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Os planos de Rafael Toral para a recta final de 2025 passam por Traveling Light, um novo álbum que dá continuidade à exploração aberta no anterior Spectral Evolution. Selado pela Drag City, este conjunto de seis temas é editado em vinil, CD e digital a 24 de Outubro.
Se Spectral Evolution se centrava em concepções mais abstractas de guitarra eléctrica, o novo registo desloca-se para um território insólito: revisitar standards de jazz, filtrados no peculiar laboratório sonoro do veterano explorador e compositor lisboeta. O resultado é um exercício de metamorfose, onde canções clássicas emergem com novos contornos, suspensas entre eras musicais e dimensões estéticas.
O primeiro single, que lança um novo olhar sob “Easy Living” (1937), ilustra o gesto transformador de Toral. Com uma atmosfera noir e cadência lânguida, o músico reinventa um clássico interpretado ao longo das décadas seguintes por nomes como Billie Holiday, Bill Evans ou Rahsaan Roland Kirk. Aqui, o familiar dissolve-se em novas harmonias, deslizando com elegância sobre camadas de tempo e espaço reconfigurados. O efeito é uma balada de guitarra do século XXI, carregada de ressonâncias emocionais que soam tanto a homenagem quanto a reinvenção radical.
Com Traveling Light, Toral reata com a guitarra sem abdicar das invenções electrónicas que marcam a sua trajectória. A instrumentação expande-se ainda mais com as presenças de José Bruno Parrinha (clarinete), Rodrigo Amado (saxofone tenor), Yaw Tembe (flügelhorn) e Clara Saleiro (flauta), convidados que ajudam a embelezar algumas das faixas. Entre arranjos, improvisações e produção, o disco afirma-se como um diálogo vivo entre tradição e vanguarda, em que melodias antigas são reabertas pela fricção dos tempos modernos através de tecnologias inventadas.
Em Julho passado, o Rimas e Batidas publicou um guia para a discografia de Rafael Toral assinado por Filipe Costa, originalmente publicado em inglês na plataforma Bandcamp Daily, que podem ler aqui.
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