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Fotografia: Francisco "Queragura" Gomes
Publicado a: 26/09/2024

Uma voz que ninguém pode calar.

BR!XX: “Não gosto de ignorar o elefante na sala, isso irrita-me”

Fotografia: Francisco "Queragura" Gomes
Publicado a: 26/09/2024

O underground do hip-hop português está em constante mutação e nos últimos tempos eis que uma brisa, que mais pareceu um pequeno furacão, fez abanar os alicerces desta estrutura imaterial. De forma bem compacta, é assim que podemos descrever a obra da artista que até aqui conhecíamos como BR!SA (já lá vamos), jovem rapper que tem vindo a demonstrar lampejos de um talento imenso que vai mais além que meramente o quadrante do hip hop. A jovem artista surgiu há pouco mais de 3 anos na irreverente Mixtape De Rajada de DJ Algore, na altura uma desconhecida para os amantes de hip hop, numa faixa com um estilo bem vincado e refrescante. A identidade suja e agressiva ficou no ouvido e desde aí tem-se revelado como um dos talentos brutos mais interessantes da nossa praça.

A jovem artista tem vindo a trilhar o seu caminho nos últimos anos e surgiu em Maio com o primeiro capítulo do seu catálogo, o EP É FDD., um esforço coletivo com vários artistas que ajudaram a compor estas 9 faixas recheadas de palavras ardentes e de um grande sentimento.

Mas 2024 tornou-se um ano agridoce para a artista agora conhecida como BR!XX. Depois de pisar grandes palcos como os do NOS Alive e do MEO Kalorama para apresentar o primeiro projeto, eis que surge um episódio verdadeiramente caricato para si e para o cenário musical do país: um processo judicial de outra artista com o mesmo nome — embora apenas em termos fonéticos — obrigou a artista a abandonar o nome BR!SA, já que a coexistência não foi opção face à intransigência da outra parte neste caso bem invulgar no mundo artístico português. Aplicando a teoria do “copo meio cheio, copo meio vazio”, há sempre algo de mau ou bom a retirar das nossas vivências e é exatamente a segunda opção que paira na cabeça da jovem artista, que agora perde as amarras inerentes ao antigo nome e vai explorar este episódio para abrir um novo caminho para si. É certo e sabido que tudo o que faça será sempre uma brisa para a música lusa, tal e qual como tem sido até aqui.

Com esta novidade algo amarga e um concerto duplo à porta, o Rimas e Batidas aproveitou para falar com a artista, temporariamente conhecida como BR!XX, sobre o formato pouco convencional que vai levar a palco já este fim-de-semana, onde vai aproveitar as performances na Casa Independente (Lisboa, 27 de Setembro) e Ferro Bar (Porto, 28 de Setembro) para apresentar o seu novo alter ego para este projeto musical. À margem de um dos ensaios de preparação para estes espetáculos, tivemos a oportunidade de trocar umas palavras com BR!XX e um dos seus mentores, DJ Algore, que a acompanha ao vivo atrás dos decks.



Antes de mais, quais foram os passos iniciais na tua carreira enquanto artista, enquanto rapper, porque és mais que isso no mundo artístico.

[BR!XX] Eu já tinha algumas coisas escritas em formato de música e fui às Caldas da Rainha ter com o familiar de uma amiga minha e decidi lá fazer o meu primeiro som — ele era músico, foi assim a minha primeira interação com o mundo musical. Esse som só está no SoundCloud, chama-se “Aguarela. Entretanto, tive um feat com uma rapariga que também faz rap, a D’VALE. Depois conheci o Max/DJ Algore e ele convidou-me para a Mixtape De Rajada, e pronto, começou aí mais a sério a jornada. 

E o rap já fazia parte das tuas playlists, já estavas inserida na cultura?

[BR!XX] Muito pouco. Por exemplo, da primeira vez que conheci o Max, estávamos em estúdio e eu mostrei-lhe o beat que ia usar e a reação dele foi “uau, Wu-Tang Clan“. E eu: “Quem são esses?” [risos]. Não sabia quem eram…

Tem que se começar por algum lado!

