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Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 04/01/2019

Criado em colaboração com Lhast, "Over" é o mais recente tema de 11 LIT3S, artista de Viseu que está a preparar o seu álbum de estreia.

11 LIT3S: “Sinto-me bem no palco”

Fotografia: Beatriz Santos
Publicado a: 04/01/2019

11 LIT3S é um nome ainda algo estranho para os portugueses, mas certamente não por muito mais tempo.

O Rimas e Batidas foi falar com o multifacetado artista a propósito do seu mais recente single: “Over”, um trabalho conjunto com o produtor Lhast, é o primeiro esforço para entrar no mercado nacional.



Lançaste recentemente o teu novo single “Over” com o Lhast. Explica-nos como é que chegaste ao contacto com ele para produzir o vosso primeiro tema em conjunto.

Eu conheci o Lhast por volta de 2013, aqui em Portugal, quando ele estava a produzir. Eu estava cá de férias e alguém nos apresentou, acho que foi o Bruno Mota da RedMojo. Fomos a casa do Bruno e ficámos a falar durante bastante tempo, íamos falando também às vezes. Depois o Lhast foi a Nova Iorque com o Made in LX. Lá, eu e o Lhast passámos imenso tempo juntos, ele ia sempre lá ao estúdio. Brincávamos, tínhamos ideias e mantivemos sempre o contacto. Ele acabou por depois ir a Los Angeles. Quando ele chegou, eu estava lá e fomos para o estúdio, ficámos em minha casa e começámos a ideia do “Over”.

Fala-nos sobre a música em concreto.

Acho que foi uma conversa que eu tive com o Lhast. Ele estava-se a expressar e eu também sobre um tema, e saiu a ideia mútua de escrever sobre aquele assunto. Estávamos no estúdio, num apartamento num prédio de quarenta e tal andares a ver a cidade toda de LA. Estávamos todos lá em casa a beber e conviver, gostava mesmo que as pessoas vissem o ambiente que era, porque foi mesmo aquilo que nos deu inspiração para fazer o som. Mas é mais ou menos isso, tivemos aquela conversa e estávamos em sintonia, tínhamos a mesma história para contar. O que eu fiz foi interpretá-la. Falámos, ele ajudou-me com a letra mas eu interpretei a ideia.

O “Over” é sobre o que acontece quando uma relação, depois de vários anos ou independentemente do tempo, começa a ficar seca. Começa a existir falta de vontade de falarem um para o outro – já não há nada de novo. E vem a ideia de conhecer uma outra pessoa que te traz aquela energia de noite de núpcias novamente, e vem a traição. Depois vem um pouco a pena… Não será pena, mas talvez a empatia pela pessoa que traíste, mas essa pessoa já não liga nenhuma.

Explica-me esta história de Nova Iorque, Los Angeles… Tu vives onde?

Eu acho que vivo em Portugal [risos]. Tenho uma casa em Viseu e tenho lá um estúdio, é o meu poiso fixo. Gosto de ir para LA três meses, depois mais um mês em Londres, porque gosto de estar sempre a conhecer pessoas novas, experiências novas e isso. Vou sempre para LA quando é para me concentrar, fi-lo quando estava a fazer o álbum. Estava a trabalhar nas músicas que tenho agora, isso foi tudo em LA. Vou lá mais criativamente, não tenho uma casa lá. Vou lá para trabalhar mesmo a sério. Cá estou sempre mais tranquilo.

E o “Over” foi gravado onde?

Cá e lá. A maioria em LA, mas acabamos cá o som, em Viseu.

Não faz diferença gravares a mesma música em dois estúdios diferentes?

É muito melhor ser tudo gravado num só sítio, mas neste caso a música não estava acabada por isso teve que ser assim. Mas não acho que faça grande diferença, a não ser pela vibe. Tens que pegar na vibe em que estavas antes.

Quem canta és tu. Foste tu que escreveste também?

