Afastar, refletir, encontrar e recomeçar. São nestas quatro curtas palavras que podemos resumir os últimos dois anos da vida de Chyna, rapper que trilhou no fim da última década a sua carreira de uma forma bastante expressiva e respeitável no panorama do rap português, assinando alguns hits que lhe deram destaque durante essa fase. Apesar disso, Chyna não estava satisfeito pelo caminho que havia enveredado, sentindo um vazio provocado pela falta de genuidade e autenticidade na sua música, o que o levou, de forma brusca, a dar uma pausa em tudo para se redescobrir realmente.
Praticamente dois anos depois da pergunta surgir no ar, eis que temos a resposta: Dá-Me Vida é a estreia do MC no formato de LP e também o solucionar de uma crise identitária grande que o assolou, mas que parece estar totalmente resolvida. Prova disso são os 13 temas deste novo trabalho, recheados de lições sobre vários temas corriqueiros mas basilares da vida de um humano. Por isso mesmo, conversámos com Chyna que nos contou tudo sobre esta “travessia no deserto” que passou e o novo disco que agora vê a luz do dia.
Curioso que o teu primeiro projeto, o EP Made in Chyna, saiu há praticamente 8 anos, e desde daí que te oiço. Recordo vividamente a faixa “Make Yours”, é um tema que está em rotação até hoje.
Sabias que o meu pessoal adora esse som? Tenho uma relação meio de amor/ódio com esse EP, porque foi um projeto super precoce na minha carreira e estava com grande fome de pôr cenas cá fora, por isso houve alguns sons, incluindo o “Make Yours”, que eu não era propriamente fã, não me enchiam muito as medidas. Mas o “Make Yours” é um som que tem uma avaliação da malta bué acima da média e a mim não me diz muito. É engraçado puxares esse som, és mais uma pessoa que está no leque dessa malta a quem o som lhe diz algo e a mim foi uma cena um bocado passageira… Mas fico feliz! Foi o que falei há uns tempos na apresentação do meu novo disco: nunca vais conseguir agradar a toda a gente, então se conseguires agradar pelo menos a uma pessoa dos 100% que é toda a gente, já atingiste uma ganda cena com o teu álbum. O processo criativo tem uma cena engraçada: normalmente os sons que dizem mais a ti, são os que dizem menos aos outros, porque normalmente são mais simples, não tanto para te expandir no mercado, algo maior e mais forte. Por exemplo, o meu som “O Que É Que Tens Feito?”, eu detestava-o mano. Aquilo surgiu porque um dos meus melhores amigos estava em Inglaterra e por lá o drill começou a surgir com muita força e ele dizia-me que tinha de fazer um som daqueles. Eu nunca quis fazer porque não me identificava muito mas acabei por fazê-lo e ele sempre a dizer-me para lançar, porque o adorava, e eu só ao fim de 2 anos é que o pus cá fora. Isto tudo porque estava com o Mizzy Miles e o Julinho KSD em Punta Umbria, mostrei o som e eles disseram que tinha de gravar aquilo para as redes sociais e a cena bateu bué naquela altura. O mais engraçado disto tudo é que lancei um som meu que não gostava e foi o meu primeiro single de ouro… Ou seja, eu como artista não gostava do som, mas como é que fiz um som e toda a gente gostou? É bué estranho!
Olhando a este novo álbum, tens sentido isso com algum som em específico?
Eu afastei-me quase 2 anos para fazer este álbum e é o meu primeiro projeto que posso chegar ao fim e dizer que gosto de todos os sons, tenho uma grande ligação com todos os sons, fiquei genuinamente feliz com o nosso trabalho. Tanto que é o meu primeiro projeto que lanço e que estou a ouvir, há sons feitos há um ano e meio e continuam em rotação por aqui. Sinto que as pessoas estão a consumir o álbum da forma certa, estão a apanhar a mensagem que quero transmitir.
E que mensagem é essa?
