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Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 28/01/2019

It’s a Trap no Estúdio Time Out: um peixe fora d’água em noite de estreia

Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 28/01/2019

Aconteceu anteontem mais uma edição das festas It’s a Trap, acontecimento com ligação à plataforma online Rap Notícias, que tem vindo a ganhar crescente fôlego. Unindo-se à One Step Forward, marca portuguesa que celebrou o seu sexto aniversário, o evento que privilegia o sub-género com mais graves e sub-graves do rap decorreu até às seis da manhã no Estúdio Time Out, o andar superior do Mercado da Ribeira. Uma casa cheia que já se antevia dessa forma pelo público distinto que se passeava pelos arredores da sala de espectáculos no Cais do Sodré. Neste caso, as roupas não enganam.

Era 00h50 quando Young Boda subiu ao palco, já com a sala bem composta. As sextas do Copenhagen mudaram-se para o Time Out pela mão de João Pedro Adão, que deu o segundo aquecimento — Gonçalo & Dordius ficaram encarregues do pontapé-de-saída — do que viria a ser uma noite com muito hip hop, e sempre rodeado de amigos e habituais que iam subindo para o palco a bel-prazer ou a convite do próprio DJ ou do host Ronaldo Rómulo, dos Rush Hour Vros.

Mais do que um evento focado nas rimas e batidas, esta é uma festa onde toda a gente partilha a mesma onda, e não é só sonora. Não há comportamento ou outfit que destoe e até os trajes mais “fora” são normais. De máscaras médicas a óculos de sol, de passa-montanhas a fato treino completo, vale tudo e é muito bem-vindo.

A noite ia já bem avançada quando se divulgou a “tal novidade”. No dia anterior, a página oficial do evento postou no Twitter uma mensagem que dizia o seguinte: “Amanhã durante a festa vamos anunciar uma grande novidade!”. A boa nova era o anúncio da actuação de Comethazine, MC norte-americano, dia 6 de Abril no Lisboa ao Vivo.



Foi às 02h15 que entrou o primeiro convidado e cabeça-de-cartaz: 11 LIT3S actuou pela primeira vez em nome próprio e foi recebido com pompa e circunstância. Os ecrãs que cobrem a parede por trás da mesa mostravam as ruas de Los Angeles e a música começou a tocar. Um build up lento mas intenso, e alto (muito alto), que passados alguns segundos pediu a voz do artista. Subiu ao palco, acompanhado e de microfone em riste, para a primeira da noite – “Riri”.

Quem viu a performance do início ao fim pode ter notado que, na primeira música, o artista de Viseu mostrava alguns sinais de nervosismo, dado facilmente justificado pela inexperiência. Mas tudo ficou de lado assim que Tiago Carvalho aqueceu a voz, saltando de um lado para o outro enquanto cuspia ao microfone os seus próprios versos. O discurso ia alternando entre as letras e os repetidos mas sinceros “obrigado, Lisboa”.

Quanto ao público, este foi transportado para um registo diferente do anterior. Os ritmos de 11 Lit3s não provocam moches nem rodas de break, mas põem cada um a dançar consigo próprio ou até com o parceiro mais próximo. É algo que foge ao trap e envereda por um lado mais comercial (sem a conotação negativa). É bom e é para todos, mas soou deslocado da vertente mais bélica (e que teve um dos seus pontos altos em “Mo Bamba” de Sheck Wes).

Havia alguma curiosidade para saber como se apresentaria o músico ao vivo. Em entrevista ao Rimas e Batidas, 11 LIT3S deixou claro que era mais do que um produtor, e que queria passar essa imagem. Por isso mesmo, esperávamos vê-lo atrás da mesa de mistura, talvez com um microfone. Mas não: o produtor que já partilhou o estúdio com J. Cole entrou num palco despido de adereços e acompanhado pelo hype man Justis.

No alinhamento, os êxitos como “Lau” ou “King Kais Planet” fizeram-se ouvir. Contudo, músicas como “Favores”, cantada a solo em palco, contrastavam com a maioria do repertório e pareciam fazer adormecer um público que não queria slows, antes “too much cocaína”, parte da letra da música que fez levantar quem se sentou na berma do palco. Ao todo foram sete temas originais, cerca de 40 minutos com altos e baixos de 11 LIT3S no seu primeiro concerto “a sério”, mas onde o importante ficou feito. O nome deu-se a conhecer e o repertório foi escutado. Fica o benefício da dúvida por estar mal encaixado entre os DJ sets que criaram um ambiente totalmente diferente. E ficamos à espera de mais e melhor num outro contexto mais favorável.

A festa prolongou-se pela noite fora com Shocks49 & Game49, Kidonov & Playboi Zuka e Oseias.. Citando aquilo que mais se ouviu durante o evento: foi “boda”!

 


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