectáculo, o rapper quarteirense exteriorizou as suas preocupações com alguns temas fracturantes da nossa sociedade, apelando à empatia, tolerância e, sobretudo, amor entre as pessoas. Mas esta narrativa também se estendeu ao alinhamento do concerto — contabilizando todos os convidados e músicos, foram cerca de 20 os artistas a passar pelo palco deste espaço cultural algarvio. A abrir a actuação tivemos uma fusão de dois mundos bem distintos — o acordeonista João Frade juntou-se ao elenco base da noite para duplo tema: “Rosa Parks” e “Pinóquio”. “Do fim do mundo com amor”, com as sublimes melodias do saxofonista Filipe Valentim, antecedeu a primeira participação da noite vinda do mundo do ritmo e poesia – o incontornável Biex, pioneiro no rap algarvio, cuspiu um punhado de rimas em “1974” especialmente concebidas para o acontecimento (algo que se repetiria com outros participantes). Logo de seguida, reunião muito especial de Perigo Público com os “seus irmãos de armas”, Miranda Eloquente e Dário Sousa do trio APC, a assistirem da primeira fila aos voos (ainda que falhados) de “Ícaro”. A tónica da noite pouco se alterou, e vários foram os temas extraídos de Porcelana para o palco do Cine-Teatro – de destacar a pequena pausa para o jovem rapper H!jckd (até aí hypeman de Perigo Público) substituir o veterano quarteirense na frente do palco para debitar de forma estonteante algumas rimas guardadas do seu repertório e, no seguimento, Sickonce a deixar tudo em “pratos limpos” num momento clássico de scratching. Volvidas até então quase duas mãos-cheias de temas com selo Porcelana, estava na hora de revisitar o primeiro trabalho de Perigo Público e Sickonce, 1991, para escutarmos o tema “#Perigo” mas com uma participação no mínimo… bruta. Os icónicos Kristóman e RealPunch com Sickonce (aka Gijoe) nos pratos para uma reunião de Tribruto com direito a dois versos arrepiantes a fazer aumentar a temperatura do Cine-Teatro, que chegaria ao seu pico com o tema que se avizinhava: “Dengue” reuniu em palco um quarteto de rappers quarteirenses, com “8125” (número mágico para a localidade algarvia) bem destacado no ecrã gigante à retaguarda de Perigo Público, Sacik Brow, Fragas e Iniciado, que puseram a casa literalmente a dançar ao som deste “hino” local. Pequeno compasso para recuperar o fôlego com um jam de Susana Kristensen, Carolina Fonson e Sara Espírito Santo o trio de “anjos” (apelidadas dessa forma por Perigo Público) encarregadas pelo apoio vocal a este grupo, acompanhadas de Sickonce no sintetizador e seguidas do fervoroso Léo Vrillaud a brilhar nas teclas. Espaço ainda para uma “Bênção” com a ternurenta voz de Elísio Pereira a preencher o refrão, embelezada visualmente pela participação dos dançarinos Bonny the Gemini e Patrícia Elias, a recriarem ao vivo e a cores o videoclipe já disponível para este tema. A encerrar esta verdadeira celebração da vida em formato de concerto, Perigo Público deixou o sumário bem claro ao som de uma das batidas mais efusivas deste trabalho: “Todo o pó vira porcelana”, verso inicial da faixa Porcelana que agregou em palco todos os artistas que por ali haviam passado, saindo largos minutos depois debaixo de um coro de aplausos da plateia algarvia. Daqueles concertos para mais tarde recordar.

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