Tenho dito que o álbum tem três partes: até ao “Desabafo” é uma parte mais introspetiva, uma fase onde estava mais em baixo, onde me afastei de tudo para voltar a conhecer-me e a reconstruir-me, tanto que a primeira faixa começa a dizer “Ainda tenho em mente o meu lugar perfeito”, ainda sei onde quero estar, só ainda não me encontrei. Olhando ao álbum, depois tens a fase do amor, uma coisa que toda a gente acaba por passar na vida. O “Minha Babe” é sobre o início de uma relação, ainda estás a conhecer uma pessoa, sentes algo por ela, queres começar algo e não sabes como. No “Somos Fogo” é sobre estares junto com alguém, estás feliz com o que tens e depois tens o “Dia Vai a Meio” onde tudo termina… Acho que grande parte das pessoas já passou por estas fases da vida. Depois, tens a terceira parte do álbum que caracteriza uma pessoa que já se encontrou e está disposta a fazer tudo para chegar onde quer. Aí tens a “Aprender Com o Tempo”, onde falo sobre alguém que já aprendeu muita coisa mas parece que quanto mais vives, mais tens para aprender. A seguir tens a “FMX”, que é a faixa mais fora do álbum a nível de sonoridade, é um som para a cultura do rap, é mesmo para os rappers. Depois, tens o “Panorama” que fala sobre alguém que tem opinião formada sobre a sociedade e o “Vencedor” é sobre alguém que tem opinião feita sobretudo sobre si e que já sabe que vai cair muitas vezes, mas senão desistir vai chegar lá. Então é esta a mensagem do meu álbum, estas três fases — a desilusão, o amor e o sucesso — que fazem parte do dia-a-dia de um ser humano normal, é um bocado isso que o meu álbum transmite. Estou muito feliz também pelas pessoas estarem a perceber isso.
Acho curioso dizeres que tiveste alguns sons que não era propriamente os teus favoritos e acabaram por ver a luz do dia até por pressão da malta à tua volta. Demonstra bastante humildade e abertura para opiniões da tua parte.
Imagina, chegou uma altura em que estava bastante fechado nas minhas ideias e achava que tinha de fazer algo que estivesse a agradar os ouvidos da maioria para ter o meu lugar, e este álbum ajudou-me a perceber que tinha era de fazer algo que agradasse os meus ouvidos para chegar aos ouvidos das pessoas. Quando tu não és genuíno as pessoas percebem e eu já não estava a sê-lo há muito tempo. As pessoas a meu lado diziam-me isso, só que eu não ouvia, chega a altura em que vives tanto o sonho — mesmo sem estar a vivê-lo — que só pensas em dinheiro, bem-estar, e esqueces-te daquilo que verdadeiramente fez com que as pessoas gostassem de ti, a tua genuinidade, as pessoas gostam quando sentem isso. Senti que os meus amigos, as pessoas que gosto mais de agradar, já não estavam a ser surpreendidos com a minha música, já não lhes estava a tocar… Quando isso acontece com as pessoas que sempre curtiram de ti é porque alguma coisa se passa. Lembro-me de estar com o Balona no meu último concerto em março ou abril de 2023, entrar no backstage e disse-lhe que eu, com 28 anos, não me sentia bem a cantar cenas que tinha escrito com 20. Saía do palco e pensava nisso, estava a cantar cenas para um público, se calhar a ver-me pela primeira vez, que eu hoje em dia nunca diria. Claro que faz parte do meu legado, mas chega a uma altura da tua carreira em que tens de escolher o queres transmitir aos outros e o que eu quero transmitir é um bocado de cabeça, ideias mais adultas. Sinto que hoje em dia toda a gente tem capas, a malta tem medo de dizer que ama, que tem saudades, que se sente fraco, e acho que tudo isso é muito humano. Na faixa “Sinais” falo muito disso, de estar perdido, de precisar voltar a estar com os meus amigos, com a minha família, de voltar a estar na Costa da Caparica, e não tenho medo de dizer isso. Precisei de voltar a sentir-me vulnerável para fazer algo genuíno. Acho que também é isso que o álbum está a transmitir, muita vulnerabilidade. Apesar disso, também não sou burrinho nenhum, não me tiram a pinta, entendes? No álbum tens também essa parte, basta ouvires o primeiro tema que é o “Nem Metade / Não Me Confundam”, são duas partes totalmente diferentes.
Gostei muito dessa dualidade de sonoridades e também a nível visual é super interessante. No videoclie apresentas a parte bonita da praia da Costa da Caparica mas também a parte das ruas, uma vivência mais dura.