Sim, a voz é a minha e fui eu que escrevi. Compus quando estávamos em LA. Estávamos eu, o Duda, o Alley, o Denis e o Rafa todos lá no estúdio ao mesmo tempo, por isso escrevemos o refrão e os versos maioritariamente todos juntos. Depois cheguei a Portugal e afinei tudo para uma cena mais pessoal.

Nas outras músicas a voz também é a tua?

A voz é sempre a minha. Já não me considero 100% produtor. Eu produzo, sim. Mas 11 LIT3S não tem nada a ver com produção. Comecei como produtor. O meu trabalho desde os 12 anos foi sempre focado nisso – nunca quis ter nada a ver com a voz.

E como é que começaste a meter a tua própria voz nos teus sons?

Foi um processo lento. Foi uma coisa de estar a trabalhar para outras pessoas e sentir que tinha algo mais para dar, que me queria expressar melhor artisticamente, e com som apenas não conseguia. Foi um processo de alguns dois anos, lento. Houve várias vezes que pensei, “não, isto está ridículo, estou ridículo neste som”, depois acontecia sempre alguma coisa… Estive para desistir de fazer as vozes, a certo ponto. Mas depois acabo sempre por me sentir puxado para voltar.

Eu nunca tinha cantado, é natural que não me soasse muito bem. Ainda hoje é um trabalho que passo todos os dias a praticar para ficar melhor. Lembro me de um dia específico em Londres em que eu acordei – tive uns pensamentos à noite; estava a ouvir umas coisas – e pensei que isto não era para mim, que não era isto que eu queria. Tive uma conversa profunda com um amigo meu, que acaba por ser o meu Creative Director, que viaja comigo para todo o lado, o Walé Raji, e ele concordou que se eu não queria cantar, não devia cantar, mas depois comecei a fazer um beat, peguei no microfone e acabei logo a cantar outra vez. É uma coisa à qual já não consigo fugir.



Quanto ao mercado português: este som vem nessa onda de quereres entrar no mercado da música nacional?

O som com o Lhast aconteceu organicamente, não foi nada com uma ideia definida. Aconteceu organicamente, mas sim: claro que gostava de me meter nos ouvidos dos portugueses. É daqui que eu venho e quero começar aqui para depois espalhar-me internacionalmente.

E o que é que tu achas do que se faz cá em Portugal, tanto a nível de produção como de rap?

Há coisas que infelizmente não passam lá para fora, mas têm toda a qualidade e vibe certa para isso. O português, como é óbvio, tem barreiras, mas em termos de qualidade e de vibe acho que está a par de tudo o que se passa lá fora.

Mas se o português tem barreiras e o nosso mercado é relativamente fechado (é raro o hit que sai de Portugal para o estrangeiro) continuas a preferir basear-te cá na mesma?

Eu não me estou a basear cá, estou simplesmente em Portugal agora e gostava de antes de ir lá para fora, porque aqui ainda ninguém me conhece, deixar crescer uma sementezinha para depois ir para o estrangeiro, que é mesmo essa a minha ideia. Mas pelo menos planto uma sementezinha agora para o pessoal cá em Portugal saber que eu existo.

Até porque tu em LA já tens uma rede relativamente bem construída.

Sim, dentro da indústria sim.

E colaborações com mais portugueses? É algo a explorar?

Talvez com produtores. Eu quero focar-me apenas nas minhas coisas. Quero primeiro pôr a minha visão cá fora e depois fazer featurings. Mas neste momento não estou à procura de fazer colaborações com artistas que cantem em português, só se for organicamente, porque a minha ideia e o meu plano não é esse. Mas se acontecer naturalmente sim, claro que sim.

E fala-nos do teu álbum que está para sair. Samsara?

Sim, Samsara, em princípio acho que será esse o nome. O Samsara tem músicas que são momentos que vivemos em LA, e agora estou a criar mais músicas que são momentos que estou a viver aqui. Por isso estou a tentar encontrar o casamento das músicas de agora com as de antes para caberem bem no álbum. Ainda estou a escolher a tracklist, estou a fazer músicas novas e estou à espera de saber o lançamento perfeito para elas. Ainda está no laboratório. Não tem data de lançamento, vamos lançando singles. Ainda sem regras.

