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Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 21/01/2019

COLÓNIA CALÚNIA na Casa Independente: o Gato Mariano começou o ano com os melhores de 2018

Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 21/01/2019

No arranque de 2019, O Gato Mariano decidiu mostrar o seu trabalho ao mundo numa exposição de apresentação da antologia Críticas Felinas (2014-2018) e convidou os seus amigos músicos para a celebração. Tiago da Bernarda, “esse ser antropomorfizado sempre pronto para mandar uma laracha sobre um qualquer disco de produção nacional”, tal como está descrito no prefácio da obra, fez-se acompanhar de COLÓNIA CALÚNIA, Pedro Mafama e o duo Iguana Perigosa — composto por Iguana Garcia e PERIGO — numa noite cheia de sons vibrantes e desafiantes para celebrar quatro anos de trabalho de um dos mais cativantes e originais críticos da música nacional.

Iguana Perigosa inauguraram a noite no Salão Tigre com um pequeno set discreto antes de Caronte  e VULTO. iniciarem a experiência sonora que é COLÓNIA CALÚNIA. O rapper e o produtor do colectivo apresentaram Monróvia e a produção de VULTO. fez literalmente as paredes tremerem. Mecânico e possante, Caronte agarrou o microfone com intensidade durante a actuação, cuspiu barras aguçadas que rivalizaram com as batidas espaçosas de VULTO. O arrepio electrónico de “Saudosinho” foi o auge da actuação, que terminou com poucas palavras de agradecimento de Caronte no final e uma “substituição” de MC com a entrada de Jota. “Estão animados? Eu não, estou de ressaca”, disse antes de terminar a primeira parte do espectáculo com um tema seu.



Seguiu-se o destaque da noite e altura de Metamorfiko e Secta apresentarem [caixa], o melhor álbum do ano para o felino anfitrião daquele serão. Antes de soar “Escapulir”, ouviu-se uma cacofonia caótica perfeitamente organizada que deixou claro desde os primeiros momentos do concerto o estilo de produção metodicamente obscuro e ritmicamente intrincado de Metamorfiko. Secta mostrou-se carismático e falador, disparando barras cuspidas a sangue frio numa sala quente, e não o fez sozinho: ao longo do espectáculo dividiu o microfone com alguns convidados, começando por L-Ali que veio cantar o seu verso na “suja” “caneta_b”, seguido de Tilt, que se juntou à festa para cantar “esponja_c” depois de uma introdução carinhosa de Secta: “o senhor das trevas, um gajo muito fodido”.

Antes de “Pedaço”, os verdadeiros da fila da frente entoaram o hook repetidamente, e o apoio caloroso não passou ao lado dos músicos que estrearam um novo tema que “acabou por ficar fora da caixa, literalmente”, segundo Secta.

Glitches electrónicos e pratos distorcidos bombaram num sistema de som que infelizmente não chegou para a dimensão sonora das batidas de Metamorfiko. “Estamos a chegar ao fim mas ainda falta aquela faixa com aquele sacana”, disse antes de soarem os agudos do instrumental de “Umbilical” e NERVE surgir de um qualquer buraco infernal para entregar o seu verso expressivo neste tema, mostrando-se como hype man de primeira ao acompanhar entusiasmadamente cada palavra de Secta. Despediram-se com palavras para o anfitrião: “Um especial obrigado ao Gato Mariano, façam barulho para ele também”.

Para terminar a noite de concertos, Pedro Mafama deu um espectáculo de curta-duração e alta intensidade, com especial destaque para “Arder Contigo”, o seu mais recente single. “Feitiço” terminou o concerto e deu lugar a Iguana Perigosa, que voltaram a aparecer no Salão Tigre para um set que destoava mas que o público abraçou e dançou energeticamente. Ouvimos Jagwar Ma, Lipps Inc. e música popular brasileira unidos numa progressão musical orgânica que não deixou ninguém indiferente.

Foi uma noite carregada de talento e um começo esperançoso para 2019, que se crê com mais críticas felinas e mais música de um dos colectivos mais interessantes do hip hop nacional.


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