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Fotografia: Rui Caires
Publicado a: 06/07/2022

Em memória de Stepa J. Groggs.

Injury Reserve na Galeria Zé dos Bois: entrega total num espectáculo visceral

Fotografia: Rui Caires
Publicado a: 06/07/2022

No passado sábado, dia 1 de Julho, a Galeria Zé dos Bois estava a rebentar pelas costuras quando os Injury Reserve tomaram conta do palco. Ritchie With a T e Parker Corey não chegaram aqui ontem e a expectativa era muita para os ver em acção no “aquário” da sala lisboeta. Por um lado, há o sólido catálogo que o grupo tem vindo a construir desde a sua estreia, em 2015, com Live From The Dentist Office, e que gostaríamos de experienciar ao vivo. Por outro, existe também a curiosidade em perceber como é que este projecto se move sem um dos seus membros fundadores — a morte precoce de Stepa J. Groggs, há um par de anos, fez o trio virar dupla.

Lançado em Setembro de 2021, By the Time I Get to Phoenix foi o primeiro disco dos Injury Reserve já sem o malogrado MC em vida, embora a sua voz apareça registada em alguns momentos. Como seria de esperar, o luto tomou conta da sonoridade das 11 faixas que compõem esse último trabalho. As emoções que escorrem da ponta da caneta de Ritchie são como golpes no dorso e as caóticas produções de Parker remetem-nos para a ideia de auto-flagelo, fazendo com que a quinta obra do grupo seja a mais difícil de digerir de todas.

Em palco, o duo soube honrar a memória do amigo e colega da melhor forma e lidaram bem com toda essa carga emocional em torno do grupo. Uma versão de “Knockin’ On Heaven’s Door” fazia antecipar a entrada dos dois artistas em cena, eles que se foram posicionando enquanto o tema tocava, antes da rápida transição para o concerto. Parker Corey pareceu sempre um cientista louco a operar o seu Push, da Ableton, saturando cada canção com elevadas doses de distorção. Ritchie With a T largava verso atrás de verso com uma dicção ultra-precisa e evitava ao máximo expressar as emoções durante as transições entre faixas.

O alinhamento de By the Time I Get to Phoenix manifestou-se exactamente pela mesma ordem naquela noite na ZDB. “Superman” foi, por isso, a primeira a gerar um grande coro por parte do público, que em uníssono entoava cada um dos “ain’t no savin’ me, ain’t no savin’ me or you” que se escutam na letra, permitindo ao rapper descansar a sua voz naqueles momentos, enquanto sorria ao fitar aquele pequeno mar de cabeças a enviar-lhe as melhores vibrações possíveis. “Smoke Don’t Clear” ainda nos fez pensar se não estaríamos entrado, por engano, num espectáculo de Death Grips, enquanto “Postpostpartum” nos levou a bater no fundo e ir ao céu em menos de quatro minutos e “Knees” nos deixava, claro, de joelhos perante o arsenal sónico e a carga emocional que se fazia sentir dentro da sala.

“Bye Storm” colocaria tudo em stand-by, com o par a desaparecer por entre a intensa fumaça que pairou no ar durante todo o concerto. Regressariam pouco depois para um segundo round, mais curto, que consistiu numa selecção com algumas das canções mais populares de sempre do grupo — não nos faltaram “Ttktv”, “All This Money”, “Oh Shit!!!” ou “Jailbreak the Tesla”, sendo esta última aquela que daria por encerrado o alinhamento planeado pelos Injury Reserve. Só depois da música terminar é que Ritchie se dirigiu à plateia em tom de agradecimento, já agastado depois de uma energética performance mas, certamente, de coração cheio ao ver uma casa tão bem composta e animada para os receber — “significa muito receber este vosso apoio quando estamos a tocar tão longe de casa”, começou por dizer, não saindo de cima do palco sem antes indicar o caminho para a banca de merchandise e disponibilizando-se para assinar os materiais adquiridos.


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