Capicua tem em mãos um novo álbum. O tema-título de Madrepérola conta com a participação de Karol Conká, tem um instrumental de DJ Ride, teclados adicionais por Luís Montenegro e Sérgio Alves e produção de D-One. O videoclipe é assinado por Clara Não e André Tentugal.
“Solar” é o termo mais frequente no discurso que Capicua usa para descrever esta sua nova fase artística. A MC do Porto, que foi mãe pela primeira vez em Fevereiro deste ano, destacou o papel importante que a gravidez teve durante todo o processo de criação, embora não tenha sido essa a principal razão para que as visitas ao estúdio se tornassem novamente regulares.
“Não foi um disco motivado pela gravidez. Eu já tinha a ideia de fazer um disco. Aliás, eu já estava a começar fazê-lo. Já tinha recolhido beats, já andava a pensar nos temas. Mas, claro, como fiquei grávida acabei por fazer algo influenciado pelo momento que estava a viver. É como sempre. Os discos acabam por ser um retrato do momento em que estamos e este ficou marcado por essa experiência. E quase todo foi gravado comigo grávida. Apenas gravei um tema ou outro já depois do bebé nascer. Foi muito marcante esse momento. Se não estivesse grávida tinha feito outro disco diferente. E provavelmente terminava-o um ano antes”, explicou antes de soltar uma gargalhada.
Editado em 2014, Sereia Louca foi a última vez que Ana Matos Fernandes se dirigiu a solo ao seu público, tendo os anos seguintes servido de palco para projectos colaborativos, como são os casos de Medusa, Mão Verde e Língua Franca. Para o regresso em nome próprio havia uma ideia muito clara na cabeça da artista: “O objectivo era fazer um disco solar, mais dançável do que o habitual. Não que seja um disco de festa ou de dance music, mas tinha esse objectivo prévio. No geral, acho que é o meu disco mais alegre de todos.”
Sonicamente, Madrepérola é-nos ainda descrito como “uma sopa de músicas”, porque “cabem muitas coisas diferentes lá dentro”. E se há algo que combina na perfeição com a tal toada “solar” e “dançável” que a sua autora pretende são os paladares vindos do Brasil, país com o qual estabeleceu uma ponte especial — “eles têm uma forma especial de flertar o português”. Naquele que admite ser o seu “disco com mais colaborações”, Capicua revelou-nos que o elenco de vozes convidadas para o álbum é composto por uma equipa “metade portuguesa, metade brasileira”, com os instrumentais a ficarem entregues ao trio de luxo das Caldas da Rainha — falamos, claro, de Ride, Holly e Stereossauro — bem como aos habituais colaboradores Virtus, D-One, Luís Montenegro e Sérgio Alves. Garantidas entre as vozes estão as presenças de Emicida, Rael e a já referida Karol Concá, bem como Camané, que cantará novamente o refrão de “Flor de Maracujá”, de Bairro da Ponte, que vai também surgir no alinhamento de Madrepérola, agora adornado com alguns versos inéditos por parte da MC. Mas nem só de festa viverá o trabalho: “Claro que o disco vai a outras emoções diferentes. Nos próximos singles vou demonstrar os vários sabores que o compõem.”
No tema que apresenta o LP, Capicua joga uma nova cartada motivacional para as mulheres que a ouvem, dando exemplos ao microfone de algumas das figuras históricas que fazem parte do seu leque de heróis. “Ainda faz sentido estimular e inspirar outras mulheres a fazer aquilo que eu faço, a sentirem-se mais livres, mais confortáveis na sua pele, mais orgulhosas de si. Eu acho que isso é uma coisa que é transversal no meu trabalho”, disse ao ReB, concluindo com as razões que a levaram a optar por fazer de “Madrepérola” a primeira canção a ser mostrada deste novo ciclo: “Achei que o single era representativo da aura solar do disco e das colaborações com artistas brasileiros com os quais tenho tido o prazer de me cruzar nos últimos anos. Representa bem o lado uplifting que eu queria e é até o tema que dá o título ao álbum.”
Sem adiantar datas exactas — e com a promessa de mais alguns convidados adicionais que estão ainda por revelar —, a artista portuense apontou Madrepérola para o arranque de 2020. Até lá, mais temas aparecerão no caminho. “A ideia é ir soltando várias músicas cá para fora até o disco sair, até porque tive bastante dificuldade em escolher os singles.”