[DJ Algore] Ya, ela estava a escrever bué e nem sabia quem eram os Wu-Tang, é do tipo…

[BR!XX] Sim, eu ouvia algumas coisas portuguesas, como Valete, Uno, Allen Halloween e Slow J, era mais por aí.

Então depois dessa participação na Mixtape De Rajada começam a surgir os primeiros passos deste teu EP de estreia, como a faixa “Vou e Volto”. 

[BR!XX] Ya, foi a partir de ter conhecido o Max que comecei a levar isto mais a sério. Antes, lancei uns sons para experimentar e tal, pouco mais. 

Então o Max tem um papel importante na tua carreira, certo?

[DJ Algore] Acima de tudo foi incentivar. Eu e o Uno tivemos bastante esse papel de incentivar. Ele enquanto mais um role model e eu mesmo mais a direcioná-la, para não perder o foco, é só isso, não é muito mais.

Olhando mais para este novo projeto, acaba por ser um trabalho que começa a ser feito há 2 anos. Nessa altura já contavas lançar um EP?

[BR!XX] Sim, já planeava, mas era tudo um bocado utópico, não é? Não sabia como o fazer, foi o Max que me sugeriu fazermos mesmo um disco. Ainda passámos aqui muito tempo em estúdio. 

[DJ Algore] Foi mais demorado do que nós queríamos, mas foi o tempo que era preciso. Tivemos aí uns meses a gravar, depois a parte de mix/master demorou bué tempo, regravámos várias vezes várias coisas até chegarmos aos resultados que queríamos. Depois, no verão, como ambos estamos sempre mais ocupados, o trabalho ficou mais parado, portanto também tivemos quase um ano e meio para fazer o EP.

[BR!XX] Sim, foi isso. Acho que também é bom não trabalhar sob pressão. Claro que a pressão está sempre lá, mas é bom evitá-la. É uma coisa que o Max sempre disse, para cagar nos outros — se estiverem à espera, eles que esperem, estamos a fazer a nossa cena. Foi um trabalho que foi saindo de forma natural.

Sempre pensaram num EP, ou cogitaram o formato de álbum?

[BR!XX] Era mesmo um EP, começar pequeno. Não estávamos à espera que o conceito fosse assim tão sólido, fomos só fazendo e de repente ficou algo bastante consolidado e coeso, quase como um álbum.

Há pouco dizias-me que o hip hop é algo relativamente recente na tua vida. Consideras que essa falta de profundidade da tua parte na cultura até possa ser positiva neste primeiro projeto, porque acabas por não ter alguns tiques/maneirismos musicais que surgem por influência dos teus pares? 

[BR!XX] Ya, ya, é verdade. Desde o início que não tenho grandes influências, só o Uno claramente, mas fora isso, pouca coisa.

[DJ Algore] Até a escrita é diferente, não estás a pensar encaixar numa métrica que já ouviste em algum lado. Isso é uma cena bacana, sinceramente. Grande parte dos artistas quando estão a trabalhar em algo não ouvem o estilo dos outros — não queres influências externas, queres a tua cena pura.

[BR!XX] Sim, mas agora já me estou a obrigar a pesquisar e ouvir mais. Também acho que não podemos fugir assim tanto… [risos]

Toco nisto porque a tua arte acaba por ser influenciada por outros ramos artísticos, como o teatro, ao qual estás ligada.

[BR!XX] Sim, ao circo e ao teatro. Por exemplo, este EP está a ter um formato mais teatral, nos concertos de apresentação vai-se sentir bastante isso. Vai ser um formato bem mais performático, quero muito juntar essas duas vertentes. Acho que neste EP está a resultar bem, a base está bastante assente para isso acontecer.

Sente-se bastante essa parte mais performativa nos teus videoclipes. Vais trazer isso para o palco?

