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Publicado a: 19/04/2018

Pedro Mafama: “Precisamos de novos caminhos”

Publicado a: 19/04/2018

[TEXTO] Alexandre Ribeiro [FOTOS] Aidan Kless

Pedro Mafama lançou ontem o seu novo EP, Tanto Sal, no YouTube. A mistura do projecto, que foi todo cantado e produzido pelo próprio, ficou a cargo de Pedro Coelho Franklin.

A estreia do cantor e produtor aconteceu no final de 2017 e, na altura, era um corpo estranho na música nacional. Estaríamos a ouvir uma versão futurista do fado com pequenos retalhos de kuduro, afro-house e trap? Musicalmente falando, ainda era bastante difícil localizar Má Fama no mapa português, apesar de reconhecermos as influências dos artistas da Enchufada e da Príncipe Discos.

Algumas semanas depois, Conan Osiris aparecia de rompante com Adoro Bolos, “um improvável cruzamento entre Arca e os Santamaria a produzirem Balele, lendária voz dos Ciganos de Évora, ou Frei Hermano da Câmara, numa sessão abençoada com a presença espiritual de António Variações”, declarava Rui Miguel Abreu num artigo publicado no Rimas e Batidas. Pedro Mafama e Conan Osiris partilham a mesma aptidão para unir géneros que, à primeira vista, não resultariam em conjunto.

O Rimas e Batidas aproveitou o lançamento do novo EP para falar sobre os “novos fados” ou a relação do artista com a música de Conan Osiris.

 



Depois de te estreares com Má Fama em 2017, Tanto Sal é o EP que se segue. A abordagem criativa nos dois trabalhos foi diferente?

Sim, em relação ao EP anterior foi tudo um pouco diferente. Este EP leva o conceito dos “novos fados” ainda mais para a frente. Se no outro EP era uma coisa que estava na minha cabeça, mas que não saía cá para fora de maneira muito óbvia, nestes sons isso esteve sempre presente. Em toda a colocação de voz, nas imagens que tento pôr nas letras, etc. Os sons foram feitos num contexto um bocado diferente também. A maior parte deles foi gravado em casa, sozinho, a compor os instrumentais e a gravar a voz, quase tudo ao mesmo tempo.

Não és caso único nesta misturada descomplexada de vários estilos de música que, até há bem pouco tempo, era impensável. Conan Osiris, por exemplo, tem causado furor numa linha que, se olharmos bem, nem está assim tão afastada da tua. Achas que estamos à beira de uma explosão de um novo “movimento”?

É verdade. Eu conheci a música dele logo a seguir a acabar este EP. Estava a mostrar os sons no estúdio a um amigo meu e ele disse-me que eu tinha de ouvir o Conan. Foi lindo perceber que não estou sozinho nisto. Adorava que este conceito se espalhasse e criasse alguma coisa maior do que três ou quatro pessoas com estéticas parecidas. Acho que se eu fizer o meu trabalho bem e levar as coisas onde quero levar, é isso que vai acontecer… oxalá!

Ainda não tivemos a oportunidade de ouvir as tuas músicas ao vivo. Tens algo programado?

Tenho estado a ensaiar muito, a preparar-me para o momento em que surgir algo. Até agora houve umas quantas possibilidades, mas ainda nada está certo…

O que são para ti esses “novos fados”? E o que é que eles representam?

Novos fados são canções sobre a vida, que seguem uma via nova e tentam abrir novos caminhos, mas que têm uma ligação à cidade e ao sítio de onde surgem. Neste caso, Lisboa. Não é uma coisa de querer voltar atrás, é mesmo o contrário. Sinto que com essa palavra na cabeça posso usar tudo, desde percussões africanas a melodias árabes, ou outras coisas que ainda não descobri, e tudo faz sentido quando é misturado dentro dessa ideia de música lisboeta. Estou a tentar pegar em tudo aquilo com que cresci e que faz parte da minha cultura para fazer algo novo. Não é nostalgia, é bola para a frente. Precisamos de novos caminhos e é lindo começar a descobri-los pouco a pouco. Quero pegar naquilo que a Enchufada e a Príncipe trouxeram para a pista de dança e fazê-lo com canções sobre a vida. E se forem dançáveis ainda melhor!

 


Mafama-7-(ja-postada-no-instagram-e-facebook)

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