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Texto: ReB Team
Fotografia: Francisco Narciso
Publicado a: 24/11/2021

Com tudo (para vingar).

Faixa-a-faixa: Viver Sensivelmente de Silly explicado pela própria

Texto: ReB Team
Fotografia: Francisco Narciso
Publicado a: 24/11/2021

No seu EP de estreia, Maria Bentes convocou Pedro da Linha, EU.CLIDES, Deekapz e Charlie Beats. Apesar das contribuições destes pesos pesados, Viver Sensivelmente não deixa de ser um projecto com uma visão muito sua e carregada de música e letras que soam a algo feito por alguém que, ignore-se a redundância, vive com a sensibilidade à flor da pele.

Para o Rimas e Batidas, Silly abre-nos um pouco o jogo sobre aquilo que construiu no seu primeiro curta-duração, um passo importante para uma caminhada que se espera proveitosa (não só para ela como também para o panorama nacional).



[“INTRODUÇÃO”]

“O barulho do mar que abre o EP foi gravado na última vez que estive nos Açores, onde nasci e que inevitavelmente estará sempre muito presente no que faço. Na verdade, essa guitarra que se ouve na introdução era um outro de um tema que em tempos ponderei incluir no EP e que acabou por cair durante todo o processo. Quando digo ‘queres um bocado de chá?’ isso acaba por ser um convite a entrarem e a beber um bocadinho daquilo que sou ao ouvirem o Viver Sensivelmente.”



[“ASSOBIO”]

“O ‘Assobio’ foi o primeiro tema do EP a ficar fechado. Foi também o tema que escolhi para estar no disco dos Novos Talentos FNAC deste ano. Comecei a compor a ideia na guitarra, como todos os temas do disco à exceção do ‘Vida a Mil’. A ideia instrumental estava-me a levar para um sítio muito meu, introspectivo e antigo que no fundo culmina num refrão desleixado, meio-cantado, despreocupado como o assobio que fecha este som. O Pedro da Linha entretanto pegou na ideia, esculpiu-a e elevou tudo para um sítio muito mais bonito.”



[“VIDA A MIL”]

“‘Vida a Mil’ é o single deste EP. O tema nasce quando o EU.CLIDES em Fevereiro/Março deste ano me enviou uma ideia instrumental que tinha feito e que me deixou super inspirada criativamente. A letra foi escrita numa viagem de autocarro de Serpa para Lisboa, de forma surpreendentemente fluida e cadente, terminei os versos todos nessa viagem e, curiosamente, não voltei a viver isso em mais nenhuma letra do EP. Nessa viagem, as planícies do Alentejo foram, sem dúvida, o ponto de partida para escrever sobre a terra e usá-la como ponte-espelho para as minhas raízes que estão espalhadas por aí ou para traduzir os sítios e pessoas com quem me cruzei que já não existem mais em mim, por exemplo. O refrão levou um bocadinho mais tempo a escrever, estranhamente, mas acabou por trazer uma leveza contrastante aos versos mais ‘densos’. O incrível Pedro trabalhou depois esta canção que ainda teve algumas versões até esta que ouvimos agora.”



[“OSN”]

“É o meu tema preferido do EP. Começou por ser uma sessão no Live com o nome ‘guitarra zangada’, não que seja relevante, mas foi uma ideia que nasceu na cozinha, foi lá que comecei a ‘percutir’ a guitarra entre esses três acordes que se soam quase sempre ao longo da música. A partir daí foram-se construindo outras camadas com guitarras e versos calmos. Por norma, nunca me lembro do que sonhei, é raro acordar e conseguir descrever os sonhos que tive, dessa frustração galgo para o sonho que acaba por ser aquilo que vivo, acordada, que ambiciono. O refrão ‘Não, deixa-me andar sem noção, o que eu vivo é uma canção, à minha volta tudo é, só sonho em mim’ é, no fundo, o que tenho sentido ultimamente com todas as coisas maravilhosas com que me a música me tem brindado. ‘Ontem sonhei, mas já não me lembro’ era demasiado longo para ser título da canção, daí a sigla ‘OSN’: O de ontem, SN de sonhei. O outro final, para mim, é um dos momentos mais bonitos de todo o EP, as duas guitarras em harmonia dizem-me muito.”



[“SEM TUDO”]

“O tema ‘Sem Tudo’ foi uma ideia que nasceu no sofá há exactamente um ano com a guitarra no colo. Comecei a tocar esses acordes em loop, havia muita bossa nova ali. A ideia de colaborar com os Deekapz surgiu entretanto, eles conectaram-se com a minha demo e construíram todo esse universo que eu tinha idealizado para a minha ideia tão simples de forma única. Numa fase mais avançada, o Charlie Beats ainda acabou por produzir também neste tema. ‘Deixa sentir tudo, depois eu passo p’ra frente’ resume um bocadinho a forma como gosto de viver, sensivelmente, sentindo tudo intensamente. Neste que é o meu primeiro projecto mais sólido, EP de estreia, grande parte daquilo que escrevi nesta ‘bossa’ são metáforas para o caminho, ainda que curto, que tenho feito de forma tranquila, mas ambiciosa.”


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