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Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 14/10/2019

Nel'Assassin, DJ Spot e Rui Miguel Abreu deram vida ao evento que aconteceu em Santa Apolónia.

Break Ya Neck no Ferroviário: o hip hop underground saiu da cave

Fotografia: Sebastião Santana
Publicado a: 14/10/2019
A história foi contada na primeira pessoa ao Rimas e Batidas. O pioneiro DJ Nel’Assassin, um dos pilares da cultura hip hop e figura de destaque na cena DJing nacional, é o rosto de uma nova iniciativa que visa oferecer às noites de Lisboa um evento que abrange as sonoridades que, por norma, ficam confinadas a um espaço extremamente limitado. Longe vão os tempos em que o Sweet era um oásis que, durante a semana, acolhia os amantes da cultura urbana enraizada em Nova Iorque, embora a oferta musical nunca fosse para além dos hits que galgavam espaço nas playlists das rádios e conseguiam ombrear com os hinos da pop. O espaço temporal em que nos encontramos já oferece mais alternativas mas o conceito teima em não mudar: os sons mais tradicionais ou provenientes do underground, marginalizados, apenas têm direito a destaque em eventos pontuais ou, na pior das hipóteses, ficam reservados para as festas caseiras daqueles que não se deixam levar ao sabor da corrente. Foi este o motivo que nos fez sair de casa numa noite de sábado e apoiar o primeiro passo da Break Ya Neck no mundo real, um par de meses após o seu aparecimento no Instagram. No piso coberto do Ferroviário há sneakers pendurados em cordas e uma projecção em loop que dá ênfase à marca criada por Nel’Assassin, com Rui Miguel Abreu, director do Rimas e Batidas, a assumir-se o primeiro maquinista numa viagem que se estendia das 22h às 3h da manhã seguinte. Na sala contavam-se pouco mais do que uma dezena de cabeças, com o terraço do clube a levar até si todo o protagonismo — afinal de contas ainda era cedo e as temperaturas exteriores convidam para aproveitar uma das possíveis últimas noites ao ar livre na capital portuguesa. DJ Spot foi o segundo a entrar em cena e o único representante do Porto no cartaz, zona que sempre acompanhou a evolução do hip hop em território nacional ao mesmo ritmo que Lisboa. À boleia de clássicos como Pete Rock & CL Smooth ou Sean Price, a prestação do homem que acompanha Keso — um dos presentes entre o público — na estrada foi sendo intervalada com intervenções de skill nos pratos e na mesa de mistura. Longe da lotação desejada para um evento destes contornos, em que o calor humano desempenha sempre um papel importante na elevação da vibe, o momento de maior afluência à sala ocorreu quando o “dinossauro” Nel’Assassin subiu ao palco com a sua colecção de discos. Passem os anos que passarem, Nelson Duarte continua a ser um dos maiores party starters do nosso país no que a festas de hip hop diz respeito, irrepreensível na escolha dos temas e na forma como os adorna com ritmos improvisados do arranhar da agulha no vinil. Na plateia há outros DJs a apreciar o homem que terá sido uma das sua principais referências nessa arte, MCs como Estraca ou TOM a dar o seu sinal de aprovação ao conceito da Break Ya Neck e b-boys a formar uma roda de breakdance, recuperando o espírito de uma verdadeira festa de hip hop, daquelas que raramente assistimos em Portugal.

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