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Há material inédito de Joe Meek a caminho dos nossos ouvidos pela mão da Cherry Red. As lendárias Tea Chest Tapes do produtor foram adquiridas pela editora britânica e o próximo passo será digitalizar e compilar algumas dessas pérolas num novo disco.
Viveu apenas 37 anos mas deixou um enormíssimo legado. Robert George Meek é considerado por muitos o primeiro produtor de música pop independente do Reino Unido e o seu abundante uso de ferramentas e técnicas experimentais precederam, por exemplo, o sampling e representaram alguns dos primeiros usos criativos da reverberação, ajudaram a indústria musical na sua generalidade a olhar para o estúdio como laboratório vital para potenciar a expressão artística, atribuindo maior crédito aos produtores quando estes investem na inovação e arriscam novas ideias.
Pioneiro da pop experimental, Meek trabalhou ao lado de várias das vozes e bandas emergentes da sua época como John Leyton, Michael Cox, Mike Berry, Geoff Goddard ou The Tornados, estes últimos os responsáveis por interpretar “Telstar”, uma composição instrumental assinada pelo produtor que se sagrou na primeira importação musical britânica a alcançar o topo da tabela de vendas nos EUA.
Antes de ter colocado termo à própria vida, em 1967, centenas de fitas de quatro polegadas com gravações inéditas foram designadas como The Tea Chest Tapes por terem sido vendidas em 67 caixas de chá. Após o desaparecimento precoce de Meek, essa gravações ficaram na posse de Cliff Cooper, antigo baixista dos Millionaires e fundador da Orange Amplification. Na semana passada, a Cherry Red anunciou a compra dos direitos dos masters (são mais de 1800 fitas) e revelou algumas das preciosidades nelas contidas: da possível primeira prestação em estúdio de David Bowie, nos The Konrads, à precoce formação que viria a dar nos Status Quo ou a uma demo assinada por Mark Feld (que mais tarde ficou conhecido por Marc Bolan e formou os T.Rex), há ainda registos de nomes como Ray Davies, Georgie Fame, Alvin Lee, Gene Vincent, Rod Stewart ou Steve Marriott.
Há um ano, a Cherry Red trouxe-nos a reedição de I Hear A New World, trabalho que foi alvo de uma crítica por parte de Rui Miguel Abreu.
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