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Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/07/2021

Oito injecções de ar.

MGDRV: “Os tempos que tínhamos a produzir o Guelras eram dos poucos onde nos esquecíamos o que se passava no mundo”

Texto: ReB Team
Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 22/07/2021

Fica hoje disponível em todas as plataformas Guelras, o novo disco dos MGDRV, uma semana depois de sair em exclusivo no Tidal. Antes disso, os temas “Reset”, “Intervalo”, “Dá-me Tempo” e “Final do Dia” já rodavam por aí — o alinhamento final é composto por oito faixas.

Depois do EP de estreia, lançado em 2013, de DRAIVE (2017) e de MORTE FIXE RAP (2018), o grupo continua a reiniciar a sua própria máquina para dar tempo ao tempo e embrenhar-se num processo contínuo de redescoberta enquanto trio. Tudo isto enquanto tenta respirar no meio de uma pandemia mundial. A propósito do lançamento do seu mais recente álbum, Apache, Pité e YoCliché acederam a responder a seis perguntas do Rimas e Batidas.



Antes de mais, queríamos começar por esta exclusividade com o Tidal: como é que isto acontece?

[YoCliché] Na verdade esta exclusividade com o Tidal surgiu de uma forma bastante natural. Em conversa com a nossa amiga e fã Mafalda Frade, que acompanha o nosso trabalho e com quem já trabalhamos há uns anos e que neste momento assume funções no Tidal Portugal, mandou umas ideias para cima da mesa e mostrou interesse em fazermos algo com eles. Gostámos muito da ideia de trabalhar com uma plataforma grande a nível mundial que tem nos seus genes dar a maior relevância à alta qualidade do som. A resposta positiva para nós foi quase automática.

Falam deste Guelras como algo que vos permitiu respirar no meio desta pandemia, mas existem pelo menos duas músicas que foram feitas antes de Março de 2020. Quando é que este projecto começa a ser delineado enquanto álbum e de que forma é que a pandemia o moldou?

[Pité] Tal como os tempos recentes, o processo deste álbum não foi de todo o “normal”. O tema “Reset” foi, sem dúvida, um começar do zero que funcionou para nós como um interruptor de mentalidade. Sabíamos que a partir de ali queríamos iniciar um caminho novo, embora inspirado nas nossas origens. Não sabíamos ainda na altura se iríamos lançar um álbum ou EP e na verdade não nos preocupámos com isso. Foi exactamente devido ao confinamento que o disco como obra completa foi pensado e criado. Os tempos que tínhamos a produzir eram dos poucos onde nos esquecíamos do que se passava lá fora no mundo.

Alguns dos singles disponíveis no vosso YouTube parecem apontar para um caminho mais soulful e “boom bap’ish”, por assim dizer. Concordam com isso? E é um reflexo do que andam a rodar mais enquanto ouvintes, por exemplo?

[Pité] É impossível não concordar com essa direção dos mais recentes singles. No entanto, ao voltarmos ao nosso processo inicial, descobrimos o prazer e alegria de não ter uma linhagem definida. Sempre fomos adeptos da fusão e liberdade criativa, como aliás o nosso background individual o confirma. Quero com isto dizer que aquilo que consumimos e ouvimos no dia-a-dia, influencia e inspira, mas de todo define o caminho que iremos seguir.

Estavam prontos para o “Reset” mas a coisa não se pôde concretizar na totalidade por causa do vírus. Como é que reagiram a tudo isso?

[Apache] A arte imita a vida e a vida imita a arte, a nossa vontade pessoal de fazer um reset parece ter sido profética do zeitgeist mundial. Estamos todos num gigante reset que nos está a obrigar a olhar para nós com um olhar mais crítico e empático, vivemos a era dos extremos da autenticidade e da falsidade. Sem dúvida vivemos tempos interessantes e a nossa reacção é querer fazer parte, fazer o nosso comentário e fazer da crise uma oportunidade.

O lançamento da “Dá-me Tempo” deu-vos um novo ânimo? Tanto a nível de escrita, e da vossa honestidade nela, como na recepção, essa faixa aparenta ter marcado uma espécie de nova fase para vocês…

[Apache] “Dá-me Tempo” é, sem dúvida, um grito de desabafo, um voto de intenções do qual nós estamos particularmente orgulhosos por ter chegado bem ao coração de quem a ouve. A prática da paciência e perseverança, um optimismo sóbrio e uma forte base nos nossos valores é a fórmula do bem-estar criativo. Pode-se dizer que nesta fase é o que desejamos.

Um dos pontos-fortes dos MGDRV são as actuações ao vivo: este trabalho está pensado para ser concretizado no palco de uma maneira mais festiva ou é algo mais introspectivo?

[YoCliché] Apesar de sermos um grupo e de criarmos muito em conjunto, nestes tempos que atravessamos houve muitos momentos de criação em que estivemos nos nossos cantos bastante mais introspectivos e nas nossas viagens individuais. E tudo isso culmina nestas novas músicas que geram a energia que vamos querer expelir e transmitir em palco. Este álbum tem temas que te vão conduzir numa viagem de várias sensações, por isso ao vivo será impossível não ser igual. Fazemos-te pensar mas partimos o palco ao meio.


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