[BR!XX] Sim, com certeza, sem dúvida, já está tudo feito! Acho que é melhor não dizer muita coisa, foi um processo bué divertido idealizar isto, a malta tem que aparecer para experienciar à séria o formato que preparei. Vou unir as minhas várias vertentes no palco, vai ser mais que aquele clássico formato de concerto de rap, para mim não é muito fixe assim. 

Acho curioso o acapella “É FODIDO.“, destoa bastante do resto do álbum. A vertente do spoken word interessa-te?

[BR!XX] Sim, adoro. No teatro sempre gostei de fazer monólogos, portanto acho que é uma cena que quero bué retirar de lá e usar na música. A letra desse som vem de um feature meu e decidi usá-lo mesmo num acapella, acho que a estrofe era muito boa mesmo para não ser usada desta maneira. A faixa original onde usei este verso chama-se “€ do tempo~” [lê-se “Preço do Tempo”], com a D’VALE.

A produção deste disco também está muito interessante. Há instrumentais de grande quilate aqui, produções que encaixam na perfeição. Como foi esta parte do disco?

[BR!XX] Tentei “resgatar” instrumentais de alguma malta, o Uno ofereceu-me vários e o resto da malta fui conhecendo. Foi algo bastante orgânica e natural. Na faixa “Nós”, a produção é do RCLME, ele até vai lançar um EP com o Catalão que vai revolucionar aí a cena. O próprio Catalão também produziu o “Vou e Volto”. Depois tens o VSO no “Aguenta”, o Chek1 de Enigmacru na intro, o Uno na “Perdoar” e na “Anonimato”, e também o Ricardo Paião na “Eterno São Questões”. 

Há discos físicos, certo?

[BR!XX] Sim, sim. Vamos vender nestes concertos de dia 27 e 28, portanto quem quiser uma cópia, tem lá essa oportunidade. 

O nome deste trabalho é como o teu rap, bastante frontal e sem espinhas. É assim que gostas de te definir?

[BR!XX] Sim, sou uma pessoa bastante fogosa. Tento canalizar a minha raiva no meu rap.

E essa raiva, vem de onde?

[BR!XX] Vem da vida em si. Desde pequena que me dizem que sou uma pessoa bastante bairrista, e atenção, eu não nasci num bairro, ok? Isso é um preconceito, um julgamento, mas sempre me disseram que era uma pessoa bem conflituosa. Eu não me considero assim tanto, mas quando me sinto ofendida sou bastante reativa, tenho bué questões humanas para resolver também. Não gosto de ignorar o elefante na sala, isso irrita-me, quem finge que não está nada a acontecer. 

E no teu rap, queres continuar a ser cada mais intervencionista? Já tens isso, mas sempre de forma mais vaga/subjetiva.

[BR!XX] Acho que não me quero tornar numa rapper mais política ou de intervenção. Gosto do simbolismo disso, da poesia, eu vim daí. No meu 5/6º ano, a minha mãe apresentou-me à obra da Florbela Espanca e, por consequência, comecei a trazer os seus poemas para os concursos de leitura. A poesia para mim é bastante familiar. Gosto dessa fragilidade não tão assumida, não tão direta — consigo sê-lo, mas fujo um bocadinho, mais com algumas metáforas. O que acontece muito no rap, não é que eu seja expert nisso, mas as pessoas fogem demasiado, há malta a analisar bué as letras e tal, mas às vezes não dizem nada. Tenho um bocado medo disso.

Acho que nos últimos anos temos observado um bocado isso, letras bastante ocas e desprovidas de uma mensagem — tudo bem com isso também. Há alguns artistas que é mais a energia/vibe que te transmitem do que propriamente uma mensagem. 

[DJ Algore] Acho que custa mais às pessoas encaixar a cena da BR!XX exatamente por isso, a música dela não é um feel good moment, é o contrário. É música que toca em assuntos complicados, são flows muito diretos, é uma agressividade que às vezes pode não te apetecer ouvir… A arte faz-te sentir cenas, podem ou não ser positivas. Claro que o que mais vende é o que te faz sentir bem, não é? Mas tem tudo um valor igual.

