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Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/10/2021

Começa esta quinta-feira.

Guia ReB para o Semibreve 2021

Fotografia: Direitos Reservados
Publicado a: 25/10/2021

De 28 a 31 de Outubro, o festival Semibreve, dedicado às vanguardas da música electrónica e artes digitais, regressa a Braga com sete estreias mundiais e um programa múltiplo que incluirá concertos, instalações, performances duracionais, workshops, conversas e peças audiovisuais.

Depois de uma última edição em formato híbrido, dividida entre o Mosteiro de São Martinho de Tibães e o espaço virtual, a edição de 2021 – a 11ª na história do festival – passará por diversos espaços da cidade, dos habituais Theatro Circo e gnration à Capela Imaculada da Conceição, o Salão Medieval da Universidade do Minho e o Santuário do Bom Jesus do Monte, que acolherá o concerto de abertura do festival, e terá nas 10 edições que lhe antecederam a sua principal matéria temática, convidando um notável “leque de artistas que fazem parte do percurso do festival”: de Laurel Halo a Oliver Coates, Klara Lewis e Nick Void, passando também por Rabih Beaini, Supersilent (por via de Deathprod) e Rafael Toral.

Em jeito de antevisão, recapitulamos a 11ª edição do Semibreve a partir de quatro planos principais: concertos e performances duracionais, conversas, instalações e focos, uma nova iniciativa focada nos valores emergentes da eletrónica feita em Portugal.



[Concertos e performances duracionais]

Pela primeira vez na história do festival, o Semibreve irá apresentar um concerto de abertura: a Basílica do Bom Jesus do Monte, Património da Humanidade da UNESCO, será o ponto de encontro entre Christina Vantzou (The Dead Texan) e John Also Bennett, isto é,  CV & JAB, que apresentarão o seu primeiro espetáculo em território nacional no dia 28 de Outubro.  

O programa de concertos apresentará também encontros únicos, em estreia mundial, entre a harpista norte-americana Zeena Parkins (conduz um workshop de improvisação no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga a 29 de Outubro) e o artista multidisciplinar português André Gonçalves; as electrónicas da sueca Klara Lewis e da britânica Nik Void com o o cinema em tempo real do português Pedro Maia; o regresso do libanês Rabih Beaini para um espetáculo com as harpistas portuguesas Angélica Salvi e Eleonor Picas; e o encontro em palco entre a compositora norte-americana Laurel Halo e o violoncelista britânico Oliver Coates, momento que suscita particular interesse dada a profícua relação entre os dois (cruzaram caminhos em Raw Silk Uncut Wood e têm vindo a explorar recentemente os universos das trilhas para cinema, como aconteceu em Possessed).

Em estreia absoluta no festival estará também Time Bridges, trabalho que inaugura uma nova etapa na seminal carreira de Rafael Toral, bem como o colectivo norueguês Supersilent, nome maior do agitado mapa do jazz norueguês que tem Helge Sten (Deathprod), Arve Henriksen e Ståle Storløkken na sua formação.

O Semibreve apresentará ainda duas performances duracionais, especificamente concebidas para o festival, da compositora norte-americana Yvette Janine Jackson (interpretada ao vivo pela australiana Judith Hamman) e da britânica Flora Yin-Wong, que irá estrear a peça Sea of Fertility, situada entre a performance ao vivo e a instalação sonora, através de um sistema de som quadrifónico.



[Conversas]

A encomenda de novas obras tem sido marca em festivais de vanguarda um pouco por todo o mundo, dos holandeses Rewire e Le Guess Who? ao polaco Unsound. O Semibreve não é exceção. A edição de 2021 vai contar com sete novas encomendas, juntando alguns dos mais fundamentais músicos e compositores de hoje em palco pela primeira vez. Assim, o plano de conversas deste ano vai recair sobre os processos subjacentes a três dessas novas peças. 

A 29 de Outubro, Rui Miguel Abreu modera uma palestra online sobre a colaboração remota entre Yvette Janine Jackson e Judith Hamann, cuja peça para electrónica e violoncelo será apresentada dois dias depois no Salão Medieval da Universidade do Minho. A 31 de Outubro, no gnration, o director do ReB, jornalista do Blitz e radialista da Antena 3 discute o desenvolvimento de uma peça eletrónica multicanal de Flora Yin-Wong. O artista e pesquisador Heitor Alvelos falará, no dia 30 de Outubro, sobre o processo de colaboração entre o produtor e DJ libanês Rabih Beaini e as harpistas Angélica Salvi e Eleonor Picas.



[Instalações]

Os universos da música electrónica e das artes digitais andam continuamente de mãos dadas e, como tal, não podia faltar o habitual programa permanente de instalações do Semibreve. 

Christian Skjødt Hasselstrøm, vencedor do prémio Enigma Semibreve Award 2021, que visa celebrar e promover a criação de trabalhos que explorem a interatividade, o som e a imagem através do recurso às tecnologias digitais, vai apresentar a obra Radar L/410ª. Recorrendo a tecnologia de radar, a peça explora a relação entre tecnologia, o ser humano e o contexto físico no qual se encontra, transformando “o local expositivo num ambiente sonoro imersivo”.

Destaque ainda para Éter, peça audiovisual produzida pela Sonoscopia no âmbito do ciclo de residências artísticas “Amar o Minho” que constrói uma narrativa sonora e visual a partir do espaço e da natureza que circunscreve a região de Vizela; e para as obras vencedoras do Edigma Semibreve Scholar Award Cantus Discantus, de Tomás Quintais; Untitled – An Anthropogenic Installation, de Andreia Martins, Gonçalo Bernardo, Luís Costa e Martim Chaves; e What’s This?, de João Guimarães e Vasco Santos.



[Focos]

Entre as novidades para a edição de 2021 estará o Foco, iniciativa centrada em colectivos emergentes nacionais que este ano destaca as editoras/colectivos artísticos Mera e Turva, que apresentarão “sessões de cariz audiovisual pensadas de raíz para o festival”.

“À deriva num tempo sem futuro”, lê-se na descrição do Bandcamp da Mera, o colectivo ultra-digital do Porto propõe, para o showcase agendado para o dia 30 de Outubro, no gnration, uma instalação audiovisual que convida os ouvintes “a mergulhar no ambiente envolvente”, tornando-os em “agentes dinâmicos no espaço”.

A Turva, por sua vez, vai preconizar um serão “explosivamente multidisciplinar composto por concertos, música eletrónica e acústica, performances e artes visuais”. A amostra, que acontece no dia 31 de Outubro, novamente no gnration, incluirá “música mas também imagem, criação e produção, muitos discos e um fluxo interminável de diferentes objetos artísticos”, reforçando o desejo de Alexandre Alagôa e Luís Neto — fundadores do projeto editorial cuja breve mas promissora história deu origem a uma compreensiva conversa no Rimas e Batidas — de fazer da Turva muito mais do que uma editora discográfica.


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