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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/02/2024

O músico actua em Lisboa e Porto nos próximos dias.

June Freedom: “Os meus álbuns estão a chegar às pessoas independentemente dos países e línguas”

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 06/02/2024

June Freedom está em digressão europeia para apresentar o segundo álbum, 7 SEAS, o sucessor do muito elogiado (e ouvido) Anchor Baby, editado em 2021. O concerto mais especial de toda a tour será certamente o de Lisboa, que acontece na sala Lisboa ao Vivo esta quarta-feira, 7 de Fevereiro, uma vez que o músico terá como convidados Dino D’Santiago, Nelson Freitas, Djodje e Loony Johnson. No dia seguinte, 8 de Fevereiro, ruma ao Porto para uma performance no Hard Club.

Criado entre Cabo Verde e os Estados Unidos da América, June Freedom que tanto canta como produz, embora aqui tenha colaborado com inúmeros outros compositores tem construído uma carreira assente na dualidade entre a tradição cabo-verdiana e a música pop contemporânea, de influências díspares.

Depois de uma primeira entrevista ao Rimas e Batidas, realizada em 2020, ainda antes do lançamento do seu primeiro álbum, o artista de 35 anos volta a falar com a nossa revista digital para antecipar os concertos em Portugal. A conversa acontece em plena tour, via telefone, quando June Freedom está parado no trânsito no meio da Alemanha, graças a um protesto internacional dos agricultores, que bloquearam as autoestradas.



Como é que tem sido esta tour? O primeiro álbum foi mais de apresentação e acabaste por chegar a muitas pessoas, e com este segundo disco já tinhas um público alargado a acompanhar-te. Como está a ser a experiência, nesse sentido?

Está a ser cansativo, a minha garganta dói-me, estou a chorar… Não, estou a brincar. Tem sido com muita energia, os shows estão todos esgotados e sinceramente não estava à espera de tanta energia. Esperava alguma, mas cada noite é diferente, cada noite está especial, e tem sido incrível, estou mesmo muito contente com tudo. Com a recepção, com todo o carinho, tem sido uma união de amor nestes concertos. Vamos agora para Colónia e tem sido melhor do que eu esperava.

O teu público nestas cidades europeias tem sido um público local, ou também composto por emigrantes cabo-verdianos ou lusófonos?

A grande maioria não são cabo-verdianos, são mesmo o público local das próprias cidades. Não têm nada a ver com as raízes cabo-verdianas nem com a língua portuguesa ou o crioulo, o que também é muito bom.

Estavas à espera de conseguir conquistar um público que cultural e musicalmente não têm tanto uma ligação às tuas raízes?

A música é para cruzar fronteiras e acho que foi isso que o meu primeiro disco fez. Mas não estava à espera. Nem faço música a pensar num público específico nem sei como é que acontece. Há uma magia mesmo. Acho que os meus dois álbuns estão a conseguir furar barreiras, a chegar às pessoas independentemente dos países e das línguas. Não poderia estar mais grato por conseguir ver pessoas de todos os estratos sociais a unirem-se em torno deste álbum. E esse era o objectivo, poder partilhar a energia. E se a energia está lá, acho que rompe os muros.

Qual foi a tua abordagem quando começaste a trabalhar neste segundo álbum? Sentiste alguma pressão extra, após o sucesso do primeiro? 

Acho que sim. Mas demora-se uma vida inteira a fazer um primeiro álbum e, depois, do primeiro, é go time. Tudo o resto tem de acontecer bastante rápido. Tens de pensar no que é que queres fazer a seguir, como é que consegues que o segundo seja melhor do que o primeiro. É desafiante, mas não fui com a mentalidade de tentar que fosse um disco de sucesso, ainda que muitas das conversas com amigos fossem sobre conseguir que tivesse impacto, para que as pessoas ficassem agarradas ao catálogo. Foquei-me mais em algo que soasse bem, que parecesse coeso e que fosse uma boa escuta do início ao fim. Esse era o meu objectivo. E também tentar coisas diferentes, com beats e ritmos distintos, desde o amapiano ao samba, passando pelo highlife nigeriano, cenas cabo-verdianas, batuku, grooves de kizomba… Tentei algumas coisas diferentes neste álbum, mas com a mesma serenidade, a mesma consistência e a tentar honrar o primeiro disco. E tens de viver um pouco a vida e falar sobre aquilo por que estás a passar. Sinto que foi isso que fiz.

Obviamente, a tua vida também mudou do primeiro para o segundo álbum.

Sim, agora estou em tour, preso no trânsito porque os agricultores bloquearam a autoestrada! Estou preso no mesmo sítio há uma hora.

Mas como é que sentes que essa mudança de vida se reflecte neste segundo álbum?

Tenho uma canção que é a “On Road”, o que significa que tenho andado muito na estrada. Consigo ver o mundo de uma lente diferente, de perspectivas distintas e posso falar sobre estas experiências e experienciar um pouco esta coisa a que chamamos vida. 

Sentes que mudaste a tua percepção sobre a vida em tour e o que significa ser uma estrela internacional?

Tem muitas responsabilidades e é uma carga pesada, mas estou muito grato e entusiasmado com isto. E excitado pelo que vem a seguir.

Em Lisboa vais actuar com alguns convidados especiais.

É verdade, o Dino D’Santiago, o Nelson Freitas, o Djodje e o Loony Johnson. São todos artistas com quem colaborei no meu primeiro disco. Fiz uma canção com o Nelson e foi ele que abriu as portas para eu começar a ter os meus ouvintes. Depois fiz uma com o Djodje, e quando lancei a versão deluxe do meu primeiro álbum acrescentei mais 10 temas e o Dino D’Santiago e o Loony Johnson acabaram por participar. Então, nesse concerto em Lisboa vai ser a primeira vez que vou cantar com todos eles no mesmo palco e receber energias fortes dos meus irmãos de Cabo Verde. Estou muito feliz e contente, e mais ansioso do que tudo por esse show. Vai ser muito especial.

Obviamente, agora estás focado na tour e em promover o segundo álbum, mas já estás a pensar em música nova, em quais é que são os próximos passos?

Claro que sim. A ansiedade também não é pouca em termos de querer criar mais. Tenho muitas coisas pelas quais estou a passar neste momento na minha vida que quero expressar. Isso acontece sempre. Os músicos estão sempre a querer fazer coisas novas, e quando há um momento de inspiração, pegas num voice note, começas a fazer alguma melodia ou letra, e sai naturalmente. Nada com pressão, é tudo naturalmente, acho que essa é a melhor maneira de fazer música. Mas estou ansioso porque tenho muitas ideias e não estou a conseguir gravar neste momento.

Costumas escrever para os instrumentais, ou por vezes nascem primeiro as melodias?

Depende sempre. Por vezes mandam-me beats e começa aí, noutros casos faço melodias e gravo. Mas eu gravo as minhas coisas, tenho sempre comigo o meu computador e vou fazendo. Mas neste momento estou mesmo focado nos shows e ansioso por chegar a Portugal.


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