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Publicado a: 24/02/2018

Cálculo ainda não chegou à quantidade de ouvidos que merece

Publicado a: 24/02/2018

[TEXTO] Ricardo Farinha [FOTOS] Hélder White

Já foi há oito anos que um jovem barcelense chamado Hugo Martins, que no rap assina como Cálculo, carregou no YouTube o videoclipe do single “Bem-vindo à Selva”. O tema alcançou várias dezenas de milhar de visualizações, o que, para a altura e para um nome desconhecido, significava que tinha sido um verdadeiro sucesso. Este seria o avanço de um álbum que nunca chegaria a sair e não quer dizer que isso seja mau.

Durante os anos que se seguiram e depois do momento em que Cálculo foi viver para Londres , o rapaz fez-se homem e as rimas e batidas estiveram em maturação intensiva: resultado que pudemos ouvir em A Zul, lançado em 2015. Tourquesa, o seu novo disco, só vem comprovar ainda mais isso.

Cálculo é um rapper talentoso, autor de instrumentais que conseguem o difícil equilíbrio de soarem tão clássicos como modernos e, além disso, ainda canta maravilhosamente para um MC. Foi aquilo a que também pudemos assistir na noite desta sexta-feira, 23 de Fevereiro, quando o rapper que agora veste as cores da editora Kimahera apresentou o novo trabalho no Musicbox, em Lisboa. A primeira parte esteve a cargo das punchlines por cima de bangers trap do algarvio Kristóman; e da apresentação de Adrenalina, o primeiro trabalho a solo de Nasty Factor, MC e produtor dos GROGNation.

 


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A casa estava longe de estar cheia, mas isso não reduziu em nada a performance de Cálculo, acompanhado por Mace nas vozes de apoio e nos pratos por DJ Fifty. O brilho genuíno que vimos em Hugo Martins reflectiu-se em cada um dos presentes e mostrou aquilo que deve ser um concerto de hip hop. O som no Musicbox estava particularmente inspirado e as rimas completamente perceptíveis na dicção da língua de Camões Cálculo foram entregues com os níveis certos dos graves dos drums aos ouvidos do público. O rapper esteve sempre em sintonia com a plateia fosse a pedir isqueiros e luzes de telemóvel; ou a clássica chamada à mão no ar; com várias tiradas bem-dispostas pelo meio , e a dominar todo o palco, a torná-lo seu.

Cálculo percorreu a lista dos principais temas do novo trabalho, mas sem esquecer A Zul. É perito em criar melodias e a interpretá-las digamos que alia a importância da palavra e a influência da velha escola do rap a melodias e refrões orelhudos mais pop (sem ser isto um defeito; pelo contrário, estão no ponto).

Por estas e por outras razões, e apesar dos bons números que o disco tem apresentado, Cálculo merecia uma casa esgotada. Outra conclusão a retirar é que e não tirando mérito às editoras independentes, que muitas vezes são mais importantes e valiosas para a arte e a cultura ainda há muitas majors a dormir. Talento puro.

 


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