Sim, eu tentei transmitir isso. Tenho andado a lançar um vídeo por semana e o do “Panorama” talvez seja o lado mais duro da Costa, que é a vida dos pescadores, porque aquilo basicamente é uma vila piscatória. Acho engraçado porque estou ligado a isso, cresci no Bairro do Capim que é em frente a essa zona, e a forma como as pessoas pensam na Costa da Caparica e como os próprios moradores pensam na Costa é completamente diferente. A malta gosta de ir para lá pelas praias e restaurantes e os pescadores é ao contrário, só vão à praia para pescar e de resto fazem a vida fora da praia.
Enfim, consigo partilhar o sentimento sendo algarvio! Mas falando de rap, que é a tua praia, genuinamente não sei porque te chamas Chyna e gostava de saber, até porque acho um nome interessante, apesar dos seus “perigos”, devido à existência da Chyna, antiga pro wrestler da WWE, e também da rapper Blac Chyna.
O único stress que tenho com elas é em questão de redes sociais, que a malta em vez de me taggar a mim mete os perfis delas [risos]. É engraçado porque bué gente diz isso, mas eu não concordo, isto era uma alcunha de escola. Até era Chinese, Chinoca e China, mas como dava bué improvisos dizia sempre que era o puto Chyna, até porque era mais fácil de dizer. Inicialmente na minha carreira até usei o nome Chinese, no YouTube os sons tinham todos esse nome mas depois mudei para Chyna.
E que sons eram esses? Não conheço nem me lembro de usares esse nome.
Era de duas mixtapes que fiz, chamadas 5 Mics e o No Mercy. Tudo gravado na roulotte do meu sócio lá na Costa da Caparica, tens que pesquisar por Caparica Suburbano Records. Isto é super antigo, eu tinha uns 14 ou 15 anos, são os sons mais antigos que tenho na net, os primeiros de todos estão privados [risos]. Estes primeiros sons fizeram com que conhecesse o Fumaxa, porque na altura havia um rapper que era grande cena para nós, o No1, na altura teve um projeto com o Vando Streets e o IV Crewella, o Caos, éramos grandes fãs deles. Por esses mesmos sons, o No1 apresentou-me ao Fumaxa. Foram sons muito ouvidos aqui na minha zona, pelo meu núcleo, mesmo antes de saírem. Tens que ouvir a mixtape 5 Mics! Para um puto de 15 anos, acho que estava lá…
Vou espreitar! Agora mergulhando no teu novo álbum, tens ali um tema interessante pelo formato, o “Somos Fogo”, que é basicamente uma gravação super caseira, não é uma versão de estúdio como o resto. Porque é que acaba por entrar?
Imagina, esse tema foi gravado com um iPhone. É uma cena raw porque fala de duas pessoas que estão a amar-se mutuamente e como é uma cena especial queríamos que fosse o mais cru possível, entendes? Acredito que esse som vá ganhar mais ênfase quando sair o videoclipe, foi feito com os meus avós, é uma cena bacana. Todos os sons do álbum têm vídeo, já agora. É o som que está a ser menos ouvido, sabia disso, porque foi um som que não estava preparado para ser assim ouvido. Foi como disse, há cenas que é para encher as medidas mais ao artista do que aos ouvintes. O “Sinais”, “Dá-me Vida”, “Nem Metade / Não Me confundam” eram sons que sabia que iam ser ouvidos, mas depois há cenas que quando a malta ouve nos álbuns metem-se na pele do artista. É raro perceber logo à primeira o que um artista me quer transmitir quando oiço um novo álbum ou até gostar, isso só à quarta ou quinta vez. O “Somos Fogo” é um destes casos, vão perceber mais à frente, é um som que não foi feito para ser muito falado.
Imagino que os dois skits que também tens no álbum, “Isso é Rap de Verdade” e o “Amor Verdadeiro”, também sejam coisas bastante pessoais.
Sim, o “Amor Verdadeiro” é a minha avó a falar, estava com ela a conversar, ela a desabafar como todas as avós e eu meti a o telemóvel a gravar, porque tinha pensado em como ia dividir o álbum daquela parte do desabafo para os sons de amor e foi com este skit da minha avó. Depois disso começam os sons de amor, isto é que divide o álbum. O “Isso É Rap De Verdade” até devia vir antes, depois da “Dia Vai A Meio”, só que quis meter antes. Ou seja, tens um som de love e a seguir um som cheio de barras que é o “Aprender Com O Tempo”, ficou engraçado essa transição. A voz do gajo nesse skit é a mesma no “FMX”. Isso é de um vídeo de react a um som meu, tirei esse excerto e meti. Os skits meio que dividem o álbum em 3 partes.
