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Publicado a: 05/03/2017

Malabá: “Este single é uma reafirmação enquanto rapper criativo”

Publicado a: 05/03/2017

“Como Tenho Feito” é o novo single de Malabá e conta com a produção de Prodlem. O tema solto teve direito a um lyric video por Infinityart.

O rapper da Margem Sul não é um novato destas andanças e carrega na bagagem vários trabalhos e uma ligação forte a todos os pilares da cultura. Em conversa com o Rimas e Batidas, Malabá explica o que significa “Como Tenho Feito”: “Este single é uma reafirmação enquanto rapper criativo. Ao contar a minha história, acabo por manifestar a minha indignação quanto à forma como o hip hop se tem movido em relação à criatividade. Os genuínos metem nos seus trabalhos pele, alma e coração e existem pessoas que transportam na totalidade a música que ouvem para a música que fazem, desconhecendo completamente a sua génese. A isto não se pode chamar de inspiração, nem arte. A isto chama-se byte. Nos últimos anos, as fusões do hip hop com vários géneros musicais têm atingido números descomunais, mas há que saber distinguir as fusões dos géneros. Conhecer e respeitar as suas origens e actuais carências. Este novo single fala sobretudo de como vivo o hip hop de dentro para fora, e da tentativa de envergar e imprimir valores orientadores como a humildade e a tolerância. Tento expressar num tom de agradecimento a todos aqueles que menosprezaram e depreciaram tudo aquilo que tenho feito. Já nas minhas anteriores mixtapes, nomeadamente 1º Caso com Kosmo, Mais velho sem juízo e no meu street álbum Sonho Português, tentei sempre demonstrar versatilidade e entreguei aos temas que abordo os meus sentimentos mais genuínos. Agora estou a trabalhar com novos produtores e novos engenheiros de som e sinto que a qualidade sonora melhorou bastante, mas no que toca a flows e rimas prometo continuar a fazê-lo ‘Como Tenho Feito’.”

Prodlem, produtor de Chelas, tem deixado a sua marca em vários beats de rappers nacionais – Kroniko é um dos MCs com quem trabalha muitas vezes. Malabá revela como é que chegou ao contacto com este arquitecto da batida: “O Varela (meu amigo e actual manager) falou-me sobre ele várias vezes porque são da mesma zona, Chelas. Considero-me uma pessoa super social e bem-disposta, gosto de comunicar, tenho sempre assunto! Falo com muita gente e confesso até que cumprimento mais pessoas do que aquelas que conheço… Mas no que toca à escolha de instrumentais, tenho um feitio muito ‘margem sul’, não me ajusto a qualquer pessoa e não me vejo a rimar em 70% dos beats que oiço de produtores portugueses… No entanto, nos últimos 3 meses, fiz várias maquetes com a produção do Prodlem e todas se tornaram músicas finais. Posso até avançar alguns nomes: ‘Como tenho feito'(o único apresentado até agora), ‘Monalisa’, ‘1969’, ‘Mónica Lewinsky’,’Aposto na minha cor’; ‘Amor e Ingratidão’ e ‘Problemas falam português’. Os seus beats retiram o melhor de mim – a criatividade.”

Por falar em Margem Sul, o Museu Nacional de Arte Antiga e a Hit Rádio anunciaram uma iniciativa para homenagear o rap que lá se faz – saibam mais aqui – e Malabá, um dos representantes desse lado da margem, dá o seu parecer sobre o que significa: “Eu ainda não tinha percebido bem o contexto, mas após ter lido a forma como o representante da Hit Rádio expressa o seu reconhecimento sobre o ‘berço’ do hip hop, em Portugal, bem como pelo rap que continuamos a fazer na margem sul, apelidando-o de “arte”, confesso que fiquei surpreso! ‘Arte’ é um substantivo que muitos usam nas suas rimas, mas não o compreendem, não o valorizam, nem o respeitam no seu dia-a-dia. Estou ansioso para que chegue o dia e torço para que ocorra num clima de reflexão harmónico que nos leve a discutir a palavra ‘cultura’ na sua essência dentro do seio do hip hop. Isto porque nos dias de hoje as noções perdem-se entre egocentrismo, competição e imitação. Respeitamos e reconhecemos as lendas, mas não temos embaixadores e precisamos de alguém que levante a cultura do hip hop, de alguém que influencie e destaque as pessoas que têm essas capacidades. Na Margem Sul, encontras poucos ou quase nenhuns escravos da actual indústria do hip hop. Em cada bairro uma sonoridade, em cada indivíduo um novo flow, uma nova história por contar. E sempre foi assim. Quem é do Miratejo não rima igual a quem é da Caparica, não rima igual a Sesimbra, Bela Vista, Vale, Palmela e Pinhal não rimam igual a Paio Pires, Amora, Arrentela e Seixal. Margem Sul não rima igual à restante ‘arte’ feita em Portugal…”

Para 2017, os planos são muitos: o lançamento do 2º Caso; um novo projecto com Kosmo; Rap do Sul é Blues, um projecto que funde os géneros rap e delta blues com alguns elementos dos instrumentais de trap; e ainda mais alguns singles. Malabá, um autêntico workaholic. 

 


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