No último ano e meio, um estranho (mas promissor) artista entrou em cena. Responde pelo simples nome de BUH BUH, não dá a cara — cobrindo-a com máscaras reluzentes que embelezam o mistério e seduzem o ouvinte — e tem trabalhado com uma série de nomes de peso no circuito contemporâneo do hip hop nacional, desde os criativos aos técnicos, da música ao vídeo.
Na senda de ProfJam, Holly Hood ou benji price, também BUH BUH se revela como um autor de canções refrescantes, de um trap orelhudo e apelativo em que a palavra e a qualidade da escrita são factores essenciais. Estreou-se há poucas semanas ao vivo, enquanto convidado numa actuação de DJ Perez numa festa académica, e tem vindo a antecipar o seu segundo disco, ÉTER, que muito provavelmente será lançado até ao final do ano.
A mais recente novidade é o single “WE GO”, editado há poucos dias. BUH BUH já se tinha estreado no ano passado com um disco, Rosas e Espinhos, que serviu para estabelecer as bases do seu ADN artístico, que tem sido muito pensado e planeado pelo seu anónimo autor e pela equipa à sua volta.
Na sua primeira entrevista, fala com o Rimas e Batidas sobre o conceito por trás da persona (numa era de grande exposição dos artistas, em que dar frequentemente a cara e a voz é a norma), da obra que tem vindo a materializar e do que o move — muito mais a espiritualidade e a superação do que os números e o sucesso imediato.
Começo por te perguntar sobre as origens do teu trajecto. É óbvio que não revelas a tua identidade e se calhar há certas coisas que podes preferir não partilhar, mas daquilo que queres revelar, como e quando é que começas a fazer música? Deste lado, dos ouvintes, começámos a ouvir músicas tuas no início do ano passado. Depois lançaste um disco, Rosas e Espinhos. Mas era algo que já fazias há muito tempo para ti? Já tinhas lançado coisas mais informais ou amadoras antes?
Posso dizer-te que já tinha algo a ver com o meio, já trabalhava no meio. Sobre o surgimento do BUH BUH, o que é que levou a este surgimento, quais são os objectivos? Bem, isso acho que é, sem dúvida, o mais interessante que posso ter para contar, porque é o sumo do projecto. É algo que espelha todos os objectivos e tudo aquilo que queremos alcançar. Isto vem tudo da raiz. Começou em meados de 2020. E, para que fique bem claro, apesar de estar eu como intérprete, a equipa BUH BUH contempla dois elementos fixos. Neste caso, um em modo de anonimato, que sou eu, e o outro é o meu melhor amigo desde sempre e meu parceiro de negócios, o Manuel Sá Campos. Em 2020, tanto eu quanto o Manuel estávamos a viver tanto a nossa vida pessoal como em termos profissionais… Estava tudo a começar a correr bem, sabes? Depois do Covid, as coisas começaram, pouco a pouco, a voltar ao sítio. E é engraçado que foi numa altura em que vivi momentos mesmo muito felizes, tanto eu como o Manuel, e ambos sentimos: “Como é que eu estou a viver coisas tão bonitas e chego a casa e aquilo que eu penso é que ainda não é isto? Quero mais, quero melhor”. Isso gerou em mim uma grande crise existencial, de identidade. E já há muitos, muitos anos, antes de 2020, uma vez, por brincadeira em conversa com o Manuel, chegámos à conclusão de que um artista em Portugal que surgisse sem revelar a identidade, onde o objecto de ocultação de identidade, neste caso a máscara, fosse algo brilhante, algo muito impactante e que tivesse um conceito forte por trás, poderia chegar a sítios que talvez um artista dito normal não tivesse essa capacidade. Costuma-se dizer que quem vê caras não vê corações. Neste caso, a única coisa que as pessoas podem ver do BUH BUH é aquilo que o BUH BUH diz. Esse é o grande foco deste projecto: a palavra. Essa grande crise existencial e de identidade gerou, em primeiro lugar, uma grande metamorfose. Vários anos depois de termos tido esta epifania, reconhecemos que isto podia ser uma grande oportunidade para os dois — juntar o momento que eu vivi, de uma grande instabilidade a nível mental e também económico, essa grande reviravolta pela positiva que consegui dar à minha vida, e unindo todas estas coisas àquela questão do “e se eu escondesse a minha identidade e se trouxéssemos uma máscara que falasse por si própria? Quais são as vantagens?” E tudo trata, para tentar ser um bocado mais resumido, da arte de dizer o que eu sinto, mas sem te mostrar a minha cara, para que possas valorizar aquilo que eu te estou a dizer como aquilo que é. Porque, lá está, uma pessoa, quando vê uma cara, tende a ver uma história, e às vezes não é a história que a pessoa conta, somos nós que já vemos uma história nessa cara. E, ao ocultar a nossa cara, talvez as pessoas olhem para a nossa história sem julgamento de qualquer outra coisa, e aí a palavra efectivamente vai ter poder. O BUH BUH é e será sempre a máscara, porque todos ou já passámos, ou passamos, ou iremos um dia passar por uma grande crise, e cabe-nos a nós dar a volta por cima ou não. O BUH BUH trata disso, de dar a volta por cima, usar esta máscara social como um reforço do grande poder que nós temos dentro de nós para conseguir dar a volta às coisas más e fazer delas, um dia, coisas muito bonitas.