O videoclipe da “Sinais” é basicamente sobre um lutador de MMA, que é o Gustavo Oliveira. Explica-me este conceito.
Sim, o Gustavo é meu mestre de muay thai, pratico isso e jiu jitsu também. Aliás, o videoclipe do “Desabafo” é uma aula inteira de jiu jitsu e este é um vídeo sobre a preparação para a luta e tal. Neste em específico, quis mostrar a vida de um lutador em Portugal, que é bastante difícil. O Gustavo é luso-brasileiro e lá no Braisil há muita progressão de carreira mas cá não, é difícil seres lutador. O “Sinais” foi feito numa altura do álbum que estava mesmo perdido, foi o segundo som a ser feito, em setembro de 2023 senão me engano. De abril a setembro desse ano andei quase só a viver, afastei-me de tudo. Em abril disse que não ia dar mais concertos até sair o álbum, no verão reconstruí-me e depois comecei. Como estava numa fase muito em baixo, esse som fala bué sobre quando estás em baixo tens que continuar a andar e um lutador é bué isso que tem de fazer. O videoclipe também transmite bué isso, ele bué introspetivo a olhar para o horizonte, mesmo em baixo tens que continuar a lutar. No “Desabafo”, se ouvires a primeira rima digo “até quem é de ferro vai sofrendo mossas”, é um som sobre o desgaste, o jiu jitsu é uma arte marcial bué desgastante mesmo e as pessoas continuam a ir no dia seguinte. Achei que estes dois sons faziam bué ligação às artes marciais então fiz os videoclips dedicados a isso.
Depois destes temas, tens o “FMX”, que é o som mais fora do álbum segundo o que disseste. Acho-o extremamente importante e impactante na nossa cultura, é raro vermos isto no rap, especialmente nacional, de artistas a darem praise a outros artistas de uma maneira tão pública como fazes aqui com o Fumaxa. É algo muito bonito e adulto da tua parte.
Quem diz que conseguiu sozinho é sempre mentira mano, ninguém consegue nada sozinho. Seria ingrato se não dissesse que o Fumaxa me abriu portas no mundo da música. Aparecer sozinho em 2016 não era a mesma coisa que ter o Fumaxa a apadrinhar-me, a dar beats dele e a dar cara a dizer “esse puto tá comigo”, alguém com respeito dentro da cultura. O Fumaxa sempre foi uma pessoa a dar-me bué na cabeça, tivemos 1 aninho e tal meio afastados, não foi de deixar de falar mas cada um a trabalhar mais na sua cena, e ele a dizer-me que estava no caminho errado e eu a rejeitar isso — foi o que falámos há bocado de eu não dar ouvidos aos outros. Ele sempre foi uma pessoa que me ajudou muito em tudo e me deu uma certa credibilidade dentro do game. Como neste álbum teve mais a fundo comigo, quis prestar esta “homenagem”, não é nada que ele não saiba, mas acho importante.
Ele acaba por ter um grande input neste trabalho com bastantes produções também, certo?
Imagina, disse ao Fumaxa que queria que me ajudasse a fazer o álbum, ele depois acabou me apresentar ao Gemiiny, com quem me dei logo bué bem, acabou por ser o meu braço direito neste disco. O Fumaxa teve um 2024 bastante cheio, portanto foi o Gemiiny que teve aqui mais trabalho, ele tem estúdio em Setúbal, ia lá todas as semanas umas duas ou três vezes, todas as semanas mesmo, durante um ano e meio. O Fumaxa sempre que podia também estava connosco, ou então reunia-me com ele quando o Gemiiny não podia e levava os beats de volta do Fumaxa para estúdio com o Gemiiny para trabalharmos tudo. Acho que o álbum está quase dividido de produções dos dois. Senão me engano, são cinco beats do Fumaxa e o resto do Gemiiny, está bué dividido. Há 2 beats do Gemiiny que são só dele a produzir e o resto tem tudo adds do Fumaxa, e ao contrário, os beats do Fumaxa têm todos adds do Gemiiny. Basicamente, o Gemiiny acabou por dar ao meu álbum o lado mais doce, e o Fumaxa o lado mais raw — “Vencedor”, “FMX”, “Aprender Com O Tempo”, “Não Me Confundam” é tudo do Fumaxa. Já agora, o Tayob J. também deu uma pós-produção no “Minha Babe”. Relativamente ao Fumaxa, ele sempre teve na back quase como produtor executivo, ou seja, mostrava-lhe algo e ele dava opinião se era para avançar ou não, também confio bastante na visão dele, entendes?
