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Publicado a: 03/03/2016

Gabriel o Pensador mantém concerto em Angola e responde a activistas

Publicado a: 03/03/2016

Depois de ter sido publicada uma carta aberta de vários activistas angolanos que apelavam a que Gabriel o Pensador cancelasse o concerto em Luanda, sábado, 5 de Março, no festival Sons do Atlântico, para se manifestar contra o regime político do país, o rapper brasileiro respondeu através da sua página no Facebook.

“As histórias de injustiças, dificuldades e problemas, são muitas, no meu próprio país e em todos os lugares por onde passo, infelizmente, e as minhas músicas podem contribuir como sementes ou adubo para o florescer de um mundo mais livre, com mais liberdade de opinião e manifestação, menos violência e abuso de autoridade, mais respeito, mais dignidade. É isso que quero para todos os meus fãs, de todos os países, e deixar de cantar em um festival em Angola, no meu ponto de vista, não faria sentido nenhum e não contribuiria em nada na busca da realização desses sonhos”, diz Gabriel o Pensador num longo texto publicado na noite de ontem.

“Não me costumo manifestar sobre questões específicas de política local nos lugares onde passo, sejam países, como por exemplo Portugal em época de eleições, ou cidades e estados do Brasil, onde é comum pedirem-me apoio para esta ou aquela causa, em assuntos sobre os quais desconheço os pormenores e a história de cada um dos envolvidos”, defendeu-se Gabriel, que diz ter pouca informação sobre o caso do grupo de activistas angolanos que está preso desde Junho – actualmente em prisão domiciliária – onde se inclui o rapper Luaty Beirão. Ainda assim, Gabriel considera que as detenções foram “arbitrárias”. “Não me senti à vontade como estrangeiro para publicar algo sobre o assunto, na época da prisão deles, não sabia muito, não queria e não quero empunhar esta bandeira específica deste caso específico deste grupo específico de pessoas”.

“Prefiro entrar nestes temas, ligados de certa forma à política, através das músicas, de algumas músicas, de vez em quando, quando isto vem naturalmente no meu coração, e não o faço por obrigação ou para posar como revolucionário. Sou apenas um rapper. Minhas atividades sociais faço por fora, por minha conta, há anos, e também só porque tenho vontade (…) Chega a ser redundante eu falar isto. Basta ouvirem as letras de Chega e Até Quando, por exemplo, que estarão no show”.

[“Quero mesmo participar, reatar meus vínculos com os angolanos”]

O rapper debateu com vários fãs a questão nos comentários da publicação no Facebook, e defendeu sempre o ponto de vista de que a sua música fala “em nome de muitas pessoas (…) que não desfrutam da mesma liberdade de expressão”, e que isso é motivo suficiente para continuar. Por várias vezes, o carioca mencionou ainda o seu gosto por Angola: “Quero mesmo participar, reatar meus vínculos com os angolanos, visitar novamente o país que eu amo e carrego tatuado no meu braço, e levar mais uma vez minha mensagem através da música”.

Gabriel o Pensador adiantou também que o contrato com o festival está assinado e que seria impossível cancelar o concerto, mesmo que fosse o seu desejo. Realçou que o festival não é do regime político, mas sim de um organizador privado – e português – de festivais: “gosta do meu trabalho e me vê como um cantor e não como um activista ou revolucionário. Esta confusão toda pode até inibi-lo de querer me levar outras vezes, o que eu acho uma pena, e não é pelo dinheiro, caralho, eu posso ganhar dinheiro fazendo show em muitos outros lugares. A merda é que eu gosto de Angola, estava com saudades de Angola e gostaria de continuar indo”.

Gabriel o Pensador actua mesmo em Luanda este sábado, 5 de Março, no Sons do Atlântico, com artistas como o britânico Craig David e C4 Pedro.


 

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