E também era uma forma, como deste a entender, de, num mercado muito saturado, com muitos músicos e lançamentos, conseguires-te diferenciar.
Sim, também. Num mundo onde toda a gente veste azul, chega-te aqui uma pessoa vestida de cor-de-rosa… Só por esse simples facto essa pessoa já vai dar nas vistas. Sem dúvida que temos isso em consideração, mas sempre muito mais a força da palavra do que a questão estética, apesar de andarem ambas de mãos dadas.
E há alguma história sobre o nome artístico BUH BUH?
Sim, claro. Nós somos grandes fãs de Dragon Ball, e enquanto estávamos nos primórdios do projecto… Isto assenta tudo bastante em questões relacionadas com numerologia, espiritualidade, e nós queríamos que o nome BUH BUH tivesse a numerologia certa para aquilo que queremos passar com o nosso projecto. Um belo dia estávamos a jogar PlayStation, Dragon Ball, e foi até o Manel que disse: “Eh pá, adoro jogar com o Bubu”. E entrámos ali um bocado na luta, porque queríamos os dois jogar com o Bubu, e olhámos um para o outro e fechámos o clique: Bubu. É um nome incrível. “E se o nosso nome fosse Bubu, mas escrito de outra forma? E de que forma é que dá para escrever Bubu de maneira a que a numerologia contemple o número que mais resume aquilo que queremos passar com o nosso projecto?” E da forma como ficou escrito, B-U-H-B-U-H, completa essa mesma numerologia, foi um sincronismo e uma completa iluminação divina. Essa mesma numerologia também está contemplada na data de criação do nosso canal de YouTube [06/06/2022]. Não quero desvendar muito mais sobre isso, porque é complexo e acho que a cada coisa o seu tempo.
Falaste do conceito e do facto de estar tão ligado à questão do anonimato, mas falando da música e da palavra: como é que descreverias o teu método criativo, a tua maneira de trabalhar e escrever? São os instrumentais que te têm guiado e levado para certos estados de espírito?
Numa fase primordial do projecto, fizemos questão de que cada tema contemplasse uma parte importante da mensagem que nós queremos passar. Porque não dá para explicar tudo o que diz respeito ao BUH BUH numa faixa, isso seria sempre impossível, há sempre muita coisa que ficaria de lado ou mal explicado, então decidimos no primeiro projecto dar luzes daquilo que é o BUH BUH, no que toca às relações pessoais, à espiritualidade, ao propósito de vida, às escolhas, aos momentos negativos vividos, às aprendizagens positivas. Portanto, num primeiro instante, fomos nós que fomos atrás dos instrumentais, porque já sabíamos o que queríamos dizer, isto falando do disco Rosas e Espinhos. Se o primeiro projecto é mais introdutório, este segundo afunda um pouco mais naquilo que consideramos que é a missão do BUH BUH no mundo, que trata de ajudar as pessoas a auto-empoderarem-se, a passarem por estas fases negativas e encará-las de frente, de braços abertos, como um velho amigo, porque só depende de nós fazer do negativo positivo, como numa reciclagem energética.
Estás-te a referir ao ÉTER, o teu segundo disco, do qual têm estado a lançar vários singles.
