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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/02/2023

Improvisações Cristalizadas foi criado pelo músico dos Mler Ife Dada na sequência do mítico Sagração do Mês de Maio.

Holuzam lança disco “perdido” de Nuno Rebelo

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 02/02/2023

Improvisações Cristalizadas é o título do álbum “perdido” de Nuno Rebelo que a lisboeta Holuzam lançará no próximo mês de Maio em vinil, CD e demais formatos digitais.

Rebelo é um incontornável nome da modernidade musical portuguesa: formou os Street Kids no arranque dos anos 80, grupo importante da micro-cena pós-punk nacional que em 1982 assinou o álbum Trauma; o passo seguinte da carreira do guitarrista, compositor e produtor foi a criação dos Mler Ife Dada, grupo com que editou dois álbuns em 1987 e 1989, Coisas que Fascinam e Espírito Invisível, respectivamente – dois dos mais requintados exemplos de art pop criados em Portugal nessa época. Pelo meio desses dois registos, Rebelo criou Sagração do Mês de Maio, uma ambiciosa obra que a Valentim de Carvalho lançou num duplo LP em 1989. Essa “sinfonia” resultou de uma encomenda da Associação Manobras de Maio, que à época organizava uma das mais importantes mostras de moda do nosso país. O disco permanece hoje como objecto de desejo para coleccionadores, uma obra de arrojada vanguarda que no Discogs troca de mãos por preços que começam nos 200 euros.

As notas de lançamento de Improvisações Cristalizadas lançam alguma luz sobre este até agora inédito registo:

“Álbum inédito e ‘escondido’, mas perfeitamente formado, gravado em 1989-90 por Nuno Rebelo na sequência do seu duplo LP Sagração do Mês de Maio. As faixas transmitem um sentimento de curiosidade investigativa em relação à composição informática e soam maravilhosamente artificiais. Títulos como ‘Moon OK’, ‘Tiny Space Ships’ ou ‘Dança Das Creaturas Elásticas’ incorporam esta ideia de outro mundo, um tipo de música realmente proveniente de outro lugar, composta e tocada por criaturas elásticas. Apresenta as qualidades funcionais da Library Music, ilustrando tanto a música lúdica como os momentos de humor e densidade. Desta forma, o álbum apresenta-se como uma banda sonora para imagens em movimento, claro, mas com enquadramentos invulgares e ângulos nítidos. Um objecto único na vanguarda portuguesa, mantendo a sua distância da Academia mas também de lançamentos independentes contemporâneos (Plux Quba de Nuno Canavarro ocorre-nos)”.

As mesmas notas revelam ainda alguns preciosos detalhes técnicos que ajudam a enquadrar este disco no seu tempo:

“Pequenas peças electrónicas compostas em 1989-90 com recurso ao computador Atari 1040ST com software Steinberg Pro24, dois módulos de som Yamaha (TX81ZX and TG55) e um Ensoniq Mirage Sampler com teclado. O método de composição de cada peça evoluiu de uma curta improvisação no teclado Mirage, gravada em MIDI, para o computador. As permutações de contraponto (inversão, reversão, reversão invertida, transposições) foram então aplicadas através do software, distribuindo as variações da improvisação inicial por outros timbres. Nenhum outro material musical foi utilizado”.

Esta edição com selo Holuzam – label que recentemente entrevistámos a propósito de uma monografia sobre a Cliché Música e que já reeditou material de arquivo de grupos como Telectu e DWART, além de material inédito de Vítor Rua – tem data de lançamento marcada para o próximo dia 5 de Maio.


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