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Texto: ReB Team
Fotografia: Carinho Mio
Publicado a: 02/06/2022

A afastar fantasmas (muito) antigos.

Pedro Mafama e Tristany matam D. Sebastião no videoclipe de “Borboletas da Noite”

Texto: ReB Team
Fotografia: Carinho Mio
Publicado a: 02/06/2022

Esta manhã de quinta-feira, Pedro Mafama lançou o vídeo para “Borboletas da Noite”. A realização é assinada por Bernardo Lopes e, tal como na música — que conta ainda com Pedro da Linha e Pedro Ferreira –, Tristany está ao seu lado.

Em comunicado, o autor de Por Este Rio Abaixo abre o jogo sobre o significado da peça audiovisual:

“Embarco com o Tristany numa jornada passada num tempo incerto, em que a tradição simbolizada pelas rendas brancas e as mulheres cobertas de negro se misturam com roupas camufladas e paisagens desabitadas de um futuro apocalíptico, enquanto vamos os dois Por Este Rio Abaixo para procurar e matar o Dom Sebastião, que paira por todo o vídeo como um fantasma, envolto no seu mítico nevoeiro.

Este vídeo é um acto performativo que pretende dar a golpada final numa coisa que todos sabemos mas não queríamos aceitar: Dom Sebastião está morto, e tudo aquilo que ele simboliza. Isto não quer dizer que Portugal esteja morto, antes pelo contrário. No último ano, tem-se instalado em mim uma ideia que acho muito estimulante e bonita: a ideia de que estamos agora a criar um país novo, um país que, já não sendo definindo pelo seu papel de metrópole colonial, tem agora obrigatoriamente que se redesenhar, redescobrir e reencontrar-se. Ou seja, pela primeira vez em muito tempo, temos a oportunidade e a obrigação de nos reinventarmos. Precisamos de um novo olhar para o passado multicultural do nosso país, e precisamos de acreditar que temos algo a acrescentar a este mundo globalizado em que vivemos. Mas para isso precisamos de nos despedir de um passado que pesa em nós, nos imobiliza e nos enche de melancolia.

Assim, matamos a nostalgia que nos mantém presos ao passado e nos impede de olhar em frente. Fazemo-lo como um acto de amor, pelo nosso direito de sonhar e de acreditar que o melhor ainda está para vir.

Dom Sebastião está morto.

Podemos agora regressar ao futuro.”

Na entrevista com o Rimas e Batidas na altura do lançamento do seu álbum de estreia, o artista lisboeta falou sobre a antepenúltima faixa do mesmo:

“Demorou um bocadinho de tempo. Esta foi uma música que o Pedro Ferreira dos Quelle Dead Gazelle me trouxe, que é um artista que eu admiro imenso. Ele toca guitarras e elas têm este sabor tuga, sabes? Um bocadinho da escola Dead Combo mas a seguir a sua própria coisa, claro. Por isso é que se calhar associas a Yagmar, é aquele acústico com auto-tune, ou seja, uma coisa ‘arrockalhada’.

Não me lembro bem o que é que começou a chamar pelo Tristany nessa música… o próprio título, ‘Borboletas da Noite’, tem alguma coisa a ver com o Tristany. Essas palavras doces, borboletas da noite, será que estamos a falar de uma coisa super feminina? Não, a borboleta da noite vai-te à janela, que é uma imagem que eu relaciono muito com a morte. E essa música tem muito de morte para mim. ‘Ai tu não me levas hoje, meu Deus não me leves hoje’, que brinca com essa ideia de ter as borboletas da noite na janela a tentarem entrar em casa. Por alguma razão a figura da borboleta da noite, da traça, tem alguma coisa de morte. A traça parece que tem uma coisa meio mórbida [associada]. E, ao mesmo tempo, as borboletas da noite eram as pessoas — os meus amigos — que me estavam constantemente a chamar para sair e daí o ‘ai tu não me levas hoje’. Hoje eu fico em casa [risos]. E o Tristany completou a música de forma incrível. Mais uma vez, percebeu aquilo que eu estava a dizer, pegou em coisas que eu estava a dizer, percebeu a fase da vida em que eu estava e respondeu-me e completou a música de forma incrível.”


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