Exactamente. Ora bem, alguns beats chegaram-nos e o timing foi muito pertinente, porque efectivamente já havia coisas para dizer no sentido em que o beat nos falava. Ou seja, se chegava um beat mais banger nós já tínhamos coisas para dizer nesse registo; se fossem beats mais soft também já tínhamos coisas para dizer nesse sentido. Em meados de 2021/2022, já tínhamos praticamente tanto o primeiro quanto o segundo projecto terminados. Ao longo do tempo fomos limando arestas, houve instrumentais que foram substituídos, músicas que ficaram para trás, mas que acabaram por ser regravadas em instrumentais que considerávamos que faziam mais sentido, com outra estrutura, ou seja, o passar do tempo ajudou-nos a limar os detalhes. Para afundar um bocadinho mais na questão do processo criativo de BUH BUH, como é uma questão tão conceptual, isto anda sempre de mãos dadas com aquilo que nós queremos transmitir e nunca muito numa onda de “o que é que eu estou a sentir agora”.
É algo mais pensado, mais racional.
Exacto, tentamos sempre mantermo-nos o mais fiéis possível àquilo que são as bases pré-estabelecidas para o presente e futuro de BUH BUH, neste caso passar todo esse leque de mensagens que cumprem um propósito maior, ou que visam cumprir esse propósito. Claro que há sempre momentos, e ultimamente tem acontecido principalmente com o Monksmith e o Quantich Beats, momentos de criação de raiz, já a pensar num momento futuro que não se contempla aqui no projeto ÉTER. Agora que começamos a chegar ao fim do projecto, não no sentido de entrega, porque ainda falta entregar várias faixas, mas no sentido de concretizar as últimas arestas por limar do projecto, começamos já a pensar naquela que é a próxima página, e aí sim temos que contemplar aquilo que criámos, fazer uma espécie de equação e daí tirar as nossas ilações para o futuro. Essas ilações para o futuro, em termos de escrita, acabam por fazer com que seja um pouco diferente em termos de processo, porque aí já se fala mais do que se está a sentir no momento. Até porque seria impossível andar neste grande carrossel durante uma vida inteira, porque os temas acabariam sempre por ser espremidos de uma forma ou de outra. O que nós vamos fazer a seguir é escrever a próxima fase de BUH BUH, mas sem dúvida de que a próxima fase também vai depender muito da forma como é recebido pelo público. Isso também vai ajudar muito a ditar o agora, o que é que sentimos em relação a isso, mas estamos muito felizes com a equipa que temos. O Pablo está sharper than ever a fazer o seu trabalho de captação, mix e master. O Quantich Beats, Monksmith, Di Cicilia, entre todos os outros produtores que fazem parte deste projecto, também estão de parabéns. Estamos a trabalhar com pessoas que consideramos que são o topo e não apenas as pessoas que estão à nossa disposição. Nesse sentido estamos muito felizes com o caminho que isto tem tido e quanto ao futuro estamos aqui para ver o que é que nos reserva.
Só para esclarecer, tens-te estado a referir ao projecto e ao próprio BUH BUH no plural. Por causa daquilo que disseste no início, suponho, de o projecto ser algo teu e do teu manager Manuel Sá Campos. Mas suponho que a parte mais criativa, da escrita de letras, venha de ti. Ou o Manuel acaba por também dar inputs criativos, além de opiniões mais conceptuais em relação ao projecto?
Ele dá muitos inputs. Isto é uma equipa que trabalha muito bem porque nós já nos conhecemos há muitos anos e somos muito parecidos em algumas coisas, contudo muito diferentes em outras, e é aí que nos acabamos por complementar. Naquilo em que já somos os dois bons, questões de português e comunicação, acabamos por reforçar o que cada um tem de bom. Onde há lacunas — por exemplo, o Manuel é melhor com números, eu sou melhor com palavras, contudo eu sou bom com números e o Manel é muito bom com palavras — entra esta sinergia ajuda a levar o BUH BUH para outro nível. Porque embora o feeling principal parta de mim, regra geral, acaba sempre por ter opiniões pragmáticas muito positivas para nutrir o projecto no sentido que ele necessita para crescer. E tanto o Manuel é capaz de me dar ajuda numa rima, num conceito ou qualquer outra coisa, como eu sinto que tenho capacidade para ajudar com questões de estratégias de marketing, ou seja, o trabalho do manager entra no artista e o artista também faz o papel do manager com grande facilidade. É aqui que eu acho que formamos uma equipa vencedora, já nos conhecemos mesmo muito bem, sabemos as valências e os defeitos um do outro e acabamos por balançar muito bem essas questões. Está completamente interligado.