[BR!XX] Ninguém diz que no futuro não possa fazer cenas com uma energia mais positiva, mas tenho de admitir que é  uma coisa bué difícil de fazer, para mim. Escrever coisas boas, para mim é complicado, eu só vivo essas coisas boas. Acho que vejo a escrita de forma diferente do que essas pessoas que escrevem coisas boas, mas ya, quem sabe um dia. 

Então, para ti, a música tem que conter lições, mensagens, lá está, não ignorar o elefante que está na sala muitas das vezes. 

[BR!XX] Sim. Quando estou irritada com algo prefiro escrever, até depois de falar com os meus amigos e assim, se sentir que isso não me satisfez, vou escrever, para ver se encontro alguma cena. 

Seria engraçado ouvir a BR!XX num registo mais mellow. Já existe?

[BR!XX] Acho que no meu primeiro som fui bastante calma, estava um bocadinho mais retraída também, não sabia muito bem como é que isto funcionava [risos]. Mas sim, não há grandes limites, temos falado de fazer cenas novas. Isto foi o primeiro impacto e agora podem-me ouvir num estilo mais chill ou num spoken word, não tenho grandes limitações. Creio que a mudança de nome até pode ser boa para isso, para deixar cair essa conotação do boom bap bastante associada a mim, é uma coisa boa que até advém de uma situação má.

Há outros estilos que te agradem? No teu registo mais agressivo, algo na onda do tipo Rage Against The Machine poderia ser interessante [risos].

[DJ Algore] Ui, isso era lindo.

[BR!XX] Sinceramente não sei, é algo a explorar, tenho que descobrir.

Quando pensas neste teu projeto musical, que palavras usas para o definir?

[BR!XX] Revolução. Acho que é isso.



Como tocaste anteriormente, estás a passar por uma fase conturbada da tua carreira, algo confusa e caricata, diria eu, porque basicamente o teu nome artístico anterior vai ter que ser alterado, certo?

[BR!XX] Sim, há uma pessoa que registou o meu nome artístico, mais ou menos na mesma altura em que começámos a fazer coisas com esse nome, e basicamente não vai ser possível coexistir com esse nome, porque essa pessoa não está interessada numa coexistência.

[DJ Algore] Acha que o sucesso depende do seu nome artístico e acho que isso está errado, o sucesso depende da qualidade da música. Estivemos vários meses à procura de soluções diferentes e chegámos à conclusão que o nome vai ter mesmo de ser alterado, para não ser confundível com o anterior. É algo triste e complicado para nós fazer esta mudança, mas mais vale agora do que daqui a uns anos com bastante obra cá fora, há que pensar a longo prazo.

Acredito que tudo isto deva estar a ser difícil para vocês.

[BR!XX] Sim, foi um choque porque não sabia bem o que fazer, não temos preparação legal para estas situações.

Não me lembro de uma situação semelhante em Portugal.

[DJ Algore] Nunca ouvi falar também. Conheço alguns artistas com nomes parecidos/iguais e nunca vi ninguém a processar ninguém, há coexistência, cada um faz a sua cena. Já passámos mal com isto, fizemos o “luto” e agora estamos a olhar para a frente.

Dentro da peculiaridade da situação, talvez seja uma oportunidade para vocês, não? Depois de te ouvir a “cuspir”, acho que o novo nome artístico devia ser Furacão.

[BR!XX] É o abrir de uma porta, uma nova etapa para o projeto. Andámos em brainstorming durante bué tempo, queríamos um nome impactante que vamos revelar no fim dos concertos que temos no dia 27 e 28, em Lisboa e no Porto, respetivamente. Novo nome, novos géneros, novos singles, mas a voz continua a ser inconfundível, está tudo lá. 

Voltando ao EP, realmente o nome encaixa, porque só falas sobre coisas… fodidas.

