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Fotografia: Ivo Lázaro
Publicado a: 07/05/2019

O rapper e produtor da Superbad actua esta semana no Festival Académico de Lisboa.

Holly Hood: há vida antes d’O Dread Que Matou Golias

Fotografia: Ivo Lázaro
Publicado a: 07/05/2019

Três anos depois de “Qualquer Boda”, primeiro single d’O Dread Que Matou Golias, não há como esquecer o nome de Holly Hood na hora de citar os melhores rappers da praça na actualidade. Antes do álbum de estreia lhe virar a carreira (e o rap tuga) do avesso, os donos dos grandes palcos ainda não tinham reparado neste talento da Linha da Azambuja, mas os radares do movimento já o tinham detectado há muito.

As participações em Gancho ou Casca Grossa (no microfone e, embora mais discreto, na produção) reforçaram-no como artista emergente e deram-lhe outro brilho ao currículo. Afinal, produzir com o mesmo empenho com que se escreve não é para todos, só que ainda havia quem olhasse para Holly Hood como a eterna promessa que apenas aparecia ao lado de Gula, e até se compreende: antes do tempo provar que tinha muito mais para dar do que alguns featurings de ocasião, as suas presenças mais marcantes eram quase sempre ao lado de Bellini — ou dos seus Show No Love.



E foi mesmo no colectivo que reunia Johnny Johns (ou Here’s Johnny), Rob (a.k.a. Stone Jones), Holly Hood, Short Size, Zuka e El Loko que David se fez Dread — 9 Miller e No Money viriam a juntar-se à família alargada da Superbad, muito antes de “Limonada” ou “Veneno” verem a luz do dia. O MySpace ainda respirava quando, algures em 2008 ou 2009, a crew da nossa LA se começou a afirmar no underground português em grupo, mas essencialmente a solo. Numa altura em que a procura da perfeita repetição parecia menos importante do que ir ao encontro da métrica de sonho, o flow e a técnica eram, muito provavelmente, os temas quentes do hip hop tuga e não existiam rookies mais impressionantes do que Holly Hood e companhia na hora de dar uso à caneta.



Mas o burburinho já vinha crescendo há mais tempo e voltar a Regula é inevitável. Os mais atentos já conheciam um tal 2 D’Ouro, depois de uma batalha com Ferry (sim, esse mesmo) que acabou por correr meio mundo — a comunidade era pequena e quase todos viam tudo ou, pelo menos, ouviam falar. Mesmo assim ninguém esperava que pouco depois, em 2007, Holly Hood aparecesse completamente transformado e pronto para se impor. Em Novembro, David Vital surpreendeu todo um movimento com o seu verso na mixtape Kara Davis, para logo a seguir, em Março de 2008, brindar quem o seguia com um acapella que, meses mais tarde, se tornaria icónico, já no alinhamento de Lisa Chu.



Da primeira batalha à edição de “Qualquer Boda” passaram pelo menos 10 anos. Entretanto, e antes de explodir em definitivo, Holly Hood não lançou assim tanta música, nem deu assim tantos concertos. Por outro lado, quando apareceu, fê-lo com a certeza de quem persegue o pódio sem abrandar. Parece inegável que a paciência é uma virtude mas uma coisa é certa: mesmo na sombra, só não o viu passar quem não quis.


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