Falavas do ÉTER e já podemos ouvir vários singles. Há pouco referias-te ao Rosas e Espinhos como um projecto mais introdutório para estabelecer as bases e que este segundo disco levava as coisas mais à frente. Da tua perspectiva, o que é que distingue mais o ÉTER do Rosas e Espinhos? Sendo que eles não estão muito separados no tempo, como é que olhas para eles em comparação um com o outro?
O Rosas e Espinhos é o fundamento de BUH BUH, são as bases, as luzes daquilo que aí vem. E acredito que, para quem gostou do Rosas e Espinhos, não tem como não gostar dez vezes mais do ÉTER, porque é mais complexo em questões artísticas. O projecto Rosas e Espinhos tem apenas fotografias como capas das músicas, neste caso nós não temos uma única música do projeto ÉTER que tenha menos do que um visualizer ou um videoclipe, ou qualquer outra coisa do género mais interactiva, com movimento. Nesse sentido temos evolução a nível visual, mesmo o BUH BUH acaba por evoluir e por se estabelecer, tanto o BUH BUH da máscara azul como o da máscara cor-de-rosa, coisas que ainda não estavam bem estabelecidas no primeiro projecto, só havia o BUH BUH da máscara cor-de-rosa, e já te explico o porquê de um e outro. Mas o ÉTER acaba por ser um Rosas e Espinhos em esteróides, os instrumentais no nosso entender estão mais fortes, o Cunha fez um excelente trabalho com o nosso primeiro projecto a nível de captação, mix e master, o Pablo deu o melhor seguimento possível a esse trabalho, e acho que chega a um limite onde não dá para ser muito melhor.
Em termos técnicos?
Exactamente, em termos de qualidade de áudio, o vídeo melhorou bastante, questões de identidade visual que ficaram muito mais cimentadas, as coisas começam-se a tornar mais claras. Este projecto tem temas, no meu entender, mais interessantes, apesar do primeiro projecto ter dois ou três temas que eu adoro completamente, dos quais provavelmente daqui a 10 ou 20 anos vou continuar a gostar tanto quanto gostei no dia em que os fiz. Sinto que, neste projecto, não só por ter mais faixas, mas por ter tido mais tempo de trabalho, mais preparação, acaba por ser… No primeiro projecto ganhámos embalo para o ÉTER e é aqui que está o nosso foco e entrega total, os visuais estão a sair também com muita qualidade, nesse sentido devemos a vida ao Cheezy e ao Pedro, que têm feito muito por nós e um excelente trabalho também. Sinto que o BUH BUH está num processo de grande evolução, mas ela só vai ser contemplada passo a passo. Para já, as pessoas vão conseguir perceber que há uma pequena evolução nos instrumentais, uma grande evolução na questão visual e tudo mais que esteja para evoluir vai acabar por ficar para a fase seguinte, para o terceiro projecto.
Queres distinguir e desmistificar então as duas máscaras, a cor-de-rosa e a azul?
Claro, isto pode ter vários entendimentos, mas no final do dia acaba sempre por ir dar ao mesmo. O BUH BUH começa com a máscara cor-de-rosa, porque nós quando entramos numa grande crise existencial ou de identidade, entramos em conflito connosco mesmos. Há a fase do conflito e do desapego, onde simplesmente não nos identificamos com aquilo que vemos ao espelho. Numa primeira instância, a máscara cor-de-rosa representa esse vácuo, onde nos sentimos na fase inicial de uma grande crise existencial ou de identidade. É como que: “Bem, eu ainda não sei o que é que vou ser, mas sei que já não sou aquilo”. Depois, entra uma máscara azul e no videoclipe da “Iceberg” temos as duas…
Em confronto.
É um grande conflito, onde parece que são duas pessoas, uma contra a outra, mas não. Isto é o passado em conflito com o presente, que acaba por também ser um conflito entre o presente e o futuro. Isto é um loop em que vivemos a vida toda, e por muito engraçado que seja, podemos mudar os nossos detalhes, como o BUH BUH mudou muito a roupa, mas a máscara continua igual. E eu acho que isto é a vida. Nós vamos evoluindo, vamo-nos transformando e adaptando, mas no final do dia a nossa essência segue connosco. E é isso que representa a máscara cor-de-rosa e a máscara azul. É uma luta onde sou eu contra mim próprio e no final vou vencer.
Sendo este um projecto claramente muito bem estruturado e pensado, certamente muito planeado por vocês, quais é que dirias que são os grandes objectivos do BUH BUH? Ou seja, em termos artísticos, mas não só, quais é que dirias que são as tuas ambições?