[BR!XX] Sim, a ideia de criar isto também é “fodida”. Basicamente estava numa fase em que me sentia sozinha neste mundo, bastante deslocada socialmente. Tinha quase aquela “mania da perseguição”, que as pessoas tinham sempre algo para me apontar, sentia-me um pouco injustiçada, porque achava que era só eu que estava a sofrer e a passar por certas coisas más. Mas na verdade, e a intro mostra isso, é que toda a gente sofre, toda a gente tem coisas para dizer e pensa assim. Resumindo, estamos todos na mesma cena. Para além disso, também há uma história engraçada por detrás do nome [risos]. Enquanto estávamos a ouvir os sons, havia bué vezes que eu dizia “é fodido”. Em todos os sons, escritos em alturas diferentes, havia sempre uma parte onde eu dizia isso. Tudo o que descrevo nos sons realmente é fodido, e acabava sempre por dizer essas coisas. 

Curiosamente, acho que o acapella é o som mais “duro”, que me deixa mais reflexivo.

[BR!XX] Sim, sinto que é o mais direto, não fujo muito. É um som que é uma crise existencial, tou aqui parada, vejo as pessoas a crescer, a ter objetivos, a ir embora… e estou aqui, meio perdida. 

Estas letras surgem todas neste últimos 2 anos?

[BR!XX] Foi nos últimos 2/3 anos, o acapella foi em 2020/2021, o “Vou e Volto” fui colecionando daqui e dali, mas resumidamente, foi ao longo destes anos, sim.

E olhando para o presente: nessas letras já com alguns anos sentias-te mais perdida, e agora?

[BR!XX] Agora levo-me um pouco mais a sério, penso no futuro e faço para que isso aconteça, antes vivia mais à procura da aceitação dos outros. 

Achei curiosa a intro, pela panóplia de vozes que tens por lá. São de quem?

[BR!XX] Enviei uma mensagem a várias pessoas que conheço, disse que procurava situações da vida delas que realmente fossem… fodidas, mas queria que elas mas contassem em áudio e sem usar a palavra “fodido”, foi essa a ideia. Basicamente queria que fossem situações que tu ouvisses e dissesses “é fodido”, mas ninguém podia dizer essa palavra, só queria o relato dessas histórias, da vida real delas, do seu quotidiano. No final da intro, se reparares, há ali um crescendo de vozes, bué histórias ao mesmo tempo, vai subindo de intensidade, e depois há um silêncio, e ouves-me a dizer “é fodido”, que é um resumo de tudo o que ouviste. Este EP é bué especial, pela primeira vez consegui materializar ideias, de forma física. Consegui fazer algo do início ao fim, com a ajuda do Max e de outra malta, mas ya, consegui. Nunca me tinha acontecido. 

Com tanto tempo investido neste projeto, certamente devem existir algumas peripécias interessantes. 

[DJ Algore] Temos várias materializadas no documentário que lançámos, por acaso acho que ficou muito bem conseguido, foi o Óssio que fez. Apanha vários momentos de estúdio pessoais nossos, vês o Uno, vês a BR!XX a escrever, a rimar, a explicar as coisas, e tem alguns momentos bastante engraçados. Quando o exibimos na festa de lançamento do EP foi só rir. 

A contrastar com o conceito do EP.

[DJ Algore] Ya, ya. É uma cena dura mas também há espaço para rir, foi algo criativo, não foi um projeto pesado de fazer, apesar de estar mais para esse lado. Falando em episódios, a photoshoot do disco foi engraçada, metemos a Marta [aka BR!XX] dentro de um caixote do lixo [risos]. Estivemos lá dentro a fazer uma sessão com o Queragura, quase nada saiu cá para fora dessa sessão, mas foi quase um dia inteiro naquilo, a rebolar em lixo, foi uma grande festa [risos]. 

A parte visual é um lado fortíssimo teu, tens fotos bastante artísticas, vê-se que é algo que desfrutas também. O próprio cartaz destes concertos de apresentação tem fotos tuas bastante icónicas. 

