Dia de estreia no Rimas e Batidas: África Negra, lendário grupo são-tomense, mostra, em primeira mão, o videoclipe realizado por Joyce Costa para “Mutema”, a sétima faixa de Alia Cu Omalí, disco editado este ano pela editora portuguesa Mar & Sol.
Segundo Leonidio Barros, guitarra ritmo da banda que vai estar na Europa em Maio para uma tour, “este tema teve sucesso nos anos 80 em São Tomé e não foi gravado na altura, tendo sido agora; como todos os temas que compõem este disco”. Mutema, nas palavras do guitarrista, é “um dialecto angolano” que aparece aqui por culpa do vocalista João Seria, que tem “raízes em Angola”.
Na crítica publicada no ReB em Junho, Rui Miguel Abreu descortina os contornos daquilo que ouvimos no longa-duração:
“A música dos África Negra vive de um balanço festivo e no rendilhado das guitarras banhadas num transparente oceano de reverb encontra-se boa parte da sua personalidade distinta, com melodias simples a suportarem as vozes que trazem igualmente simples histórias de romance e de quotidiano para o centro da pista de dança. Há uma ‘luz’ especial na música que se escuta neste Alia Cu Omalí, um tom celebratório certamente adquirido na atmosfera do baile que exultava a vida ao fim de uma semana de árduo trabalho. E nesse sentido, esta música parece existir fora do tempo, soando como se 1983 tivesse ainda a correr e o calendário se recusasse a avançar para lá de Agosto: a temperatura é amena, convida à dança e a bateria, o baixo e as percussões criam a base por cima da qual as guitarras vão serpenteando, alegres e ultra-expressivas, convidando à dança na pista. Nada mais importa. O paraíso é assim: simples e com balanço doce. Os África Negra sabem-no bem pois já lá tocaram bastantes vezes”.