São vários, complementam-se, mas encaram realidades diferentes. Acho que o objectivo principal do projecto diz mais a nós próprios, neste caso a mim e ao Manel, ou seja, à equipa BUH BUH, do que ao mundo. Isto não se trata de provar nada a ninguém mais do que a nós mesmos e isso acaba por ser a base de tudo, porque eu e o Manuel somos assim na nossa vida, sempre fomos e acredito que vamos ser sempre. Não se trata de provar nada a ninguém mais do que a nós mesmos. Portanto, quero sentir que efectivamente isto cria algo nas pessoas que não apenas, “olha, a máscara é brilhante” ou “uau, que máscara diferente”. Não… A máscara, sem dúvida, é para chamar a atenção, mas as pessoas têm que ficar pelo que é dito e ia-me dar muito prazer sentir que o efeito que queríamos gerar nas pessoas estivesse a acontecer, que as pessoas se estivessem a sentir mais motivadas, auto-empoderadas, mais confiantes, com maior capacidade de resiliência e que, em termos concretos, ajudássemos as pessoas a passar pelas fases negativas e a transformar essas fases negativas no combustível para fazer coisas positivas.
Por ser o motivo que vos levou, nas vossas próprias vidas, a desenvolver este projecto artístico.
Exacto, porque caminhar sem objectivo é só caminhar. Quando existe um objectivo, já não é uma caminhada. Já se trata de estarmos a seguir o nosso destino, porque já existe um ponto de referência. Este é o nosso ponto de referência. Logicamente que queremos muitas outras coisas. Queremos ser headliners nos maiores festivais de Norte a Sul, nas semanas académicas. Queremos estar no top musical português em breve. Mas tudo isso são questões mais da fisicalidade. O foco do BUH BUH está nas questões da espiritualidade, em ajudar as pessoas a elevarem-se em termos de consciência e espírito. Em segundo lugar, e por arrasto da primeira, que isso nos possa trazer um grande sucesso, que nos possa trazer os palcos, o reconhecimento, que nos possa trazer os números, o dinheiro, as visualizações. Será tudo muito bem-vindo e certamente que será usado para ajudar, uma vez mais, a cumprir aquela que é a nossa base principal, que é esta missão de vida.
Quem é que dirias que são as tuas referências musicais? Ou seja, o que é que sentes que inspira mais o projeto BUH BUH, musicalmente?
Bom, seria injusto se eu não dissesse o nome Da Weasel como uma grande referência, porque sinto que os Da Weasel vieram mudar muita coisa. A grandeza dos Da Weasel era uma grandeza que ainda não tinha sido enxergada, nem havia possibilidades, porque foram um dos primeiros grandes grupos em Portugal a ter tanto sucesso, e logo isso colocou-os num patamar que até então não era conhecido. Não é tanto pelas músicas, e não é que não goste, mas se é para escolher uma referência, talvez tenha que ser essa, porque o efeito que nós queremos criar com o BUH BUH hoje, embora numa escala e num tempo diferentes, acaba por se assemelhar bastante àquilo que os Da Weasel foram para o nosso país. Posso-te dar este exemplo como poderia usar muitos outros. Há muitos colegas de trabalho que eu ouço todos os dias, alguns portugueses, outros estrangeiros, todos eles, de uma forma ou de outra, acabam por me motivar, e eu espero um dia poder ter esse mesmo efeito noutras pessoas.
Embora seja algo que venha com o tempo, neste último ano e meio já deves ter sentido algum reconhecimento e impacto.
Sim, se o projecto por algum motivo tivesse que acabar agora, eu diria que era missão cumprida. Pelo menos em termos do feedback que temos recebido, que é em grande quantidade. É muito love, às vezes não tem bem como explicar, mas é uma grande força para continuarmos, é uma grande força para, lá está, termos os números, os palcos e tudo o resto, para levar isto a um sítio ainda maior. As pessoas estão a abraçar o projecto, compreendem todas estas questões, umas melhores do que outras, e sentimos que a cada dia que passa estamos a ser mais e mais abraçados. É um grande orgulho.
E sobre o ÉTER, o disco será lançado na íntegra este ano, ou preferes não te comprometer com isso neste momento?
Não me querendo comprometer, mas acaba por ser quase inevitável ter que o fazer, porque o terceiro projecto já está a começar a ser feito e é para dar seguimento, como fizemos do primeiro para o segundo, portanto, sim, é mais do que provável, praticamente certo, que até ao final do ano de 2025 todas as músicas do projeto ÉTER tenham sido lançadas.