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Publicado a: 12/09/2018

De Goodies de DJ Glue ao evento com lendas portuguesas e DJ Jazzy Jeff: os mais recentes voos da Parkbeat

Publicado a: 12/09/2018


[TEXTO] Alexandra Oliveira Matos [FOTOS] Hélder White [VÍDEO] Luis Almeida

Lançar o Goodies foi “quase uma imposição da indústria”, confessava DJ Glue em entrevista ao Rimas e Batidas em Maio. Quatro meses depois e com a edição física nos pratos, o autor do primeiro trabalho lançado com o carimbo Parkbeat Records não mudou de ideias nem em relação às músicas que produziu, nem em relação ao seu lugar na música: a produção é algo em que não está focado.”Editar um disco por uma editora independente só em vinil é tipo um marco, um statement“, sublinha Glue, uma declaração que João Pedro Moreira corrobora. O responsável pela editora nascida em Fevereiro acrescenta ainda que este trabalho vai “marcar” a carreira de Miguel Negretti “para sempre”.

Com vídeos de Goodies ainda para pôr online, a editora com a melhor vista sobre o Tejo já está a pensar noutros voos. “A Parkbeat Records surge como forma de dar voz aos artistas de que gostamos, aos artistas que passam por aqui, aos DJs que passam por aqui”, afirma João Pedro Moreira. Entretanto a família cresceu com os Mazarin. A banda jazz com “algumas influências de hip hop no seu imaginário”, como a descreve João Pedro, está a trabalhar e vai até abrir o primeiro evento da Parkbeat fora de portas.

O Parkbeat Legends é no dia 13 de Outubro no Capitólio, em Lisboa, porque JPM achou “que o PARK seria pouco a nível físico para albergar o Jazzy Jeff e as pessoas que o querem ver”. O que o DJ mundialmente famoso vai tocar estará no segredos dos deuses. “O Jazzy Jeff acho que é daqueles DJs que nunca faz um set igual e isso é muito bom”, adianta João Pedro Moreira. Quanto aos nomes que foram surgindo neste cartaz irresistível, o responsável do evento diz que convidou “DJs que tivessem skills, bom gosto e saibam fazer festa”. Os Mazarin abrem com um tributo a J Dilla, Kwan e Kronic reforçam os seus sets com Carlão, Sam the Kid, Mundo Segundo e Chullage. Ainda há palco para DJ Glue, Nel’Assassin e os Beatbombers.

 



Passaram alguns meses do lançamento de Goodies. Qual é a tua relação com o projecto neste momento? Alterarias alguma coisa?

[DJ Glue] Eu acho que não alterava nada. Aliás, eu acho que só agora é que estou a receber muito mais feedback das pessoas e agora é que sinto que está a chegar a muito mais gente, cada vez mais. Por isso, não alterava nada. Simplesmente estou a usufruir desse feedback.

E qual é que tem sido esse feedback?

[DJ Glue] Tem sido muito bom. Tem havido muito bom feedback pelas músicas, mas não só, também muito pela edição física do disco. Toda a gente diz que está brutal e que era preciso mais coisas assim, que sejam pensadas desde a música até aos visuais, até à parte física. O Goodies é assim, foi tudo pensado, está tudo linkado umas coisas com as outras. O feedback tem sido nesse sentido, que está brutal todo o conceito. Vídeos só saíram ainda dois, mas vai tudo na mesma linha.

O que muda com a edição em formato físico? Torna o Goodies mais sério?

[DJ Glue] Para mim não é mais sério, para mim é a cena. Porque editar um disco por uma editora independente só em vinil é tipo um marco, um statement. Para mim, como DJ, poder editar só em vinil, apesar de ter em digital nas outras plataformas, é brutal mesmo.

Disseste na primeira entrevista que o artwork estaria relacionado com os vídeos. Podes falar-nos um pouco do conceito?

[DJ Glue] O conceito não foi só uma ideia minha, foi feito em conjunto com a Solid Dogma. A única coisa que eu quis que fosse feito mesmo assim foi que as pessoas entendessem que existe uma ligação e que o Goodies era um universo. Isso sente-se tanto na edição física como nos visuais e nos vídeos que ainda vão sair. Toda a gente vai sentir essa ligação.

