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Fotografia: Margarida Carriço
Publicado a: 12/12/2020

Um cartão de visita para o mercado asiático.

Dead End está Strapped: “Os beats são as minhas armas”

Fotografia: Margarida Carriço
Publicado a: 12/12/2020

Strapped é o segundo projecto do ano para Dead End e compila quatro novas e disruptivas batidas.

Quem disse que não se concretizariam sonhos em 2020? Habituado a editar material por selos europeus e norte-americanos — e tendo conseguido carimbar o primeiro gig internacional no ano passado — o produtor da Amadora acaba de chegar à Ásia por intermédio da Unchained Recordings, depois de ter dado nas vistas durante um concurso para remisturar um tema de Subp Yao.

Em Strapped, mais do que a existência de um fio condutor, há uma vontade enorme de chegar e vingar perante uma nova audiência. Sem rodeios, Dead End faz das batidas o seu arsenal, de miras bem apontadas aos nossos ouvidos e capazes de nos fazer deslocar um ou outro osso do pescoço. Não há misericórdia possível no centro deste campo de batalha, numa nova mostra de esforço e empenho por parte de um dos mais irreverentes cientistas rítmicos a operar no nosso país.

Em conversa com Carlos Salgueiro, tentámos obter a descodificação deste novíssimo EP.



Começamos pelo título: porquê Strapped?

Strapped é uma slang word que significa estar armado. Neste caso, os beats são as minhas armas. Não estava com grandes ideias para nomes e, ao ter um sample que saquei do filme Strapped para a faixa que produzi com o mesmo nome, decidi usá-lo também para o EP porque fazia todo o sentido.
Queria lançar pela primeira vez nesta label um pack porreiro de faixas pesadas de forma a entrar em grande no continente asiático.

Tinhas já uma ideia em mente para o EP, que te guiou durante a criação, ou foram faixas que recuperaste do teu catálogo para dar vida ao projecto? De que forma foram esculpidos estes temas?

Este EP não tem propriamente um conceito. O objectivo que tinha em mente quando o submeti era lançar música numa zona diferente do planeta, numa label que gosto, que tem peso na cena drum and bass e halftime da China, e acima de tudo transpor a minha sonoridade. Quando lanças com labels podes ter um conceito muito definido e, por sorte, eles adoram o projeto no seu todo, mas na maior parte das vezes o que acontece é que envias várias demos que façam sentido em conjunto, e eles fazem a triagem. Apesar disto, as quatro faixas foram feitas este ano e propositadamente para este lançamento — eram as que funcionavam melhor e felizmente foram bem recebidas do outro lado.

Além do Ableton, que outras ferramentas (softwares, VSTs ou até hardware) te têm estimulado mais a criar novas faixas e até a evoluir enquanto produtor?

Eu sempre quis trabalhar com equipamento analógico, mas era um investimento que no momento não foi possível de fazer. Então falei com o Ride, que é alto nerd do assunto, que me indicou um sintetizador chamado Neutron, super versátil e dentro das possibilidades económicas. Demorei um pouco a dominá-lo, mas desde então tem sido uma ferramenta fundamental no meu som. Faço sessões de sound design onde crio as minhas bibliotecas com sons para usar mais tarde, o que me traz possibilidades infinitas. A nível de VSTs, o que uso mais é o Trash da Izotope para distorção, saturação, etc.. De resto plugins da Fabfilter para masterização e os stock plugins do Ableton que são altamente. Tirando o Neutron, que me tem dado muito material para ser criativo, tento simplificar e não andar a experimentar muitos VSTs. É bom descobrir novas ferramentas, claro, porque traz-te ainda mais possibilidades, mas depois começo a divagar com facilidade e prefiro ser mais exigente, aprofundando o que funciona melhor para mim e para o meu som.

Editar fora de Portugal não é novidade para ti e no ano passado até deste o teu primeiro gig fora de portas. Agora estreias-te no continente asiático, pela porta da chinesa Unchained. Como surgiu esta oportunidade? Era um selo que já acompanhavas de perto?

Estou extremamente feliz. Lançar música internacionalmente sempre foi o meu objetivo, até porque a minha música não tem muita expressão nacional, funciona num nicho. É incrível quando vês o teu trabalho a ser bem recebido lá fora por pessoas de vários cantos do mundo, que recebem toneladas de faixas de uma quantidade enorme de artistas. Com a Unchained, já os seguia há bastante tempo e gostava dos lançamentos deles, houve um concurso este ano para fazer um remix de uma faixa do Subp Yao, concorri e fiquei em segundo lugar, o que me abriu a porta para a label e permitiu conectar-me com a malta de lá, que é impecável. A partir daí foi produzir e enviar demos até chegarmos ao lançamento de um novo EP.

Mantiveste o teu ritmo habitual num ano de loucos. Agora que nos avizinhamos do final, que planos já começaste a engendrar para 2021?

Estou a trabalhar em algumas faixas para a Saturate Records, que faz 10 anos, e logo vão haver várias releases e eventos na label. Tenho uma beat tape mais intimista, numa onda completamente diferente do que tenho lançado mas que ainda precisa de algum trabalho. Quero também apontar para objetivos ainda mais ambiciosos e tentar lançar noutras labels que admiro, mas ainda tenho que trabalhar bastante de forma a desenvolver ainda mais a minha sonoridade. De resto é continuar a fazer beats atrás de beats e colaborar com produtores que gosto.


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