Tens colaborações, alguma que tenha mesmo que estar no álbum e que já sabes que queres incluir?

Não, nada. Este álbum vai ser a introdução à minha cena, por isso vou ser mesmo só eu. Só há colaborações em termos de produção e mistura. Tenho o Beatoven, temos um som. Também trabalho com o Here’s Johnny em termos de mistura. Ele mistura e masteriza os meus sons. Aí sim, também estou à procura de trabalhar com o Johnny em termos de colaboração – um som nosso, mesmo comigo e com ele. Também gostava de trabalhar com o Fumaxa, estive com ele e gosto imenso. E do Lhast acho que também, mas trabalho maioritariamente com a minha equipa de produção que é a TRIFECTA, que são uma malta que conheci de férias em Cantanhede, na Praia da Tocha. Conheci-os lá, eles já tinham ouvido o “LAU” e vieram ter comigo. Acordámos um contrato e eles agora tocam em tudo. São putos que por acaso acho que vão fazer grande barulho cá em Portugal.



E como é que aparecem o Beatoven e o Here’s’ Johnny?

O Duda introduziu-me ao Beatoven. O Duda é quem trabalha com o Lhast, é o manager dele. Estávamos em LA e ele mostrou-me um pack de sons, eu escolhi um, trabalhei-o e vai ser o próximo single que vai sair. O Here’s Johnny foi através do Made in LX. Eu já queria trabalhar com ele há muito tempo. Sou grande fã do que ele faz. Fui ao estúdio dele, fomos apresentados e demo-nos muito bem. Trabalhamos muito bem, temos os dois uma visão similar.

Sentes que isso ajuda? Ter um laço de amizade ou uma boa relação pessoal com a pessoa com quem estás a fazer um beat. Ou achas que ter uma relação estritamente profissional é mesmo o mais produtivo?

Não, acho que é preferível amizade. Com o Lhast estamos juntos e divertimo-nos, também já o conheço há mais tempo. Com o Here’s Johnny é mais profissional. Eu e o Lhast já nos conhecemos há muito tempo. Estivemos em LA, conhecemos pessoas juntos… É mais uma amizade e é mais fácil de trabalhar. Não há pressão nenhuma, nunca há pressão. Nós vamos para o estúdio e divertimo-nos. É como jogar jogos!

E daqui para a frente como vai ser a carreira do 11 LIT3S?

Vou continuar a lançar singles. Vou trabalhar bem, que estou sempre focado em Portugal, mas também estou a trabalhar com equipas de marketing lá fora. Por isso acho que vão sair grandes sons, e cada um que faço fica melhor e melhor, daqui a pouco estamos aí a bombar [risos]. E temos concertos! Não tenho datas mas tenho conversas. Em Janeiro já vou fazer um concerto em Lisboa, se tudo correr bem. Fevereiro também estamos a planear datas, por isso em Fevereiro/Março temos concertos.

Pois é, a primeira vez que actuaste ao vivo foi há relativamente pouco tempo. Nisto do actuar ao vivo ainda és relativamente inexperiente.

Foi. Sinto-me bem no palco. Adoro mesmo. Foi uma experiência que gostava de repetir. Gostava de tocar estes concertos cá em Portugal para me amadurecer no palco, para depois ir fazer concertos maiores no Verão, que já estou a planear.

Festivais de verão?

Não sei se posso dizer… Acho que ao vivo é onde me posso expressar melhor. Eu já fiz um concerto pequeno e gostei bastante, é mais pessoal. Mas o poder de estar com um público maior… Eu gosto imenso de colunas e música alta. Acho que quando estás no palco a sentir tudo a tremer. Dá-te outra força. Eu gosto de palcos grandes! É isso.


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