Quando é que saem mais vídeos?

[DJ Glue] O próximo sairá no final de Setembro, depois outro em Outubro e outro em Novembro, Dezembro.

Deste às músicas os nomes dos artistas que convidaste. Qual foi o intuito? O desafio foi maior para ti ou para os artistas, é que, por exemplo, na música do Karlon com o Carlão o casamento não é expectável?

[DJ Glue] No caso da música do Karlon e do Carlão a intenção era, uma vez que o Karlon canta em crioulo, que o Carlão explicasse em spoken word um bocadinho o que o Karlon estava a cantar. E um bocado desmistificar, embora o crioulo já esteja na boca do mundo há muita gente portuguesa que não entende. Então, a ideia era mesmo essa, era fazer esse paralelo entre o crioulo e o português e tinha de ser com eles os dois.

 



Foi um desafio…

[DJ Glue] Eu acho que não foi desafio para ninguém porque foi muito natural. O Karlon é um dos gajos mais pros que conheço a trabalhar, a parte dele foi feita de um dia para o outro. Eu mandei-lhe o beat e ele mandou-me a letra final passado umas horas. Depois expliquei ao Carlão o que eu pretendia e depois o Carlão também fez muito rápido. Fui tudo muito fluído.

Tens alguma música preferida?

[DJ Glue] Não posso dizer que tenha uma música preferida. A minha cena preferida é mesmo ter um EP em vinil.

Já estás a pensar em novos projectos?

[DJ Glue] Agora eu gostava muito de fazer uma coisa, não expus esta ideia a quase ninguém, de construir uma banda e fazer uma interpretação do Goodies. Como se fosse um live act com banda, mas meio freestyle. Ter a banda como base, mas depois escolher pessoas que fossem boas a improvisar e construir um concerto com isso.

Vais continuar a produzir?

[DJ Glue] Vou continuar a fazer algumas coisas, não estou muito focado nisso. Prefiro fazer os meus próprios edits para tocar e utilizar coisas que aprendi a produzir o Goodies para continuar a evoluir como DJ, muito mais do que focar-me em produzir discos.

Dessas coisas que dizes que aprendeste, há alguma que destaques?

[DJ Glue] Há uma pessoa muito importante no Goodies que foi o Here’s Johnny, que me ensinou bastantes coisas de como produzir um disco e passei algum tempo com ele no estúdio quando foi a mistura e a masterização. E houve mesmo algumas coisas de produção em que ele me ajudou no Goodies. Aprendi bastante, novas técnicas que vou usar futuramente.

Não posso deixar de te perguntar, João Pedro, qual é a tua opinião sobre o Goodies?

[João Pedro Moreira] Para nós foi uma oportunidade termos o Miguel connosco mais uma vez, desta maneira mais oficial porque ele sempre esteve envolvido com o PARK. Quando pensámos em lançar a Parkbeat Records foi quase na altura em que o Glue estava a terminar o disco, eu acompanhei também, nós partilhávamos um contentor no Village Underground e fui acompanhando o processo. Quando surgiu a ideia da Parkbeat Records foi logo imediato a proposta do Miguel assinar connosco e lançar o EP. Ele mostrou-me a artwork toda, adorámos. Não há nada melhor do que um conceito forte e um conceito bom. Funciona como um todo: visualmente, o ambiente sonoro, as atmosferas estão todas ligadas. Há pouco estavas a perguntar-lhe sobre o formato físico… ter um disco, uma coisa palpável, é completamente diferente. Isso vai-se perdendo, mas ao mesmo tempo que se vai perdendo vai-se ganhando, há outras pessoas que estão muito mais ligadas ao vinil, a ter esse objecto, olhar para ele e tocar, pô-lo a tocar em casa. Há pessoas para tudo neste momento. Nós quisemos fazer este item de colecção, no fundo são 500 exemplares, que vai marcar a carreira dele para sempre.

 



Como surge a ideia de fazer a Parkbeat Records?

