Na noite de sábado, 9 de Fevereiro, Maze une esforços com a banda do Pérola Negra para prestar tributo a Jazzmatazz, Vol.1, o álbum de estreia a solo do lendário Guru.
A homenagem acontece no âmbito das Movimento, uma série de noites que André Neves assina para o renovado espaço portuense e que, no mês passado, resultou na estreia dos Dealema com banda — Bruno Macedo (baixo e guitarra), Sérgio Alves (teclados) e Ricardo Danin (bateria) foram os músicos de serviço.
Neste tributo a Jazzmatazz Vol.1, uma das pedras basilares da fusão do jazz com hip hop, o rapper desafiou a Pérola Negra Band para reinventar os temas que levaram o MC dos Gang Starr para fora do formato tradicional do boom bap. Na voz, Maze assume a dianteira com os seus próprios versos, mas deixa a ressalva: “Pode haver uma aproximação na temática e algumas chamadas a refrões do disco, mas serão versos meus e dos convidados que passarão pelo palco.”
Voltas a tocar com a Pérola Negra Band no dia 9 de Fevereiro, depois do concerto de estreia com Dealema. Como foi a experiência e o que destacas desta fusão que se cria entre as palavras e os instrumentos ao vivo?
Para mim, e acho que posso falar pelos Dealema, foi uma experiência mágica, um momento histórico que ficará para sempre na memória de quem esteve presente. As nossas músicas ganharam uma expressão completamente diferente e a energia gerada ali entre a Pérola Negra Band, Dealema e público foi uma triangulação deveras poderosa. Estou ansioso por repetir esta experiência, sinto-me mesmo bem em palco com banda, apesar de ter tocado a minha vida toda com base num instrumental “disparado”, tive uma experiência prolongada com a banda que acompanha o Mundo Segundo ao vivo e sempre me senti em casa nessa sinergia que nasce em palco entre músicos. A minha banda favorita são os The Roots, portanto, inconscientemente, sempre me quis apresentar num registo similar e chegou a altura.
Na segunda noite da tua curadoria Movimento, o destaque vai para Jazzmatazz Vol.1, o disco de estreia do Guru a solo. O que simboliza para ti este álbum?
Este disco é muito especial para mim, ele saiu em ’93 mas só em ’94 é que o ouvi, foi-me oferecido pelo meu padrinho, que tem gostos musicais bastante eclécticos, gostava bastante de jazz e, como sabia que eu gostava de rap, deu-me este disco. Apesar desta fusão jazz/rap já ter sido experimentada antes deste disco, nunca o tinha sido desta forma tão impactante num projecto concebido de raiz e ainda por cima com um elenco de luxo, com nomes como Donald Byrd, Roy Ayers, Courtney Pine, Ronnie Jordan e Lonnie Liston Smith, com participações vocais incríveis a apoiar o Guru, que se apresenta, como sempre, com letras de um nível soberbo, a representar as ruas com o seu exímio storytelling e o seu tom de voz único e flow que parece cortado à medida para todos os ambientes deste álbum. De facto todas as letras foram escritas no estúdio enquanto as músicas iam crescendo e acho que talvez seja dessa forte simbiose que nasce este clássico.
Vão fazer covers destes temas, vão reinterpretá-los contigo a rimar versos teus? Explica-nos de que forma é que esta homenagem se processa em palco?
O tributo a este disco será feito através de reinterpretações na parte instrumental, e efectivamente não vou rimar os versos do Guru em inglês ou muito menos traduzi-los para português. Pode haver uma aproximação na temática e algumas chamadas a refrões do disco, mas serão versos meus e dos convidados que passarão pelo palco, que não vou revelar para manter algum factor-surpresa em relação a este tributo que não é só a este disco, que fez 25 anos no ano passado, mas também a um dos meus MCs favoritos.