Qual foi a janela temporal de produção deste trabalho?
Foi de setembro de 2023 até fevereiro deste ano, em que ainda estava a gravar videoclipes. Só na produção das músicas, foi até dezembro do ano passado, ya. Afastado de tudo, foi 1 ano e 10 meses, para aí.
Muito tempo, deves ter sentido meio que um receio quando lançaste o primeiro tema deste novo capítulo.
Não deu boy, porque sabes que quando estás resolvido contigo próprio é diferente. Estava bué confiante e decidido naquilo que queria fazer, os meus amigos estavam com mais medo que eu. A mim não me estava a interessar quem me ia deixar de ouvir, quem o fez é porque não estava comigo, as pessoas que me vão voltar a ouvir e as que me vão passar a conhecer a partir de agora é que me interessam. Essas aí é que vão aprender com o que tenho de novo para lhes ensinar. O rap antigamente era ensinamento boy, não precisavas dos teus pais a dar sermões, ouvias um Valete ou um Sam The Kid, um Serviço Público, um Pratica(mente) e tinhas ali as lições todas que tinhas para aprender. Eu gosto muito dessa particularidade no rap, os outros géneros não têm muito, é quase tudo dicas viradas para amor, o rap é virado para o lado cru do que é a vida. Agora quero apanhar essa malta que quer dar ouvidos ao que tenho para ensinar. Sinto que este álbum vai mostrar às pessoas que a vida de merda que tu achas que estás a ter é normal, todos têm. Aguenta. Eu não sou um gajo de bater muito na mesma tecla, estou na música mas também sou muito terra-a-terra com a minha vida pessoal. Tipo, estou aqui no meu trabalho [Chyna estava na sua pausa laboral enquanto nos deu esta entrevista], tenho pessoas a tirar fotos comigo todos os dias e não é por isso que deixo de saber que estou na vida real. Se um dia a música der certo fico muito feliz, enquanto não der vou trabalhar noutras coisas, para tentar dar certo de alguma maneira. A música é algo que gosto bué de fazer, se um dia desse para viver disto era viver o sonho ao mais alto nível, senão der também não tem problema. O que interessa é ser feliz, esse é o goal da vida. Se fores feliz a meter pedras da calçada na rua ou a cantar em grandes palcos não interessa, a felicidade só existe de uma maneira.
Grande mensagem! Por falar em palcos, algumas datas marcadas?
Sim, estamos a fechar algumas, tenho por agora uma já anunciada, que vai ser no dia 4 de julho, no Sumol Summer Fest. Não dou concertos há 2 anos, por isso quero vir com uma imagem mudada. Visualmente estou mais maduro, mas a nível auditivo também vou ter algo maior, vou-me apresentar em concerto com banda, por isso vou ter que recusar alguns shows que aceitaria antes. Faço isso para também começar a ser visto como algo maior, isso é que faz um artista grande, para que quem me veja sinta que é um bom show. Não me interessa se toco para 10 ou 10 mil, ou seja, se tocar para 10 pessoas e der um grande show e essas 10 adorarem, se calhar vão falar a 1000; se der um show fraco para 10 mil, se calhar não vou ter ninguém a falar de mim. Não me interessa se estou a dar shows em grandes palcos, quero ir é a sítios com visibilidade para dar o meu melhor e ser falado para que quem me veja me queira contratar ou então voltar a ver-me.
Estamos perante um Chyna com a pujança toda.
Estamos mesmo. Mais importante que isso, temos um Chyna sem gula. Quando és puto tens bué gula. A brincar, comecei isto com 14 ou 15 anos, a sério foi com o Fumaxa aos 20, e agora tenho 29, faço os 30 ainda este ano. Já tenho uma visão bué diferente daquilo que quero para mim e também do que quero que tirem de mim. Temos que ser humildes. Quando te achas mais do que aquilo que és é que é complicado, dá asneira para ti.