Os mais atentos deram conta da presença de um nome português por entre o grande lote de estrelas que surgem por entre os nomeados para a próxima cerimónia dos Grammys: Bráulio Amado, artista visual mas também músico, concorre à estatueta para a recém-criada categoria “Best Recording Package”, pelo trabalho de design que desenvolveu para Balloonerism, o segundo álbum póstumo do rapper Mac Miller.
A viver em Nova Iorque, Bráulio Amado tem feito carreira como ilustrador e designer gráfico, assinando flyers de eventos, peças para jornais e revistas, ou, claro, capas para discos. Neste capítulo de dar forma visual ao que comunicam os sons, leva já um considerável currículo que vai desde a colaboração com bandas do circuito alternativo a alguns dos rostos mais famosos da indústria musical. Foi ele quem desenhou a cover para a versão em vinil do primeiro álbum a solo de André 3000 (conforme aqui demos conta no final de 2023), mas a sua lista de clientes vai desde os PAPAYA (banda na qual actua como baixista e vocalista) até Moullinex, Frank Ocean, Róisín Murphy, Rex Orange County, Benny Sings, A$AP Mob ou Beck.
Contactado pelo Rimas e Batidas, o artista visual partilhou como se sentiu ao receber a grande notícia da sua nomeação para a corrida aos Grammys, cuja gala decorrerá em Fevereiro do próximo ano em Los Angeles.
“Recebi a notícia como toda a gente — ao ver na Internet [risos]. Nem o irmão do Mac Miller sabia antecipadamente, soubemos todos ao mesmo tempo. Ainda é tudo muito surreal. Fico feliz que tenha sido este projecto a ser reconhecido porque trabalhámos bastante nele para fazermos um tributo bonito e sentido ao Mac. Pessoalmente… Desde os 16 anos que faço capas para bandas. Tem sido sempre por amor à camisola, e pelo meu amor à música e todo o mundo visual que faz parte dela. Nunca pensei que aos 38 anos estaria ainda a fazer capas, muito menos ser nomeado para um Grammy, mas sabe bem saber que quando se faz algo por gosto e amor, podem acontecer coisas destas. Fico contente mesmo que não ganhe. Só espero que as bandas mais indie e punk para as quais eu faço bastantes trabalhos me continuem a pedir capas.”