[João Pedro Moreira] A Parkbeat Records surge como forma de dar voz aos artistas de que gostamos, aos artistas que passam por aqui, aos DJs que passam por aqui. Alguns são produtores, outro não são, mas no fundo é juntar tudo. É termos o Kronic também, é termos o Riot, termos o Big, o Kwan, o Glue. Pessoas que estão ligadas ao PARK e que neste momento podem ter a Parkbeat Records para lançar as suas produções.

Que artistas procuram? Qual é a identidade da editora?

[João Pedro Moreira] Obviamente o nosso imaginário anda à volta do hip hop, mas posso dizer-te, já é oficial, que vamos assinar com os Mazarin que são uma banda de jazz que tem algumas influências de hip hop no seu imaginário e que vão começar a produzir um disco e vamos assinar com eles. O nosso espectro musical… e mesmo o disco do Miguel não é boom bap, é outra coisa mais evoluída noutro caminho mais electrónico que tem algumas influências de hip hop.

Qual querem que seja o vosso papel neste universo das editoras? O que consideras que vos distingue?

[João Pedro Moreira] O principal objectivo é vê-los crescer, mais do que estarmos preocupados com uma grande estrutura física. Neste momento estamos só focados na edição, focados em fazer bons discos, se não for em discos há-de ser via digital, apostar em vídeos também — que hoje em dia é a melhor maneira de propagares uma música, através da parte visual. E o nosso objectivo é só termos boa música, sermos olhados como uma label independente que aposta em coisas novas e que tem algum bom gosto, espero eu [risos].

Alguma novidade, além de terem assinado com os Mazarin?

[João Pedro Moreira] Essa para já é a maior novidade, é uma coisa assim muito fresca. O Riot anda a cozinhar qualquer coisa já há algum tempo, estou um bocado curioso para perceber porque ele também faz muitos edits nas músicas e no PARK ele sentiu necessidade de mexer um bocadinho mais com o hip hop. Neste momento estou um bocadinho curioso para perceber que híbrido é que vai sair das mãos de uma pessoa que vem dos Buraka, mas que vem também do drum’n’bass e que também ouve hip hop.

Falando do Parkbeat Legends, o que vem aí? Quando é que perceberam que o PARK podia viajar para um sítio maior?

[João Pedro Moreira] Eu percebi que o PARK tinha que sair de portas quando decidi trazer o Jazzy Jeff. O PARK tem trazido muitas pessoas cá, muitos DJs estrangeiros, mas neste caso acho que o PARK seria pouco a nível físico para albergar o Jazzy Jeff e as pessoas que o querem ver. Quisemos dar condições a essas pessoas para o verem e a par disso juntá-lo a um lineup de lendas portuguesas do DJing, principalmente, e alguns MCs que também são lendas do hip hop nacional.

 



O que é que vai acontecer ao certo, podes levantar um pouco o véu?

[João Pedro Moreira] Vai haver música de certeza [risos]. O Jazzy Jeff acho que é daqueles DJs que nunca faz um set igual e isso é muito bom. É uma pessoa que sabe ler a pista, sabe muito bem para onde vai, para quem é que vai tocar. Nesse sentido não te posso dizer o que é que vamos ouvir dele porque ele vai perceber onde vai e vai integrar-se. Eu tive o cuidado foi de juntar ao cartaz pessoas que tivessem a ver com ele, ou seja, DJs que tivessem skills, bom gosto e saibam fazer festa, olhar para a pista, dominar a pista. Estes DJs, desde o Nel’Assassin ao Glue, aos Beatbombers, ao Kwan e ao Kronic, são DJs que têm essas duas coisas: o skill e o bom gosto. Depois temos os Mazarin para abrir com um tributo ao J Dilla, que também tem muito a ver com este universo.

E o Sam The Kid, o Carlão, o Mundo Segundo e o Chullage?

[João Pedro Moreira] Esses vão ser os convidados do Kwan e do Kronic. Eles vão fazer um set em que vamos ter participações desses quatro MCs e vão passar um bocadinho pelas músicas antigas deles, mas também as novas. Não vai ser um set só fechado no antigamente, mas eu também ainda não ouvi nenhum ensaio [risos].

 


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