[BR!XX] Sim, essas fotos são comigo envolvida em correntes, que é basicamente algo que surge por eu me sentir um pouco oprimida, esta situação da mudança de nome está-me a reduzir, é complicado. 

[DJ Algore] Olhando mais ao disco, a parte visual é muito trabalho do Queragura, temos que agradecer a ele. Os videoclipes foram feitos pelo Zé Fonseca, a quem também temos de agradecer. Mas na parte da identidade visual, é tudo trabalho do mestre Queragura.

[BR!XX] Ya, por acaso quando estávamos a trabalhar nisso ele disse algo que é muito verdade, disse que, como é o meu primeiro EP, tinha de ser algo bastante íntimo, tinha que estar lá eu, tinha que soar a casa. Felizmente conseguimos fazê-lo, muito graças a ele. 

Também no capítulo visual do disco, a capa acaba por ser meio enigmática, é interessante porque olho para ela e fico a tentar interpretar. 

[BR!XX] Pois, tive uma conversa com o João Pestana sobre isso e fazia todo o sentido a cena da perna, a tentar entrar num sítio. Estás a chegar a algum lado, agora é a tua vez de dares a tua opinião, agora têm-me de ouvir. Mesmo que a negatividade soe um pouco mal, ouçam-me, é mesmo para marcar uma posição. É a minha entrada neste mundo musical. A ideia inicial para a capa era eu estar sentada em cima do caixote do lixo e a segurar num balão, com a ideia de eu estar isolada do mundo, mas ao mesmo tempo lá. Nós fizemos isso, essa fotografia existe mesmo como imaginámos, mas depois vimos esta e achámos uma foto icónica e tivemos de a usar. 

Acaba por ser mais abstrata esta capa, deixa a malta pensativa, incluindo eu.

[DJ Algore] Ya, nós planeámos uma coisa mais concreta, mas surgiu uma cena abstrata muito fixe e resolvemos usar, quisemos aproveitar. Mas um dia temos que soltar cá para fora essas fotos que iam ser para a capa.

A parte visual é primordial para a tua arte, certo?

[BR!XX] Sim, adoro. Já disse ao Max que os próximos sons soltos que saírem têm todos de ter videoclipes com participação minha na parte criativa. Adoro essa parte mais do cinema, da imagem. Percebo os artistas que dizem que a música é para ser ouvida e não vista, mas o visual dá um acrescento mesmo, mesmo bom. É arte na mesma, isto não é um anúncio publicitário, acaba por ser cinema.

Já que tocaste no futuro: após os próximos dois concertos há uma nova fase na tua carreira. A partir daqui, vamos ter um furacão para a tuga?

[BR!XX] O caminho está a ir, não sei bem, mais histórias, mais vida, não está muito solidificada essa parte. Há muitas pontas soltas, agora é escrever. Certamente vamos inovar, vão surgir coisas novas. Quero sair um pouco da estrutura de carreira “normal”, quero focar-me em ser mais uma artista do que uma rapper, especializar-me nisso.

Esse novo capítulo começa já este fim-de-semana, com concertos no dia 27 e 28 de Setembro, em Lisboa e Porto, respetivamente. Fala-me destas duas noites.

[BR!XX] Sim, dia 27, sexta-feira, atuamos na Casa Independente em Lisboa, na zona do Intendente. Temos concertos também de D’VALE, MALAPOSTA que tem novo trabalho, é um projeto do Uno, Valada, Mano Peste e NuskillsBeatz; também há concertos do Bambino e a fechar a noite temos o DJ Ketzal. No dia a seguir, no Porto, estamos no Ferro Bar a apresentar este É FDD. com a Alice, a Bruma e aqui com o DJ Algore. Depois, no dia 30, temos uma novidade! Vamos abrir o concerto do Criolo no Musicbox aqui em Lisboa. Tá tudo dito, agora vamos ensaiar!


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